'Se Marília Mendon?a partiu, tudo pode acontecer': Como a tragédia fez artistas repensarem carreiras
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h13)Marília Mendon?a morreu em 2021, aos 26 anos, em um acidente aéreo, no auge da carreira, causando co
'Se Marília Mendon?a partiu, tudo pode acontecer': Como a tragédia fez artistas repensarem carreiras
Marília Mendon?a morreu em 2021,íliaMendon?apartiutudopodeacontecerComoatragéquina [ aos 26 anos, em um acidente aéreo, no auge da carreira, causando como??o no Brasil e no meio sertanejo.
O g1 lan?a o podcast "Marília - O Outro Lado da Sofrência" sobre o impacto da cantora na cultura e na vida de quem conviveu com ela.
Após a morte, artistas como Zé Neto e Cristiano passaram a lidar com traumas, medo de viajar e depress?o. Um luto generalizado se instalou no universo sertanejo após o acidente.
Zé Neto ficou três meses afastado dos palcos em 2024 por problemas de saúde mental agravados pelo luto.
A tragédia levou artistas a reverem rotinas e reduzirem a carga de shows para preservar a saúde emocional.
Em apenas seis anos como cantora, Marília Mendon?a bateu recordes e se tornou o nome mais popular da música no Brasil. Mas sua carreira foi tragicamente interrompida no dia 5 de novembro de 2021, quando a artista morreu aos 26 anos em um acidente de avi?o, a caminho de um show em Minas Gerais. Uma notícia que chocou o país e, em especial, o meio sertanejo.
Nesta ter?a-feira (22), dia em que Marília Mendon?a completaria 30 anos, o g1 lan?a o podcast "Marília - O Outro Lado da Sofrência", sobre o impacto permanente da cantora na cultura brasileira e na vida dos que conviveram com ela. O primeiro episódio mostra como a partida de Marília gerou um trauma no meio musical e transformou a carreira de alguns artistas (ou?a abaixo ou na sua plataforma de áudio preferida).
Um luto generalizado se instalou no universo sertanejo após o acidente. Artistas entraram em choque, alguns passaram a sentir medo de viajar em turnês, desenvolveram quadros de ansiedade e depress?o e mudaram suas rotinas. "N?o foi só um momento de perda. Foi um sacode nas pessoas: todo mundo come?ou a perceber que as coisas podem acabar a qualquer momento", resume a cantora Luiza Martins:
"Eu acho que ninguém foi o mesmo depois."
Inseguran?a
Zé Neto e Cristiano est?o entre os artistas que repensaram a carreira em meio à experiência com o luto. "Eu confesso que, às vezes, até sinto dificuldade em ouvir as músicas da Marilia porque n?o cai a ficha", diz Cristiano, em entrevista ao g1. "[A morte dela] desencadeou traumas com a estrada, o medo, a inseguran?a."
Com hits como "Barulho do foguete", "Largado às tra?as" e "Notifica??o preferida", Zé Neto e Cristiano ocupam o quinto lugar na lista de artistas mais ouvidos pelos brasileiros na última década, divulgada pelo Spotify no ano passado. Mas, no auge do sucesso, precisaram parar e recalcular a rota: em 2024, os dois ficaram três meses afastados dos palcos porque Zé Neto precisou tratar uma depress?o.
1 de 3 A dupla Zé Neto e Cristiano com a amiga Marília Mendon?a — Foto: Reprodu??o/Instagram
Um dos fatores que desencadearam o quadro foi a morte de Marília, segundo a dupla. Eles eram amigos próximos da cantora. Zé Neto conta:
"Foi uma das piores fases da minha vida, quando ela foi embora. A gente tinha uma proximidade muito grande e eu fiquei muito mal, sabe? Eu n?o consegui... eu demorei para me reerguer."
Foram três anos desde a morte de Marília até Zé Neto decidir procurar ajuda. Nesse período, em meio a uma rotina frenética de trabalho -- a dupla chegava a fazer 34 shows em um mês --, o cantor teve episódios de panico e problemas com o álcool, que chegou a prejudicar apresenta??es.
"A depress?o é uma doen?a que tira a sua vontade de fazer tudo. Até as coisas que eu mais amava, n?o tinha vontade de levantar da cama para fazer", conta.
"O ser humano tem dificuldade para lidar com a morte, mais ainda com a morte de uma pessoa jovem. Pior: num acidente muito trágico. Isso cria a inseguran?a e o questionamento: será que eu posso confiar que vai dar tudo certo?", explica a psicóloga Júnia Drumond, especialista em luto.
"Em algumas pessoas, isso pode gerar crises de ansiedade, panico e uma paralisia diante de uma incerteza muito grande", acrescenta.
Zé Neto viu sua perspectiva sobre problemas de saúde mental mudar a partir da experiência com o luto e a depress?o:
"Eu achava que isso era coisa da televis?o, de gente fraca, até viver na minha pele. Hoje, eu falo que o mundo precisa se cuidar, porque é uma doen?a silenciosa e que mata mesmo."
Nova rotina
Mas n?o foi só isso que mudou. A rotina da dupla também já n?o é mais a mesma: "Diminuímos os shows pela metade. Hoje, fazemos dois, no máximo três shows por semana. Vejo que muita gente ainda está trabalhando errado", diz Zé Neto.
No meio caro e competitivo da música, a agenda frenética de shows é regra para quem consegue emplacar um hit -- afinal, é daí que vem a grana.
"Já ouvi muito esse discurso: se estourou uma música, aproveita, vai fazer show e ganhar dinheiro enquanto está em alta. As pessoas agarram isso e é muito difícil, depois, tirar o pé do acelerador, principalmente quando você aumenta sua propor??o, porque aí também aumentam as contas", explica Luíza Martins, que também é cantora sertaneja.
2 de 3 Luiza Martins durante entrevista ao g1 Ouviu no estúdio do g1 em S?o Paulo — Foto: Fábio Tito/g1
"O artista nunca está sozinho. Tem os prestadores, o empresário que investiu nele... essa estrutura gigantesca precisa ser paga ou devolvida. E só dá para fazer isso com show, trabalho."
O acidente com Marília Mendon?a foi um gatilho para que muitos nomes da música popular se tornassem mais conscientes sobre o desgaste e os riscos gerados pela rotina de shows e a vida na estrada, seja de ?nibus, carro ou avi?o.
"Foi uma coisa assim: o quê? Marília Mendon?a? Deixa eu abaixar minha bola aqui porque, se a Marília Mendon?a partiu, tudo pode acontecer", descreve Luiza. Ela é mais uma artista que redefiniu a rotina de shows após perder a amiga.
Menos de dois meses depois, Luiza também se despediu do parceiro de dupla, Maurílio, que morreu em dezembro de 2021, aos 28 anos, vítima de um tromboembolismo pulmonar. "Foi a pior situa??o da minha vida, que me transformou em uma pessoa completamente diferente. Dei uma pirada, mas também me permiti pirar."
"Hoje, eu sei quantos shows consigo fazer para que isso n?o me adoe?a. Eu preciso voltar para casa, preciso dormir de conchinha com minha namorada, preciso cheirar meus gatos, preciso ver minha m?e, minhas irm?s, eu preciso rir, preciso conversar. Se eu fizer 30 shows, eu consigo fazer isso? N?o, n?o consigo, ent?o eu fa?o menos. Talvez entre menos dinheiro, mas a gente tem que escolher nossas batalhas."
3 de 3 Capa de 'Marília - O Outro Lado da Sofrência', podcast do g1 sobre impacto de Marília Mendon?a — Foto: g1
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