Planet Hemp critica 'sequestro da liberdade de express?o' por 'defensores da ditadura'; banda se prepara para turnê de despedida 'A última Ponta'
riznyif
13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h28)O Planet Hemp come?a sua turnê de despedida após 30 anos de carreira.O grupo surgiu em um Brasil ain
Planet Hemp critica 'sequestro da liberdade de express?o' por 'defensores da ditadura'; banda se prepara para turnê de despedida 'A última Ponta'
O Planet Hemp come?a sua turnê de despedida após 30 anos de carreira.
O grupo surgiu em um Brasil ainda sob os ecos da ditadura militar e sempre cutucou feridas de um país que,?opordefensoresdaditadurabandasepreparaparaturnêdedespedidaAúloteria centro do rj apesar de curtir a música que eles faziam, ainda se sentia acuado pelo medo das memórias da ditadura.
A maconha sempre esteve no centro da obra do grupo, mas o discurso, segundo eles, vai além da polêmica.
A turnê “A última Ponta” representa mais do que uma despedida: é o encerramento de um ciclo que, por três décadas, manteve viva a chama da contracultura brasileira.
1 de 1 A banda Planet Hemp percorre dez capitais do Brasil, entre setembro e novembro, com a turnê ‘A última ponta’ — Foto: Willmore / Divulga??o
O Planet Hemp nasceu com gritos pela liberdade de express?o em um Brasil recém-saído da ditadura. Após 30 anos, a banda se despede satisfeita com o legado artístico, mas pessimista pelo que vê como "sequestro" desta pauta por pessoas que, no fim, querem o oposto: a volta da ditadura militar.
A partir de setembro, o Planet Hemp come?a sua turnê de despedida. Intitulada "A última Ponta", a série de shows come?a por Salvador, no dia 13 de setembro, e termina no Rio de Janeiro, em 13 de dezembro. A banda vai passar também por outras capitais: Recife, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Goiania, Brasília, Belo Horizonte e S?o Paulo.
Em 1995, eles viraram ídolos de uma juventude que cresceu vendo o país ser silenciado em uma ditadura, mas que já experimentava a liberdade de falar o que pensava sem tanto medo.
Foi assim que Marcelo D2, Skunk, Rafael, Formig?o e Bacalhau se reuniram para dar voz a uma juventude que ainda n?o encontrava espa?o no mainstream. Sem saberem o que estava construindo, o Planet Hemp ajudou a criar um rap que tinha mais a ver com a cara do Rio de Janeiro.
"O Planet foi muito importante nessa parada de fazer um estilo de rap genuinamente carioca. Isso é muito importante dentro do próprio movimento do hip-hop, porque a tendência sempre era ficar parecido com S?o Paulo", explica B Neg?o, integrante que chegou à banda depois da morte de Skunk (1967-1994).
"A gente queria fazer um som completamente diferente e somar pela diferen?a", continua B Neg?o, sendo complementado por Marcelo D2: "pela diversidade". Segundo eles, essa diversidade interna ajudou a consolidar a sonoridade única da banda.
"Essa diversidade dentro do Planet Hemp é muito interessante. A gente tem pessoas completamente diferentes, que torna a banda interessante para o grande público também", diz D2.
Política e contracultura
"A gente veio de um momento pós-ditadura, [Brasil] come?ando a abrir, falando sobre as coisas e refletindo muito dos nossos mestres do underground", lembra B Neg?o. Para os músicos, esse peso político ainda acompanha a cena cultural atual.
"Essa anistia que aceitaram lá atrás está f*** a gente agora. Essa galera está no comando até hoje", continua o artista.
Durante todo o tempo em que a banda esteve ativa — e mesmo nos períodos de hiato — o Planet sempre cutucou feridas de um país que, apesar de curtir a música que eles faziam, ainda se sentia acuado pelo medo das memórias da ditadura, segundo D2.
Um reflexo disso foi a pris?o do grupo inteiro em 1997, acusados de apologia às drogas durante um show no Rio de Janeiro, justificado pelas letras que falavam sobre o consumo de maconha. O primeiro disco do grupo se chama "Usuário" e contava com hits como "Legalize Já", que se transformou em uma espécie de hino pela legaliza??o e regulamenta??o da venda e consumo da erva.
A maconha sempre esteve no centro da obra do grupo, mas o discurso, segundo eles, vai além da polêmica. "Para brancos, ricos, que moram em condomínios, a maconha é legalizada; para o resto, n?o", diz D2.
O episódio daquele ano marcou a história da banda e é lembrado até hoje quando artistas enfrentam acusa??es semelhantes.
"A parada do Poze (do Rodo) teve esse lance de apologia num primeiro momento e aí eles viram que isso, de repente, nem iria colar, inclusive por conta de todo o debate que já tinha acontecido em rela??o ao Planet há quase 30 anos", afirma Daniel Ganjaman.
A investiga??o que prendeu Poze do Rodo apontou que as músicas do artista faziam apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo, além de incitar confrontos armados entre fac??es rivais.
Segundo os artistas, o discurso está muito ligado à onda conservadora que invadiu o país nos últimos anos. "Os conservadores do Brasil s?o muito engra?ados. Eles s?o envolvidos com tráfico de drogas, com golpe militar, que falam da família brasileira e n?o honram a própria família", comenta B Neg?o.
"E aí os caras vêm com uma pauta moral, sendo que n?o seguem nada daquilo", continua.
Liberdade de express?o
"O Planet falava de liberdade de express?o no pós-ditadura. Agora, os filhotes da ditadura militar dizem que querem liberdade de express?o para pedir a volta da ditadura", opina B Neg?o.
Os artistas criticam como esse discurso foi deturpado nos últimos anos. "Sequestraram as nossas causas, agora essa galera usa liberdade de express?o para cometer crime. é um olhar elitista para o mundo", diz D2.
Legado aceso
Marcelo D2 resume o espírito do grupo: “Nada nos foi dado”. A banda, que alcan?ou o mainstream com um discurso contundente e provocador, encerra a carreira mantendo a mesma intensidade.
“A gente tem uma garra e uma vontade que as coisas aconte?am fortes para c***”, afirma D2. “Queremos acreditar em alguma coisa diferente, mesmo em um momento em que estamos desacreditados demais”, acrescenta D2. Ele destaca que essa postura mantém vivo o legado do grupo.
NEWSLETTER GRATUITA
BBC_Audio_Podcasts.txt
GRáFICOS
BBC Travel Adventures.txt
Destaques
Navegue por temas