Testado no Brasil, novo remédio promete ser mais simples, barato e (talvez) 'bala de prata' contra a Covid
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 20h42)Cientistas podem ter descoberto um novo remédio que promete ser a 'bala de prata' contra f
Testado no Brasil, novo remédio promete ser mais simples, barato e (talvez) 'bala de prata' contra a Covid
Cientistas podem ter descoberto um novo remédio que promete ser a 'bala de prata' contra formas graves da Covid-19. Chamado de Interferon lambda peguilado,pokerstars nos eua o medicamento reduziu pela metade as chances de um paciente com a doen?a ser hospitalizado, se mostrou eficiente para anular todas as variantes do vírus e ainda pode ser mais prático e barato que outros remédios já usados.
Os resultados apareceram após ensaios clínicos de fase 3 feitos no Brasil e no Canadá entre 2021 e 2022 e publicados neste mês na revista científica The New England Journal of Medicine, uma das mais importantes da área.
A pesquisa foi feita com 2 mil voluntários que testaram positivo para Covid e foram atendidos na rede pública de saúde com sintomas leves a moderados - desses, 84% estavam vacinados; No Brasil, mais de 30 cidades participaram do estudo (a maioria em Minas Gerais);931 pacientes receberam uma dose de Interferon lambda e outros 1.018 receberam placebo;A redu??o nas hospitaliza??es foi de 51% entre pacientes que receberam Interferon e estavam vacinados.
O estudo foi coordenado pelo brasileiro Gilmar Reis, professor de medicina da PUC Minas e associado da Universidade McMaster (Canadá), que vem apostando em pesquisas de medicamentos que atuam no sistema imunológico do paciente para frear a Covid, o que é uma a??o diferente de outros remédios já existentes no mercado, como o Paxlovid da Pfizer (entenda mais abaixo).
"A Covid-19 trouxe uma quebra de paradigmas no tratamento de infec??es virais do trato respiratório. O vírus mostrou que hoje nós podemos combater de forma eficiente as complica??es de uma infec??o respiratória utilizando medicamentos que atuam no sistema imunológico e na inflama??o", disse Reis em entrevista ao g1.
O professor é um dos líderes do ensaio clínico Together, que já avaliou 11 remédios diferentes em pacientes contaminados n?o-hospitalizados. Foi a equipe dele que ajudou a desmentir, no início da pandemia, a informa??o de que a hidroxicloroquina era eficaz contra a doen?a.
Nesta reportagem, você vai saber mais sobre:
O que é o Interferon lambda?Como o remédio combate a Covid?A compara??o com outros medicamentosOs obstáculos para aprova??o e comercializa??o
1 de 2 Inje??o de Interferon Lambda dá ao corpo as próprias armas para combater o vírus — Foto: Reprodu??o/The New England Journal of Medicine
1. O que é o Interferon lambda?
é um medicamento experimental, sintético, desenvolvido pela farmacêutica norte-americana Eiger para estudos clínicos na áfrica contra os vírus causadores das hepatites B, C e D.
O Interferon lambda é composto por uma única inje??o, aplicada na regi?o do umbigo, e busca 'turbinar' a resposta imune do corpo para infec??es virais por vias áreas.
Reis conta que pediu à farmacêutica para testar o remédio em pacientes com Covid e que a autoriza??o veio "de uma maneira totalmente desinteressada” por parte da empresa detentora da patente. Mas os resultados dos testes em voluntários surpreenderam:
O Interferon lambda se mostrou mais eficiente em pacientes que receberam o medicamento três dias após o início dos sintomas: redu??o de 65% nas chances de interna??o e de 81% no risco de morte;Entre pacientes n?o vacinados, a redu??o de risco de morte foi de 89%;Pacientes com alta carga viral no início dos sintomas e que tomaram o remédio apresentaram cargas virais mais baixas após o sétimo dia, na compara??o com quem tomou placebo.
Na época do estudo clínico, várias variantes circularam no Brasil, e o remédio se mostrou eficiente contra todas - inclusive a ?micron e suas subvariantes, atualmente predominantes no mundo.
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2. Como o remédio atua no organismo?
Os interferons s?o um grupo de proteínas produzidas pelo organismo. Quando o corpo é invadido por um vírus, elas emitem uma espécie de "alerta" para células vizinhas se fortalecerem.
Os interferons atuam diretamente na resposta imunológica, aumentando a capacidade de destrui??o de vírus e bactérias pelo próprio corpo;A 'família' de interferons é composta por vários tipos e subtipos, batizados por letras do alfabeto grego;O alfa, por exemplo, é comercializado no Brasil para tratamento de tipos de cancer e hepatites cr?nicas;No caso do lambda, a atua??o acontece nos tecidos epiteliais, localizados principalmente na parte respiratória, a porta de entrada do Sars-Cov-2 para o organismo.
A inje??o de Interferon Lambda dá ao corpo as próprias armas para combater o vírus. Os pacientes que tomaram essa "dose extra" de interferons tiveram essa deficiência provocada pelo coronavírus restaurada. Com isso, o organismo passou a combater o Sars-Cov-2 de forma mais adequada.
3. Interferon versus outros remédios
Os números que mostraram a eficácia do Interferon lambda s?o bem parecidos com os resultados de outros medicamentos já aprovados e usados no combate à Covid, inclusive no Brasil.
Atualmente, o principal deles é o Paxlovid, da Pfizer, que aparece em primeiro lugar na lista da Organiza??o Mundial da Saúde (OMS) com "forte recomenda??o" para pacientes adultos com Covid n?o grave e com maior risco de hospitaliza??o;Nos ensaios clínicos de fase 3, o Paxlovid reduziu as chances de interna??o em 89%. Mas, após a ?micron, novos testes indicaram uma queda na eficácia do Paxlovid para 44%;Outro antiviral recomendado pela OMS é o molnupiravir, que reduziu o risco de hospitaliza??o em cerca de 30%.
2 de 2 Caixa de Paxlovid, da Pfizer — Foto: Jennifer Lorenzini/Reuters
O Paxlovid e o molnupiravir s?o medicamentos da classe dos antivirais, que atuam diretamente no combate ao vírus causador da doen?a, diferentemente do Interferon lambda, que faz parte de um grupo de remédios que incentiva que o próprio corpo desenvolva uma resposta imune ao vírus - a vantagem disso, segundo os pesquisadores, é uma maior eficiência na neutraliza??o de variantes.
Além disso, tanto o Paxlovid quanto o molnupiravir s?o administrados por via oral por um período determinado. Por ser aplicado em dose única, o Interferon lambda promete um tratamento mais ágil e regrado do que o uso de comprimidos diários.
A expectativa também é de que ele, quando for comercializado, seja mais barato se comparado com o Paxlovid, medicamento encontrado nas farmácias com um pre?o salgado de R$ 4 mil.
"é um fármaco administrado em dose única t?o eficaz quanto 30 comprimidos de Paxlovid por cinco dias em pacientes n?o vacinados e vacinados, independentemente da variante viral", explicou o professor Gilmar Reis.
Paxlovid: remédio da Pfizer contra a Covid come?a a ser vendido nas farmácias e custa mais de R$ 4 mil
4. Os obstáculos para aprova??o
Apesar de promissor, o Interferon lambda ainda enfrenta resistência da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos que equivale à Anvisa no Brasil. O órg?o ainda n?o autorizou o uso emergencial do medicamento, apesar das tentativas da farmacêutica criadora do remédio e da press?o da comunidade acadêmica.
A aprova??o esbarra na burocracia: de acordo com o professor Gilmar Reis, o ensaio clínico n?o incluiu uma cidade dos Estados Unidos, o que é uma condi??o imposta pelo órg?o. Outro motivo é que o estudo foi iniciado e executado por pesquisadores acadêmicos, e n?o pela farmacêutica.
"Na época [do início do estudo], n?o havia um interesse comercial envolvido e muito menos da indústria detentora da patente", disse o professor. "Só porque a droga foi estudada sem interesse comercial, quer dizer que ele n?o tem valor científico? Como assim?", questionou Gilmar Reis.
As esperan?as agora est?o concentradas na possível aprova??o pela Health Canada, agência reguladora canadense, onde foi feito parte do estudo. Com isso, a FDA poderia dar o aval ao medicamento por similaridade. Mas n?o há prazo para que isso ocorra.
E, no Brasil, o cenário é ainda mais incerto. O Interferon lambda precisa de um "bra?o" brasileiro para representá-lo, como um laboratório ou uma farmacêutica, que possa solicitar o uso do remédio à Anvisa e ser responsável pela comercializa??o no país.
"Somos cientistas e n?o temos propriedade sobre os medicamentos. Estudamos os mesmos para prover respostas para a popula??o. N?o cabe a nós a comercializa??o de um fármaco e sim estudar se ele possui eficácia ou n?o", afirmou Reis.
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