Sexo eco-friendly? Como tornar sua vida sexual mais sustentável
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 19h51)1 de 5 Você já ouviu falar no 'sexo eco-friendly'? A gente explica — Foto: PexelsA preoc
Sexo eco-friendly? Como tornar sua vida sexual mais sustentável
1 de 5 Você já ouviu falar no 'sexo eco-friendly'?bet365 brasil twitter A gente explica — Foto: Pexels
A preocupa??o com o meio ambiente está fazendo pessoas mudarem seus hábitos na hora de comer, comprar, viajar...
Para algumas delas, a busca pela sustentabilidade chegou também à intimidade na cama.
Nos últimos anos, vêm crescendo a oferta de produtos como preservativos veganos e métodos anticoncepcionais que n?o geram resíduos.
S?o iniciativas que fazem parte de uma nova tendência, o sexo eco-friendly, ou algo como "sexo ambientalmente correto".
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Entretanto, é preciso cuidado com produtos mais ecológicos, pois eles muitas vezes têm limita??es na compara??o com métodos comprovadamente muito eficientes na preven??o às Infec??es Sexualmente Transmissíveis (IST) e na contracep??o. Antes de tomar qualquer decis?o sobre sua saúde sexual, é aconselhável que você converse com algum médico ou profissional da área.
O que é?
"O termo sexo eco-friendly n?o tem uma defini??o universal", explica Adenike Akinsemolu, cientista da Nigéria especializada em sustentabilidade. "Mas existem várias abordagens."
"Para alguns, ser ecologicamente correto no sexo significa escolher lubrificantes, brinquedos, len?óis e preservativos que gerem menos impacto no planeta; para outros, significa reduzir práticas nocivas na produ??o da pornografia, aos trabalhadores e ao meio ambiente".
"Todos esses exemplos s?o válidos e importantes."
2 de 5 'Todos esses exemplos s?o válidos e importantes', diz Adenike Akinsemolu sobre iniciativas diversas para diminuir a 'pegada ambiental' das atividades sexuais — Foto: Divulga??o/via BBC
A maioria dos preservativos é feita de látex sintético e usa aditivos e produtos químicos que impedem a biodegrada??o. Por isso, as camisinhas n?o podem ser recicladas.
O Fundo de Popula??o das Na??es Unidas estima que cerca de 10 bilh?es de preservativos masculinos de látex s?o fabricados a cada ano, e a maioria é descartada em aterros sanitários.
Preservativos de pele de cordeiro, usados desde a Roma Antiga, s?o a única op??o totalmente biodegradável de que se tem notícia. Porém, por serem feitos do intestino de uma ovelha, eles n?o conseguem prevenir as infec??es sexualmente transmissíveis devido à porosidade do material.
Por sua vez, muitos lubrificantes convencionais têm uma base de petróleo — logo, contêm combustíveis fósseis. Isso levou a um aumento de alternativas à base de água ou organicos.
A médica Tessa Commers, conhecida como @AskDoctorT no TikTok, tem mais de um milh?o de seguidores em seus vídeos sobre saúde sexual voltados para o público mais jovem. Seu vídeo mais assistido, com quase 8 milh?es de visualiza??es, é uma receita de lubrificante caseiro feito de amido de milho e água.
Os brinquedos sexuais também est?o sendo repaginados — os convencionais dependem muito do uso do plástico. A?o e vidro s?o algumas alternativas.
3 de 5 Os brinquedos sexuais também est?o sendo repaginados — os convencionais dependem muito do uso do plástico. A?o e vidro s?o algumas alternativas. — Foto: Pexels
Comprar itens recarregáveis também ajuda a reduzir o desperdício e já existem até brinquedinhos sexuais movidos a energia solar no mercado.
A empresa britanica LoveHoney, por sua vez, auxilia no recolhimento de brinquedos sexuais velhos e quebrados que normalmente n?o podem ser descartados e reaproveitados nas rotas normais de reciclagem.
Onde mais o desperdício pode ser reduzido?
Há ainda partes menos óbvias de nossa vida sexual em que podemos reduzir o impacto ambiental.
Comprar lingerie com fabrica??o ética, evitar fazer sexo durante o banho e manter as luzes apagadas s?o formas de minimizar nosso impacto no planeta.
E, como na maioria das coisas que compramos, as embalagens destes produtos se tornam lixo.
Lauren Singer, uma empreendedora e influenciadora "lixo zero" de Nova York diz que é neste ponto que a maioria das empresas pode fazer a diferen?a.
Preservativos, lubrificantes e pílulas anticoncepcionais costumam gerar resíduos de embalagens que v?o para aterros sanitários. No caso dos métodos anticoncepcionais, os DIUs s?o um tipo que mal gera resíduos, embora apresente seus próprios riscos.
Lauren vive quase sem gerar lixo. Desde 2012, ela junta tudo o que n?o foi capaz de reciclar em um pote.
"é apenas uma quest?o de tempo para que as empresas encontrem maneiras de serem mais sustentáveis nessa área (dos produtos relacionados à vida sexual)", diz a influenciadora.
O pote em que Lauren guarda os poucos itens que n?o conseguiu reciclar n?o tem camisinhas. Porém, uma vez que esse é o único anticoncepcional eficaz contra as ISTs, ela pede que todos seus parceiros sexuais fa?am testes para verificar que eles n?o carregam alguma infec??o.
"Hoje eu tenho um parceiro monogamico, mas se você n?o se sentir confortável pedindo a um parceiro que fa?a um teste (de IST) antes de ir para a cama, ent?o provavelmente você n?o deveria estar com ele."
"A coisa mais sustentável que podemos fazer é nos sentir abertos para falar da nossa saúde sexual."
4 de 5 Lauren Singer tem uma vida 'lixo zero' e guarda as poucas coisas que n?o consegue reciclar em um potinho — Foto: Lauren Singer/via BBC
As decis?es sobre sexo e contracep??o s?o individuais, e a seguran?a deve ser sempre uma prioridade.
"A primeira coisa que digo quando falo desse tema é que n?o há nada mais insustentável do que uma gravidez indesejada ou uma doen?a sexualmente transmissível", diz Lauren.
"Temos que considerar quais resíduos valem a pena produzir e quais n?o. As pessoas n?o deveriam deixar de usar preservativos ou anticoncepcionais por conta do desperdício que estes geram. é mais importante proteger você e seu parceiro."
A cientista Adenike Akinsemolu concorda.
"O sexo seguro, usando produtos ecológicos ou n?o, é o mais sustentável para as pessoas e para o planeta no longo prazo", diz Akinsemolu, acrescentando que mesmo assim devemos continuar buscando reduzir a gera??o de resíduos em nossa vida cotidiana.
Kate Hall, uma influenciadora e defensora do sexo sustentável de Auckland, Nova Zelandia, recomenda que as pessoas "evitem o desperdício, desde que isso fa?a bem para seu corpo e saúde."
Ela come?ou a escrever um blog sobre sexo sustentável em 2019, ficou um tempo ausente mas voltou a atualizá-lo depois de perceber o recente avan?o no desenvolvimento e venda de produtos sexuais ecologicamente corretos.
"Adoro falar disso, tudo mudou muito desde que comecei a escrever", diz Hall.
"Muitas pessoas no meu entorno s?o 100% livres de (produzir) resíduos e às vezes colocam os fatores ambientais à frente da sua saúde."
"Também há muitas pessoas que dizem que o desperdício de preservativos ao longo dos anos n?o é o mesmo que o desperdício produzido ao ter um filho… Acho que essas conversas s?o supertóxicas — você está debatendo a filosofia da existência humana e essa postura n?o ajuda os pais que já têm filhos."
O impacto climático de ter filhos
Um estudo de 2017 publicado na revista científica Environmental Research Letters quantificou as emiss?es de carbono economizadas ao evitar várias coisas.
Viver sem carros economiza 2,4 toneladas de CO2 equivalente (tCO2e) por ano; deixar de fazer uma viagem aérea transatlantica evita o gasto de 1,6 toneladas; e seguir uma dieta baseada em vegetais economiza 0,8 toneladas por ano.
N?o ter um filho em um país desenvolvido economiza 58,6 toneladas por ano. Em países menos desenvolvidos, a pegada de carbono é muito menor, como o gasto por uma crian?a em Malawi: n?o mais do que 0,1 toneladas.
Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudan?as Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU afirmou que estamos no "estágio vermelho para a humanidade" com o aumento das temperaturas, eventos climáticos extremos e aumento do nível do mar.
O IPCC também divulgou previs?es de como será o planeta para as gera??es futuras, o que deixou algumas pessoas desanimadas com a perspectiva de ter filhos.
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Personalidades também já revelaram publicamente suas ressalvas sobre esses planos, como o príncipe Harry que, em entrevista à revista Vogue em 2019, afirmou que ele e Meghan Markle teriam "no máximo" dois filhos — citando o meio ambiente como um fator chave nesta decis?o.
A parlamentar americana Alexandria Ocasio-Cortez também disse no evento C40 World Mayors 'Summit em 2019 que ela era "uma mulher cujos sonhos de maternidade agora tinham um sabor agridoce", por conta das perspectivas "sobre o futuro de nossos filhos".
As taxas de natalidade já est?o diminuindo em muitos países em todo o mundo, uma tendência de décadas que n?o pode ser atribuída apenas à preocupa??o com as mudan?as climáticas.
Um artigo publicado no periódico científico Lancet no ano passado previu que a popula??o humana atingirá um pico de 9,73 bilh?es em 2064, enquanto, no final do século, 23 países, incluindo Jap?o, Tailandia e Espanha, poder?o ver suas popula??es reduzidas pela metade.
A superpopula??o contribui para o aquecimento global, no entanto, menos pessoas, e sozinhas, n?o resolver?o a crise climática, defende a organiza??o britanica Population Matters.
No início deste ano, uma pesquisa mundial feita por cientistas britanicos descobriu que três quartos de 10.000 jovens entrevistados concordaram com a afirma??o de que "o futuro é assustador", enquanto 41% dos entrevistados estavam "hesitantes em ter filhos", citando as mudan?as climáticas como raz?o para isso.
Tanmay Shinde mora em Mumbai, índia, e decidiu que n?o terá filhos pelo bem do meio ambiente, especialmente porque o IPCC previu que sua cidade natal poderá ser submersa pelo aumento do nível do mar já em 2050.
"Todos esses alertas dos cientistas sobre o futuro condenado deste planeta me fizeram pensar sobre que tipo de perspectiva estamos criando para as gera??es futuras", diz ele.
5 de 5 'Todos esses alertas dos cientistas sobre o futuro condenado deste planeta me fizeram pensar sobre que tipo de perspectiva estamos criando para as gera??es futuras', diz Tunmay Shinde — Foto: Arquivo pessoal/via BBC
"Decidi n?o ter filhos depois de anos aprendendo sobre a crise climática e a destrui??o do meio ambiente, considerando o futuro incerto deste planeta", afirma Tanmay, acrescentando que sua família tem dificuldades de entender a decis?o.
"As famílias na índia s?o muito tradicionais e têm uma cultura de seguir os costumes e rituais antigos. Ter filhos é uma das coisas mais importantes na vida após o casamento, e há muita press?o social para manter essa cultura."
Perguntamos ao jovem se há chances de ele mudar de ideia.
"Um planeta mais seguro e um estilo de vida sustentável s?o meus pré-requisitos para ter filhos, ent?o, a menos que sejam tomadas decis?es fortes e feitas grandes mudan?as para reduzir as emiss?es de carbono e parar o aquecimento global, acho que n?o terei filhos."
A pesquisadora Kimberley Nicholas, professora associada de ciência sustentável na Universidade de Lund, na Suécia, é coautora do estudo que sugere que as crian?as no mundo desenvolvido têm um enorme impacto nas emiss?es de carbono.
No entanto, ela n?o defende a decis?o de deixar ter filhos por isso.
"N?o é meu papel endossar ou questionar as escolhas pessoais dos outros", diz ela. "é um direito humano decidir livremente sobre ter filhos. Estou trabalhando é para que as crian?as que já est?o vivas tenham um planeta e uma sociedade seguros."
A pesquisa de Nicholas está focada em mudan?as de alto impacto — como deixar de comer carne ou se locomover de avi?o ou carro.
"O lixo gerado em uma viagem de ida e volta entre Londres e Nova York é o equivalente a cerca de 10 mil garrafas plásticas descartáveis — cerca de 27 anos de uso diário."
"Sugiro que passemos mais tempo reconsiderando nossos hábitos de viagem, em vez de agonizar com cada embalagem ou com o esfor?o para eliminar qualquer pequeno reduzido de um produto contraceptivo."
"Devemos concentrar nossos esfor?os onde eles fazem a diferen?a."
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