Cafezinho em risco: como sombra de árvores ajuda planta a lidar com o planeta mais quente
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h12)As mudan?as climáticas já est?o deixando o café mais caro.E também colocam o gr?o em risco, principa
Cafezinho em risco: como sombra de árvores ajuda planta a lidar com o planeta mais quente
As mudan?as climáticas já est?o deixando o café mais caro.
E também colocam o gr?o em risco,quina do dia 23 de junho 2018 principalmente a espécie arábica, que é a mais popular no Brasil e a mais sensível ao calor.
Este episódio da série "PF: prato do futuro" mostra que a solu??o pode estar na sombra das árvores.
Conhe?a planta??es de Minas Gerais e de S?o Paulo que usam essa técnica para enfrentar o calor e, de quebra, conseguir um café mais saboroso.
Segundo os produtores, essas vantagens compensam os principais desafios desse tipo de plantio, que s?o queda de produtividade nos primeiros anos e custos altos de implementa??o.
Quem nunca, no meio de um dia escaldante, achou uma boa ideia tomar um cafezinho? Mas a bebida favorita do brasileiro está amea?ada justamente pelas altas temperaturas.
?O Brasil é o maior produtor de café do mundo, com cerca de 80% da sua área focada na espécie arábica, que também é a mais sensível ao calor?o.
Essa variedade precisa de um ambiente entre 18°C e 22°C. Só que, na safra atual, agricultores contam que teve dias em que o calor na lavoura chegou a bater 40°C. Isso faz o café abortar os frutos e atrai pragas e doen?as. Além de deixar o produto mais caro.
Mas, calma: já tem gente trabalhando para salvar o seu cafezinho. Muitos produtores decidiram retornar às origens dessa cultura: plantar o café sob a sombra das árvores. O g1 visitou três propriedades em Minas Gerais e S?o Paulo que usam essa técnica. Confira no vídeo acima.
?? Este é o segundo episódio da série "PF: prato do futuro", onde o g1 mostra solu??es para desafios da produ??o de alimentos no Brasil.
Vantagens e desafios de sombrear o café
Existem duas formas de sombrear o café:
??agroflorestas, em que o agricultor planta árvores de diversas espécies, juntamente ao café. Com isso, ele consegue ter mais de uma renda. Essa técnica é usada pelo casal de cafeicultores Pedro Berengani e Cristiane Ferreira, em Cerqueira César (SP).
??agricultura regenerativa, em que os produtores podem aplicar diferentes métodos para recuperar a sustentabilidade da lavoura, sendo que uma delas é o plantio de árvores. é isso que fazem Francisco Sergio Lange, em Divinolandia (SP), e Guilherme Foresti, em Três Cora??es (MG).
Além de refrescar os pés de café, essas técnicas ainda deixam o café mais doce, porque prolongam o período de desenvolvimento do fruto.
ENTENDA: como calor e seca já deixam café mais caro
Por outro lado, s?o sistemas caros e mais difíceis de serem aplicados do que o plantio a pleno sol, que é o mais popular. E podem gerar uma produtividade menor nos primeiros anos.
Mesmo assim, os cafeicultores ouvidos pelo g1 defendem seu uso. "As mudan?as climáticas já s?o uma realidade, n?o adianta querer lutar com elas sem estar preparado, que a gente n?o vai ganhar. Nós temos que come?ar a pensar na sobrevivência", resume Sergio Lange.
Pleno sol x sombreado
Plantar árvores na lavoura nada mais é do que fazer com que o café volte às suas origens. Isso porque ele é originário da Etiópia, de áreas de sub-bosque, ou seja, sombreadas.
é o café continuou sendo plantado assim na Col?mbia, terceiro maior produtor do fruto. Mas o Brasil, atual líder mundial, n?o adotou o modelo.
No país, foi aplicado o manejo a pleno sol, que é a lavoura apenas com os pés de café, explica Cesar Botelho, pesquisador especializado em melhoramento genético da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
Isso porque, na época em que o cultivo come?ou no Brasil, o calor n?o era t?o intenso, por isso a temperatura n?o chegava a prejudicar o café. Era o oposto: ela aumentava a produtividade.
“Quando tem sol na temperatura certa e n?o tem sombra, a planta acaba fazendo mais sistemas internos, mais a fotossíntese e aí ela acaba florescendo mais, ent?o a produ??o aumenta. Além de tudo, você passa a ter mais plantas por área”, explica a engenheira agr?noma Priscila Coltri, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri).
Mas, desde a década de 70, cientistas já buscavam reproduzir variedades que fossem mais resistentes ao calor, lembra Botelho.
Agora, em meio às mudan?as climáticas, replantar árvores nas lavouras se tornou uma estratégia para a sobrevivência dos cafeicultores.
“Por conta do clima, teve uma quebra de safra (produ??o menor) neste ano, porque os gr?os n?o se desenvolveram tanto. Mas a gente sabe que os produtores que aplicam algumas das técnicas regenerativas sofreram menos com o calor e com a seca", diz Tatiana Nakamura, especialista em café na Nespresso Brasil.
A empresa compra café plantado no sistema de agricultura regenerativa em uma fazendas visitadas na reportagem, a de Guilherme Foresti, em Três Cora??es (MG).
N?o é só sair plantando árvore
No estudo de Priscila Coltri, da Cepagri, sobre o sombreamento do café, foi constatado que o ideal é ter 30% da lavoura preenchida com árvores.
Caso o manejo sombreado seja feito erroneamente, por exemplo, plantando árvores em excesso ou sem realizar a poda, as plantas podem competir com o cafezal por luz, água e nutrientes, acarretando uma queda na produtividade.
Essa perda acontece nos primeiros anos de instala??o do sistema. No longo prazo, o sombreamento vai fazer com que o cafeeiro tenha folhas maiores, aumentando a área que terá contato com o sol para a fotossíntese.
Com isso, o tempo de matura??o do fruto é maior, ou seja, a planta produzirá gr?os grandes e com mais a?úcares, elevando a qualidade da bebida e retomando a produtividade.
Dependendo do sistema escolhido, pode demorar até dez anos para isso acontecer.
O sombreamento é semelhante ao preparo de um alimento que cozinha em fogo baixo, compara Nakamura, da Nespresso. "(é como) Uma carne de panela. Ent?o, você fica muito tempo cozinhando até chegar ao ponto”, exemplifica.
E qual árvore plantar?
Para otimizar o cultivo, os cafeicultores est?o optando por árvores que podem ter múltiplas fun??es na lavoura. Por exemplo, espécies que atraiam inimigos naturais de pragas que atacam o café, além de árvores que adubam o solo quando as folhas caem e geram uma renda extra para o agricultor.
“Isso vai impactar diretamente a nossa produ??o, porque, tendo um ambiente que é capaz de criar esses mecanismos de controle biológico natural (contra doen?as), a gente vai ter que usar menos defensivo”, explica Pedro Berengani, produtor de café de agrofloresta em Cerqueira César (SP).
O que s?o agroflorestas
Uma das formas de aplicar o sombreamento é por meio das agroflorestas. Nelas, os agricultores podem cultivar uma variedade de espécies em volta do café, aproveitando para diversificar a renda.
Pedro Berengani, de Cerqueira César (SP), tem a própria marca de café e ainda consegue uma segunda fonte de renda com a fabrica??o de móveis artesanais, a partir de árvores extraídas, como o louro-pardo.
Já as árvores frutíferas da propriedade dele n?o s?o voltadas para o comércio. “Se tudo que a gente plantar tiver que ser em nível comercial, aí é muita coisa, é muito trabalho para o produtor”, justifica.
“A agrofloresta é muito benéfica para a natureza, para o ser humano, mas é preciso a gente tirar a romantiza??o, porque ela é muito trabalhosa", afirma Cristiane Ferreira, responsável pela fazenda junto com Berengani.
Para implementar uma agrofloresta, os produtores precisam se atentar, principalmente, a duas quest?es:
de qual forma será feita a colheita? Apesar de a colheita manual do café ser mais comum, é possível ter a mecaniza??o também na agrofloresta, plantando as árvores com maior distanciamento entre os corredores de café, afirma Berengani; qual será o tamanho do investimento? As agroflorestas exigem um alto custo inicial. A média é entre R$ 30 mil e R$ 40 mil por hectare, sendo que, em uma monocultura, o valor é entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. O retorno pode levar até 10 anos, explica Ferreira.
O pre?o elevado se dá por causa das especializa??es técnicas necessárias e pelo custo da diversidade de espécies que devem ser plantadas.
Para Berengani e Ferreira, o custo compensou em meio às ondas de calor que atingiram a regi?o onde fica o sítio do casal, em Cerqueira César (SP) , no primeiro semestre de 2024.
“A nossa lavoura ainda passou um pouco mais tranquila na compara??o com quem n?o tem sombreamento, cobertura de solo e tem lavoura de monocultura. Mas n?o foi porque a gente tem agrofloresta que a gente deixou de sentir”, afirma o produtor.
Veja fotos de lavouras que usam técnica de sombrear café
O que é a agricultura regenerativa
Outra técnica de sombreamento é a agricultura regenerativa, que vem se tornando cada vez mais popular entre os produtores.
Esse sistema pode ter uma menor variedade de árvores do que a agrofloresta. E nem toda produ??o que é considerada regenerativa trabalha com o sombreamento.
1 de 2 Lavoura de café regenerativo na Fazenda do Lobo, de Guilherme Foresti, em Três Cora??es (MG) — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
Por exemplo, o produtor Guilherme Foresti, de Três Cora??es (MG), que fornece café para a Nespresso, aplica diferentes técnicas em cada área da sua propriedade. Em alguns pontos, tem café sombreado. Em outros, planta a pleno sol, mas com cobertura de solo.
O sistema regenerativo ainda n?o possui um conceito fechado. As técnicas abaixo costumam ser adotadas pelos produtores.
Por ser uma técnica com várias possibilidades diferentes de implementa??o, n?o é possível estipular quanto o produtor gastaria para come?ar com a agricultura regenerativa.
O real objetivo desse tipo de manejo é recuperar os ecossistemas de plantios que antes eram a pleno sol.
"Os produtores têm medo de entrar nesse processo e n?o ter o resultado que eles têm no (plantio) convencional. No come?o, é isso mesmo, n?o vai ter, porque está mudando todo o sistema", reconhece Sergio Lange, que adota a agricultura regenerativa para produzir café para exporta??o em Divinolandia (SP).
"Aí é onde entra, no caso do pequeno produtor, a organiza??o dele no campo, que s?o as associa??es, cooperativas, que come?am a trabalhar isso, que é lento", explica.
Apesar da queda de produtividade no come?o, ela tende a aumentar com o tempo. E também é possível ter menos gastos com agrotóxicos e fertilizantes.
O uso de herbicidas, por exemplo, seria entre 30% e 40% menor nesse sistema, estima a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para Lange, o grande legado da agricultura regenerativa é ensinar ao produtor a ter consciência ambiental.
Quando tudo está pronto, vem a fase de conservadorismo, ou seja, é preciso apenas realizar manuten??es.
2 de 2 Sérgio Lange, Cofundador Associa??o dos Cafeicultores de Montanha de Divinolandia (Aprod), abra?a cafeeiro ao lado de árvore batizada com o nome da pesquisadora Madelaine Venzon. — Foto: Stephanie Rodrigues / g1
Créditos deste episódio da série 'PF: prato do futuro'
Coordena??o editorial: Luciana de OliveiraEdi??o e finaliza??o de vídeos: Stephanie RodriguesNarra??o: Stephanie RodriguesReportagem: Vivian SouzaProdu??o: Vivian SouzaRoteiro: Vivian Souza e Stephanie RodriguesCoordena??o de vídeo: Tatiana Caldas e Mariana MendicelliCoordena??o de arte: Guilherme GomesDire??o de arte e ilustra??es: Luisa Rivas e Ver?nica MedeirosFotografia: Stephanie Rodrigues e Gustavo WaderleyMotion Design: Veronica MedeirosIlustra??es: Bruna Rocha, Maria Laura Silva, Luisa Rivas e Thalita Santos
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