'O que aconteceu quando congelei minha gordura': Mulheres relatam experiência com criolipólise, que 'deformou' Linda Evangelista
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 19h52)1 de 6 Ailsa se submeteu ao mesmo tratamento que a supermodelo Linda Evangelista — Foto: AILSA B
'O que aconteceu quando congelei minha gordura': Mulheres relatam experiência com criolipólise, que 'deformou' Linda Evangelista
1 de 6 Ailsa se submeteu ao mesmo tratamento que a supermodelo Linda Evangelista — Foto: AILSA BURN-MURDOCH
O congelamento de gordura,ênciacomcriolipóresultado do jogo do bicho federal quarta-feira ou criolipólise, é um procedimento estético popular. Estima-se que em todo o mundo sejam feitos mais de oito milh?es de tratamentos desse tipo por ano.
Mas ultimamente, esse procedimento ganhou os noticiários de forma negativa.
Isso porque a canadense Linda Evangelista, uma das supermodelos dos anos 90, pede indeniza??o de U$ 50 milh?es (cerca de R$ 270 milh?es) após fazer o tratamento, no qual ela diz ter ficado "brutalmente deformada".
A supermodelo que ficou 'deformada' após procedimento estéticoLinda Evangelista busca indeniza??o após criolipólise; entenda o que é o tratamento'Chip da beleza': implante n?o tem aprova??o, pode alterar o clitóris e mudar a voz
Linda afirma ter desenvolvido hiperplasia adiposa paradoxal (HAP), um raro efeito colateral no qual o produto teria feito exatamente "o contrário do prometido", ao aumentar as células de gordura.
A ex-modelo afirma que n?o foi informada sobre esse risco antes de se submeter à criolipólise.
A empresa acusada por Linda n?o respondeu aos questionamentos da BBC. Em seu site, afirma que "os resultados dos pacientes podem variar" e que "também podem ocorrer raros efeitos colaterais".
Os assessores de Linda afirmam que o alerta sobre possíveis riscos foi dado somente após ela passar pelo procedimento.
Mas quais s?o os riscos da criolipólise? Que tipo de problema esse tratamento pode causar? A seguir, os relatos de três pessoas que passaram pelo procedimento.
2 de 6 O tratamento é focado em gordura localizada que fica em algumas partes do corpo — Foto: Getty Images via BBC
'Você se sente como se estivesse sendo sugada por um aspirador de pó'
Os tratamentos estéticos n?o s?o novidades para a britanica Ailsa Burno-Murdoch, de 39 anos.
Ela sofre com a própria aparência desde a adolescência. Aos 21 anos, já havia feito uma lipoaspira??o e colocado silicone nos seios, interven??es que n?o contou a amigos ou familiares.
"Eu tinha distúrbio alimentar e transtorno dismórfico corporal", afirma. "N?o deveria ter me submetido a isso. Na época eu já estava bastante magra", conta à BBC.
Ao se mudar para o Caribe, ela reviveu os velhos medos de mostrar o corpo. Ent?o, no ano passado optou por um tratamento para congelar a gordura. Ela fez três sess?es de criolipólise ao longo de dois meses.
O procedimento foi feito nas costas, nos bra?os, no abd?men e na parte interna das coxas.
Para isso, ela decidiu optar por uma alternativa mais barata.
"Tive que escolher entre um lugar que basicamente era uma sala abaixo de um sal?o de beleza, onde uma mulher fazia o tratamento, ou ir a uma dessas clínicas sofisticadas", explica. "No fim, o critério foi o pre?o e acabei indo ao lugar mais barato".
3 de 6 Ailsa mostra foto de seu corpo pouco após a primeira sess?o — Foto: AILSA BURN-MURDOCH
Ela diz que n?o fez nenhuma consulta antes do tratamento e conheceu o responsável pelo procedimento no mesmo dia em que o fez.
Ailsa gastou 650 libras esterlinas (cerca de R$ 4,7 mil). Os valores variam conforme as áreas do corpo que ser?o tratadas.
O procedimento é feito por meio de um equipamento conectado a uma máquina que é colocado nas regi?es do corpo para congelar a gordura corporal (tecido adiposo) em locais de difícil remo??o. Para isso, temperaturas muito baixas s?o aplicadas por um determinado período na área tratada.
"Você se sente como se estivesse sendo sugada por um aspirador de pó. Lembro que o meu est?mago parecia uma manteiga congelada. Estava muito frio quando tocava e sólido", diz. Segundo ela, cada sess?o durou cerca de 45 minutos para cada parte do corpo.
"Tive hematomas retangulares muito escuros no corpo. Acredito que os piores foram nas costas, onde chegaram a ficar roxos, mas n?o eram dolorosos", acrescenta.
Ela afirma que o tratamento foi conduzido como o esperado, mas n?o viu diferen?as entre o antes e o depois. "Realmente n?o vi resultados e no final eu gastei dinheiro pra nada", declara.
Ela acredita que se fosse na clínica mais cara poderia ter tido resultados melhores.
Depois de tudo isso, Ailsa afirma que sente vergonha por ter condicionado a sua autoestima à gordura que a incomoda em algumas partes de seu corpo.
"Sou inteligente, entendo que meu corpo n?o é um problema e que tratar a gordura superficialmente n?o é a maneira mais adequada se você quiser focar na sua saúde em geral", declara.
O que é a criolipólise
é um procedimento n?o invasivo que pretende destruir as células de gordura muito resistentes, resfriando muitas delas.
Clínicas em todo o mundo oferecem esse tratamento que promete reduzir as bolsas de gordura que costumam ficar em partes como abaixo do queixo, ao redor das coxas, no abd?men ou na área superior dos bra?os.
Ele n?o é indicado para pessoas que s?o obesas e querem perder peso.
Os efeitos colaterais comuns incluem hematomas, coceira e dormência nas áreas tratadas.
A hiperplasia adiposa paradoxal, como Linda diz ter sofrido, é considerada um efeito colateral raro, no qual as células de gordura aumentam, em vez de encolher.
N?o há uma causa conhecida, mas acredita-se que seja uma rea??o mais comum em homens.
'Esses tratamentos funcionam'
4 de 6 Fotógrafa Joanne Muhammad também se submeteu ao tratamento — Foto: JOANNE MUHAMMAD
A fotógrafa londrina Joanne Muhammad passou por procedimentos de criolipólise há quatro anos, após perder quase 16 quilos.
"Percebi que tinha um pouco de barriga e de gordura acumulada que n?o conseguia eliminar, n?o importava quantos exercícios diferentes eu fizesse", diz ela à BBC.
Ela afirma que fez o procedimento mais por uma quest?o de cuidados pessoais do que para alcan?ar um corpo ideal. "Fiz isso para que quando me levantasse de manh? e me olhasse no espelho, pudesse me dar o ok", afirma.
Depois de se informar sobre o procedimento, ela fez três sess?es por um pre?o promocional em uma clínica de Londres: 450 libras (cerca de R$ 3,3 mil) cada.
As sess?es foram conduzidas por estagiários sob supervis?o.
"Eles foram muito cuidadosos em cada etapa e se asseguravam que eu fosse entrevistada por um médico antes de cada sess?o", diz.
"Eles foram extremamente preocupados e me alertaram (sobre possíveis efeitos colaterais)", diz. Segundo ela, a clínica se comprometeu a pagar uma lipoaspira??o se algo desse errado e ela desenvolvesse HAP.
"Sou m?e e eliminaram a gordura abdominal (acumulada durante a gravidez). Parecia incrível, mas aí veio o confinamento (durante a pandemia)", diz.
Joanne, que tem mais de 50 anos, voltou à mesma clínica para fazer outros procedimentos n?o invasivos no corpo. Apesar disso, ela afirma que os tratamentos estéticos n?o devem ser vistos como "solu??es fáceis".
Ela diz que os tratamentos funcionam, "mas você tem que fazer as coisas certas como exercícios, beber muita água e levar um estilo de vida saudável".
5 de 6 Rainer descartou tratamento com criolipólise após saber do risco de complica??es — Foto: RAINER JUATI
A engenheira de minas Rainer Juati, de Acra, capital de Gana, sentiu uma press?o para mudar a própria aparência.
Ela cogitava fazer a criolipólise, mas mudou de opini?o após acompanhar o caso de Linda Evangelista. Rainer diz que hoje enxerga que o procedimento n?o é a melhor op??o para o seu caso.
Quando crian?a, Rainer sofreu com oscila??o de peso. Ela diz que era ridicularizada na escola por ser muito magra e depois passou a ser alvo de ofensas por ter engordado.
Para ela, a cultura e as redes sociais s?o as principais raz?es que levam uma pessoa a buscar formas para mudar o corpo.
Depois de um ano de dieta e exercícios, sem o acompanhamento adequado, ela come?ou a pensar na "saída mais fácil".
"Acho que, vindo de uma tradi??o africana, você tem parentes que de alguma forma riem de você por ser gorda", diz ela, que tem 29 anos.
"Em Gana há, inclusive, uma palavra, "obolo", que é usada para zombar quem está acima do peso", diz.
"Sou favorável à escolha e acho que todos deveriam ser capazes de escolher o que querem de seu corpo".
Os procedimentos estéticos, incluindo cirurgias plásticas, s?o pouco frequentes em Gana, mas Rainer assegura que cada vez mais isso tem deixado de ser visto como um tabu.
"No passado, ninguém queria fazer esses procedimentos ou falar sobre isso quando algum conhecido viajava para o exterior e voltava com um aspecto diferente", comenta.
Sobre a criolipólise, Rainer avalia que mesmo sabendo dos riscos e possíveis complica??es, a maioria das pessoas n?o se sentiria desencorajada a passar pelo procedimento.
6 de 6 A cirurgi? Mary O'Brien adverte que tratamentos n?o cirúrgicos também implicam em riscos — Foto: Getty Images via BBC
O que dizem os especialistas
Marc Pacifico, vice-presidente da Associa??o Britanica de Cirurgi?es Plásticos, adverte contra tratamentos que parecem bons demais para ser verdade e s?o oferecidos por pessoas sem forma??o médica.
"é importante se assegurar de que quem oferece o tratamento esteja sendo transparente com o seu paciente, n?o com o cliente, porque é um tratamento médico", ressalta.
Pacifico diz que as pessoas que est?o considerando passar por um procedimento de congelamento de gordura devem entender que "n?o é indolor e (seus resultados) nem sempre s?o previsíveis".
Um estudo recente da Associa??o Britanica de Cirurgi?es Plásticos revelou que os médicos encontraram 21 casos de complica??es no procedimento.
"A HAP n?o é frequente, mas geralmente é significativa", destaca Pacifico.
"Para tratar a HAP, esses pacientes precisam passar por lipoaspira??o a grandes interven??es no abd?men".
Pacifico afirma que, além da HAP, os cirurgi?es encontram casos de necrose na pele em decorrência do congelamento de gordura.
A Associa??o pede que haja uma melhor regulamenta??o sobre como esses tratamentos s?o promovidos e comercializados.
"Estamos preocupados com a publicidade que fazem sobre tratamentos n?o cirúrgicos, como se fossem algo que n?o precisa de repouso posteriormente, como se fosse algo mais fácil do que um procedimento cirúrgico e ainda assim seja possível obter os melhores resultados", declara Mary O'Brien, presidente da Associa??o.
"Quando falamos em tratamentos n?o cirúrgicos n?o significa que n?o existam riscos e acho que esse é um erro comum", acrescenta a especialista.
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