A economia \u00e9 baseada no mundo natural, e n\u00e3o sobrevive sem ele', diz ambientalista indiano
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 12h25)"A economia é baseada no mundo natural e, portanto, se n?o houver água, solo, madeira, animais, de o
A economia \u00e9 baseada no mundo natural, e n\u00e3o sobrevive sem ele', diz ambientalista indiano
"A economia é baseada no mundo natural e, portanto, se n?o houver água, solo, madeira, animais, de onde virá a economia?", questiona o ambientalista e pacifista indiano Satish Kumar, 87, fundador do Schumacher College, uma renomada faculdade de sustentabilidade com sede no Reino Unido."A economia é um meio para um fim, e o fim é o bem-estar humano e o bem-estar planetário. Mas n?o temos isso", diz o educador, para quem a economia praticada no mundo atual se distanciou tanto de seu sentido original (eco, do grego "oikos", é lar ou local de morada, e "oikonomia" é sua administra??o) que deveria se chamar "dinheironomia".Crítico dos meios de produ??o em massa, Satish nomeou sua escola em homenagem ao amigo e economista britanico, nascido na Alemanha, E.F. Schumacher (1911-1977), autor do livro "Small is Beautiful" e para quem a economia é uma subárea da ecologia. As ideias de Schumacher inspiraram movimentos como o "fair trade" (compra justa, em inglês) e "buy local", de incentivo à compra de produtos locais. Depois de receber mais de 500 brasileiros no campus do sudoeste da Inglaterra, em 2014 uma unidade da Schumacher College foi aberta no Brasil.Satish diz que a humanidade hoje vive uma fantasiosa separa??o entre ser humano e natureza. Para ele, a incompreens?o dessa interdependência está na raiz da atual crise climática.
O ambientalista e pacifista indiano Satish Kumar no campus da Schumacher College, centro de estudos de sustentabilidade que fundou no sudoeste da Inglaterra em 1991, em cena do documentário 'Teaching Nature' - Divulga??o "O homem escravizou a natureza, como se ela n?o tivesse vida e pudesse ser explorada infinitamente", diz. "Enxergamos a natureza como algo separado de nós, algo inferior. Só que nós também somos natureza."O ambientalista, que se tornou monge jainista aos nove anos, defende a redu??o do crescimento econ?mico, da produ??o e do consumo excessivos. Prop?e o que chama de "simplicidade elegante", um modo de vida de baixo impacto, com foco no "ser" e n?o no "ter", que dá título a um de seus poucos livros lan?ados no Brasil pela editora Palas Athena.No auge da Guerra Fria, Satish iniciou uma marcha pela paz, inspirada nas ideias de Mahatma Gandhi. Partiu da índia, sem dinheiro, e atravessou 13 mil quil?metros e três continentes a pé e de barco ao longo de dois anos e meio para encontrar líderes das potências nucleares da época em Moscou, Paris, Londres e Washington.Sua filosofia é objeto do documentário "Teaching Nature", de Lucas Barragan, que estreia agora no Brasil na plataforma Aquarius, a mesma que lan?ará em abril o filme "Amor Radical", do brasileiro Julio Hey, sobre a jornada de vida do ativista indiano. Satish vem em 2024 ao Brasil para o lan?amento e uma série de conferências e encontros.Satish avalia que o Brasil deve priorizar o combate à fome e a prote??o de seus biomas e povos indígenas. "O Brasil n?o deve destruir suas florestas para exportar alimentos para a China."Leia, a seguir, trechos da entrevista concedida à Folha.Sua escola homenageia um economista que considerava a economia como subárea da ecologia. Por quê?Porque a economia, sem a natureza, n?o é economia, e n?o pode sobreviver. Schumacher disse que a economia é um meio para um fim, e o fim é o bem-estar humano e o bem-estar planetário, mantendo a natureza íntegra, sem polui??o, sem desperdício, sem emiss?es excessivas de carbono. Schumacher disse que a economia está a servi?o das pessoas e do planeta, n?o as pessoas e o planeta a servi?o da economia.O sr. defende uma educa??o integral e prática. Como esse modelo serve aos desafios do mundo contemporaneo? Nossa educa??o convencional, criada durante a Revolu??o Industrial, está obsoleta. Ela pensa que os jovens n?o têm corpo nem cora??o nem m?os nem pernas, e só ensina a cabe?a, e apenas metade dela. Todos temos dois hemisférios do cérebro. O esquerdo é o hemisfério racional. O direito é o hemisfério da imagina??o, da arte, do relacionamento, da compaix?o. Nossa educa??o tem gastado bilh?es apenas educando a metade esquerda do cérebro. Isso é trágico.A educa??o n?o deve ser apenas para empregos, deve ser para a vida. A maioria dos empregos é muito destrutiva. Eles poluem, desperdi?am e só enxergam a natureza como recurso para a economia. Ent?o, precisamos de uma revolu??o na educa??o para torná-la centrada na natureza, na vida e na Terra. O livro da natureza é o maior livro que temos, e as crian?as têm que experimentar isso: n?o pode vir dos livros nem da internet, mas da experiência.Emergências climáticas têm se intensificado, gra?as, segundo o sr., a uma guerra dos humanos contra a natureza. O que é essa guerra? A guerra com a natureza é tratá-la como se ela n?o tivesse vida e pudesse ser explorada infinitamente. Escravizamos a natureza, a vemos como algo separado de nós, algo inferior. Só que nós também somos natureza.
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