Conhe?a comércios que resistem ao tempo e que você visitaria se morasse na Sorocaba de 1944
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h32)Padaria do Gon?alo, Casa Navas e Lanchonete e Snooker Bar Gast?o s?o estabelecimentos que resistiram
Conhe?a comércios que resistem ao tempo e que você visitaria se morasse na Sorocaba de 1944
Padaria do ?acomérciosqueresistemaotempoequevocêsitus judi slot deposit voucher88Gon?alo, Casa Navas e Lanchonete e Snooker Bar Gast?o s?o estabelecimentos que resistiram ao tempo e foram fundamentais para a história e o desenvolvimento de Sorocaba (SP).
Padaria do Gon?alo, na Vila Hortência, foi inaugurada em 1922 e ainda está sob a administra??o da terceira gera??o de proprietários.
Casa Navas, no Centro de Sorocaba, foi inaugurada em 1935 e ainda preserva boa parte do projeto original.
Lanchonete e Snooker Bar Gast?o, na Vila Santa Rita, foi inaugurada em 1944 e ainda é administrada pela família Fasolin.
Para o presidente da Associa??o Comercial de Sorocaba, o comércio foi e continua sendo um dos principais pilares da economia sorocabana.
1 de 21 Comércios de Sorocaba resistem ao tempo e fazem parte da história da cidade — Foto: Arquivo Pessoal
Há pouco mais de 80 anos, em 1944, o sorocabano despertava em uma cidade com poucos comércios e limitadas op??es para comer. O cenário urbano era bem diferente do atual. Oito décadas depois, a vida comercial da cidade se transformou profundamente.
Ainda assim, quem acorda nesta sexta-feira, 15 de agosto, data em que Sorocaba (SP) celebra 371 anos, pode percorrer a cidade e visitar estabelecimentos que resistiram ao tempo e foram fundamentais para a história e o desenvolvimento local. Para celebrar o aniversário da cidade, o g1 te convida para uma "viagem no tempo". Nosso itinerário passará por três locais:
Uma padaria na zona leste; uma loja de vestuário (e acessórios para montaria) no Centro; e uma lanchonete no bairro Além Ponte.
Uma padaria de 1922
O nosso personagem sorocabano, da década de 1940, despertou na manh? de aniversário da cidade e foi tomar um café. A padaria escolhida é uma que, hoje centenária, havia sido inaugurada pouco mais de 20 anos antes e ainda estava sob a administra??o da primeira gera??o de proprietários.
Localizado no número 261 da Rua Coronel Nogueira Padilha, na Vila Hortência, zona leste da cidade, o estabelecimento já era ponto tradicional do bairro.
Desde a década de 1920, a Nogueira Padilha, anteriormente chamada de Rua do Morro, era um importante centro comercial e de convivência. Foi nesse contexto que a Padaria do Gon?alo abriu as portas, em 1922, oferecendo produtos essenciais aos moradores da regi?o. A via também era conhecida como reduto de espanhóis.
Foi justamente um desses imigrantes, Gon?alo Vecina, quem fundou a Padaria Hispano Americana, em homenagem às suas raízes na Espanha. Na inaugura??o do estabelecimento também foi colocado em funcionamento um forno a lenha, responsável por assar os tradicionais p?es d'água que rapidamente conquistaram a clientela.
"Gon?alo Vecina, a esposa e os filhos ficaram até a década de 60 no comando. Em 1962, ele vendeu para o Cláudio Haro, que gerenciou a padaria junto da esposa, Edith Haro. Eles ficaram até 2012, ano que o Renato, meu filho, adquiriu. E aí continuou, expandiu", conta Solange Saliba, m?e do atual proprietário, Renato Nóbrega.
2 de 21 Renato Nóbrega, atual proprietário da Padaria do Gon?alo, junto da m?e, Solange Saliba, que auxilia na administra??o do negócio — Foto: Arquivo pessoal
Solange explica que as famílias Vecina, Haro e Nóbrega se conheciam, pois moravam em casas próximas, todas na Vila Hortência. Parte da infancia de Renato, atual gestor do negócio, foi passada na padaria, quando estava na casa do av?, também morador de uma casa na Nogueira Padilha. A m?e de Renato acredita que o amor dele pelo local floresceu justamente neste período.
"Ele adorava ficar aqui, e acho que, a partir daí, ele viu esse amor. Quando ele se formou em marketing, ele trabalhou em umas empresas, e, daí, ele resolveu comprar a padaria. O Cláudio praticamente só aceitou vender porque foi para o Renato, alguém que ele sabia que continuaria o legado", diz a m?e.
Mas, afinal, o que o nosso personagem sorocabano, que nos conduz por esta "viagem no tempo", encontrava ao abrir as portas da padaria nos anos 40 e que se mantém até hoje?
"O forno a lenha é o mesmo. Desde 1922 está aceso e trabalhando. Esse forno veio de navio para o Brasil, desmontado. Foi montado aqui no mesmo lugar onde está até hoje. O forte da padaria sempre foi o p?o d'água. Ele tem um segredo, que eu n?o posso falar, já que é segredo, mas o que potencializa esse segredo é exatamente esse forno de mais de 100 anos", revela Solange.
3 de 21 Uma média de 2,5 mil p?es é vendida por dia na Padaria do Gon?alo, todos assados no forno a lenha de 1922 — Foto: Larissa Pandori/g1
O atual responsável por comandar o forno sequer havia nascido quando a brasa foi acesa pela primeira vez, em 1922. Aos 38 anos, o padeiro Edilson Macena da Silva fala com orgulho sobre os seis anos dedicados à miss?o de manter o fogo aceso e os p?es sempre saindo do forno. Uma tarefa que está longe de ser simples.
"Os últimos que v?o sair enchem a fornalha até o último, s?o toras grossas de lenha. Quando os próximos forem chegando, já v?o repondo. Quando abre, ele vai estar com muita brasa. Ele vai estar sempre em 220°C, daí para cima. Se a brasa chegar a parar, vai em torno de seis a sete dias, até mais, para poder chegar à temperatura correta novamente. Ent?o, ele tem que estar sempre quente para n?o cair a temperatura e n?o dar problema no forno mesmo. E assim está indo para 105 anos, sem parar", explica Edilson.
4 de 21 Padeiro Edilson Macena da Silva em frente ao forno centenário — Foto: Larissa Pandori/g1
Apesar da grande responsabilidade, Edilson garante que os funcionários logo aprendem o manejo e afirma que, enquanto depender dele, o legado do forno e do tradicional p?o d'água será mantido.
"Nós ensinamos passo a passo para ninguém ficar para trás. Estou há seis anos aqui, já recebi várias ofertas, mas estou por aqui. Espero estar por muitos anos. E, por ser uma padaria tradicional, uma coisa antiga, tanto que tem ainda o forno, n?o só o forno, como também equipamentos da época, n?o se pode deixar morrer a história, tem que mantê-la acesa."
Além do forno, o que foi possível manter do projeto original de Gon?alo foi mantido. Como, por exemplo, duas portas de madeira que ficam atrás do balc?o de atendimento e d?o acesso à cozinha da padaria.
5 de 21 Padaria em Sorocaba (SP) mantém as portas de madeira originais de quando foi inaugurada, há 103 anos — Foto: Larissa Pandori/g1
6 de 21 Padaria de Sorocaba (SP) mantém as portas de madeira originais de quando foi inaugurada, há 103 anos — Foto: Larissa Pandori/g1
à frente da 3a gera??o de proprietários, Renato decidiu que algumas mudan?as eram necessárias. Entre as modifica??es, uma delas chama aten??o: um estacionamento anexo à padaria. Algo que em 1945 faria pouco sentido, já que a maioria dos consumidores ia até o local a pé.
"Em 2023, quando eu peguei o imóvel do lado, demolimos e fizemos o estacionamento. Foi um divisor de águas, porque aumentou muito o movimento. Por outro lado, só as quatro mesinhas n?o estavam dando conta. No passado, a gente abriu uma nova área com mais mesas. O hábito do cliente mudou. Ainda tem aqueles que compram para levar, mas aumentou bastante o público que vem na padaria para sentar, tomar um café, traz o computador para trabalhar, às vezes até ter um encontro. Hoje 65% do faturamento s?o a copa. O lanche, o café e tudo mais", comenta o proprietário.
Pagamento com cart?o, pedidos por aplicativo, trabalhar remotamente enquanto toma um café na padaria. Cenas que com certeza deixariam o nosso sorocabano de 80 anos atrás de "queixo caído".
7 de 21 Entre mudan?as feitas na padaria durante a gest?o de Renato Nóbrega, est?o a implanta??o de máquina para pagamento via cart?o e PIX, sistema de delivery e área para coworking — Foto: Larissa Pandori/g1
8 de 21 Atual proprietário da padaria ampliou o espa?o para oferecer uma área dedicada aos clientes que desejam aproveitar mais tempo no local — Foto: Larissa Pandori/g1
Para os clientes, a mistura de antiguidade com modernidade é o ponto forte do local. Jander Elan, de 30 anos, trabalha em um comércio a poucos metros do estabelecimento e, toda tarde, vai até lá para pegar um café com leite e um p?o d'água.
"Você vê a evolu??o que teve das coisas e, mesmo assim, eles mantêm a característica dos produtos deles com a mesma qualidade, o atendimento, o jeito que é o ambiente aqui, que é bem legal, bem aconchegante", ressalta o cliente.
A fala de Jander combina com a proposta do atual proprietário, que enxerga justamente nesse equilíbrio entre o passado e o presente o diferencial dos negócios mais antigos de Sorocaba.
"O segredo que eu uso para administrar é juntar as coisas antigas com as novas. Mesclar o moderno com o tradicional, tanto de produtos, quanto de estrutura. Quando fizemos a amplia??o, tentamos ao máximo manter a originalidade. Temos receitas que s?o super antigas, como a do p?o, e temos produtos com ingredientes que caíram no gosto do consumidor recentemente, como o pistache", analisa o proprietário.
Uma loja de sapatos de 1935
Depois de saborear um p?o d'água e tomar um café na tradicional Padaria do Gon?alo, o nosso sorocabano da década de 1940 segue com as tarefas do dia. Se quiser comprar roupas e sapatos novos, basta sair da Rua Coronel Nogueira Padilha e percorrer cerca de um quil?metro em dire??o ao Centro de Sorocaba, onde, desde 1935, funciona uma das lojas mais antigas da cidade: a Casa Navas.
Voltada para um público expressivo da época, os bandeirantes, a loja vendia roupas, cal?ados, acessórios e artigos de montaria. Assim como a padaria, permanece no mesmo endere?o desde a inaugura??o, com uma única mudan?a: o imóvel, que ficava no no 171 da Rua Direita, passou para o no 243 da Rua Boulevar Braguinha após a altera??o do logradouro.
Localizada no "cora??o" do Centro de Sorocaba, a regi?o já era conhecida pela forte presen?a do comércio.
Em seu livro que documenta a trajetória do setor comercial de Sorocaba, o jornalista e escritor Celso Ribeiro relata que, desde 1915, circulavam bondes movidos por eletricidade e, n?o, puxados por mulas. O veículo facilitava parte do deslocamento pelo Centro, encurtando o caminho do nosso personagem pelas paisagens de uma Sorocaba em transforma??o.
9 de 21 Bonde elétrico passando pela Rua S?o Bento, no Centro de Sorocaba (SP) — Foto: Museu Histórico Sorocabano
Quem relembra o inicio da loja é Vanessa Navas, de 44 anos, bisneta do fundador do estabelecimento, Geraldo Navas.
"Come?ou com meu bisav?, daí meu av? deu continuidade e foi passando de gera??o para gera??o, sempre na família. Tem uma foto que est?o meu bisav? e meu av? montados em um tipo de motocicleta. Essa foto está exposta na loja. Meu av? ficava bravo quando diziam que era uma bicicleta, porque afirmava que n?o, que era uma motocicleta."
10 de 21 Imagem colorizada digitalmente mostra fachada da Casa Navas, em 1945, dez anos após inaugura??o. Na foto, o av? de Vanessa, Geraldo Peres Filhos, aparece em uma motocicleta — Foto: Família Navas/Arquivo pessoal
O av? de Vanessa, Geraldo Peres Filho, come?ou a trabalhar com o pai na juventude, perto dos 18 anos. Na época, o cliente que ia até a Casa Navas encontrava chapéus, gravatas, camisas masculinas, cal?ados e acessórios de montaria, muito procurados pelos bandeirantes. A gama de produtos passou por uma mudan?a nestes 90 anos, decis?o tomada por Geraldo Filho.
"Ele foi vendo os produtos que mais tinham necessidade, mais saída, e focou em cal?ados. Mas, agora, há uns dois anos, a gente voltou a colocar algumas pe?as de roupa feminina, porque é uma tendência. Pessoal já sai com o 'look' completo. Volta à proposta original."
Vanessa relata que uma marca que o estabelecimento nonagenário mantém desde os primórdios é a de oferecer pre?os mais acessíveis ao público de classes média e baixa: "A gente sempre tenta repassar um pre?o mais acessível para atender esse público mais simples. é uma forma até gratificante de a gente tentar ajudar a popula??o a fazer economia".
As mudan?as ao longo dos anos afetaram a cartela de produtos, os pre?os e as formas de pagamento, mas o imóvel passou por poucas altera??es e ainda preserva boa parte do projeto original.
"Teve alguns detalhes na decora??o, de adapta??o, de expor os produtos, mas a gente nunca quis fazer uma grande mudan?a, porque minha m?e sempre achava que, de repente, fazer uma reforma muito diferente iria descaracterizar a loja e as pessoas iriam achar que n?o era mais a mesma coisa, que encareceu e tal. E a gente n?o quer afastar desse público que meu bisav? queria atingir."
Para a gerente, que é a quarta gera??o a comandar o negócio familiar, a responsabilidade é grande, mas também um legado.
"Tem meus irm?os também que ajudam, minha m?e também trabalha. é uma responsabilidade dar continuidade, mas a gente sempre tenta trazer bons produtos e manter essa ideologia de ter um pre?o bom, acessível para conseguir atender esse público. Nunca pensamos em vender. E agora é manter a crian?ada aqui para pegar amor e ter continuidade. A gente torce para continuar", ressalta.
11 de 21 Atual fachada da Casa Navas, estabelecimento aberto em 1935 no Centro de Sorocaba (SP) — Foto: Reprodu??o/Google Street View
Uma lanchonete de 1944
Voltemos ao nosso personagem sorocabano. Agora que garantiu a vestimenta, ele pode querer fazer uma pausa para encontrar amigos. Um dos lugares que atraía este público, na década de 40, é um dos estabelecimentos mais conhecidos de Sorocaba.
Para chegar até lá, o sorocabano terá de percorrer um trajeto considerável: aproximadamente dois quil?metros de caminhada da regi?o central até a Vila Santa Rita, localizada no Além Ponte. Nossa próxima parada é a Lanchonete e Snooker Bar Gast?o, na Rua Foschi Baddini, número 40, inaugurada em 1944.
12 de 21 Lanchonete e Snooker Bar Gast?o, inaugurada em 1944, é um dos bares mais antigos de Sorocaba (SP) ainda em atividade — Foto: Família Fasolin/Arquivo pessoal
O idealizador do comércio foi o empresário Humberto Napole?o Fasolin, que batizou o comércio como Bar e Mercearia Santa Rita, em homenagem à igreja que fica em frente ao bar. Além dos quitutes e bebidas, o que atraía o público eram as quadras para jogar bocha.
Ao lado dos pais, Humbertinho, com 11 anos em 1944, foi colocado para trabalhar no balc?o, onde mostrou ser bom em fazer contas e acabou, por algum tempo, na fun??o de registrar os pagamentos.
Humbertinho ganhou o apelido de Gast?o por causa do compositor Gast?o Formenti, um dos principais nomes entre os cantores brasileiros, tendo atuado bastante entre as décadas de 1920 e 1940. O apelido "grudou" tanto que o jeito foi mudar o nome do estabelecimento.
"De dia, eu entregava mercadorias e, à noite, atendia os clientes que saíam das oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana para beber no bar e tocar música. Eles vinham com todo tipo de instrumento e passavam a noite cantando músicas do Vicente Celestino e do Gast?o Formenti. Diziam que eu era parecido com o Formenti, daí veio o apelido", lembra Gast?o.
13 de 21 Humberto Fasolin, o Gast?o, aos 92 anos, continua indo diariamente ao bar que ajudou a construir — Foto: Larissa Pandori/g1
A regi?o da lanchonete já tinha movimento considerável na época em que o estabelecimento foi inaugurado. Em 1923, houve a constru??o da ent?o Capela de Santa Rita de Cássia. A clientela logo foi se estabelecendo: além de moradores, operários das antigas fábricas de tecelagem e também das oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana, citada por Gast?o.
Apesar de ter nascido alguns anos à frente, quem relata um pouco da época do início do estabelecimento é Maria Aparecida Florentino, de 72 anos, "filha de cora??o" de Gast?o e Olga Figueiredo.
"Muitos que trabalhavam moravam em outro bairro, vieram morar para cá [Vila Santa Rita]. Pessoal que trabalhou nessas fábricas e veio morar aqui. N?o tinha tanto ?nibus, iam a pé trabalhar e passavam por aqui, tomavam o café da manh?. A turma vinha de charrete, lambreta, bicicleta. Era rua de terra. A gente brincava na rua, entende? Era muito bom", comenta Maria Aparecida.
14 de 21 Quando abriu, estabelecimento mantinha quadras de bocha. Com o declínio do esporte na cidade, as quadras deram espa?o para mesas de sinuca, que atraem jogadores até os dias atuais — Foto: Larissa Pandori/g1
Essa turma que ia na lanchonete, seja de charrete, lambreta, bicicleta ou a pé, ia em busca de quê? A atual administradora do estabelecimento, Karine Fasolin Lopes, neta do Gast?o, responde à dúvida e afirma que os sabores da cozinha tiveram pouca mudan?a nos mais de 80 anos de existência.
"Vinham atrás do bolinho de bacalhau e o bolovo, receitas criadas pela minha avó, que s?o as mesmas que usamos até hoje. A minha avó [Olga Figueiredo] é [descendente] portuguesa com espanhol, meu av? italiano, ent?o se vê muito dessas três culturas na culinária da lanchonete. Depois a gente tem a minha m?e [Meire Fasolin Lopes], que come?ou a preparar as porpetas, que é uma alm?ndega de carne. Ent?o hoje a gente tem como pratos mais tradicionais a alm?ndega, o bolovo e os lanches. Tudo é feito aqui."
15 de 21 Lanches, salgados e caldos fazem parte do cardápio da lanchonete — Foto: Larissa Pandori/g1
No balc?o da lanchonete, funcionários e clientes se tornavam amigos. Quem ia até a lanchonete nos anos seguintes à sua inaugura??o também procurava - e encontrava - um espa?o para bater papo e passar um tempo.
Em 1952, a casa comprou sua primeira mesa de snooker, a sinuca inglesa, e passou a conciliar o jogo de mesa com as duas quadras de bocha, que na década de 1980 seriam totalmente substituídas pela sinuca.
Entre a clientela da época, estava o av? de Daniele Bruzaferro Elia. "Meu av? morava a um quarteir?o da lanchonete. Meus pais frequentavam. Eu vinha com eles. Hoje trago meu filho. O lanche tem sabor de infancia. Sou da época que a Olga fazia o salgado, a massa da pizza. é muita tradi??o", comenta a cliente.
Hugo César dos Santos Medeiros, de 58 anos, outro cliente, conta que aprendeu a jogar sinuca na lanchonete, ganhou apelido do proprietário e se tornou amigo pessoal da família Fasolin.
"O Gast?o me apelidou de Fanta, porque, na juventude, eu misturava pinga, groselha e refrigerante para tomar. S?o muitos anos vindo aqui. Quando estava construindo a parte nova e precisava ir buscar algo, ele me chamava para ir junto. Amigo bem próximo", relata.
16 de 21 Mesmo morando atualmente na zona norte de Sorocaba (SP), Hugo César dos Santos Medeiros, de 58 anos, vai com frequência à lanchonete — Foto: Larissa Pandori/g1
Hoje, aos 92 anos, Gast?o n?o consegue comentar muito sobre a história do negócio, que está totalmente ligada à história da sua cria??o, sem se emocionar. Mesmo com idade avan?ada e mobilidade reduzida, o homem "bate ponto" no estabelecimento que ajudou a construir.
"O v? trabalha até hoje. A hora que eu saio para almo?ar, ele vem e fica aqui na frente enquanto a gente almo?a, nos avisa a hora que os clientes chegam, faz o social aqui para a gente", aponta Karine.
"Os clientes passam aí e gritam: 'ó, Gast?o', quando me veem aqui na frente", comenta o empresário, com orgulho.
"é uma honra, e também uma responsabilidade grande de conseguir manter por mais, pelo menos, 20 anos, para chegar no centenário. Antes a concorrência era menor, vai mudando um pouco o perfil do cliente, mas uma das coisas que é muito interessante aqui é que o meu público é muito variado. Ent?o eu atendo desde crian?a do bairro, que vem para comprar doce, refrigerante, pegar o lanche para a família, até o pessoal da época do meu av?, que vem pela memória, e traz a família, os netos, bisnetos. é um desafio, mas a gente continua inovando sempre, se adaptando, sem perder a raiz de tudo", afirma Karine.
17 de 21 Com a ajuda de clientes antigos e sob a gest?o da 4a gera??o familiar, a Lanchonete e Snooker do Gast?o continua atraindo público em Sorocaba (SP) — Foto: Larissa Pandori/g1
18 de 21 De 1922 a 2025: uma jornada por endere?os que preservam a memória de Sorocaba (SP) — Foto: Arte g1
371 ANOS DE SOROCABA
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Memória e curiosidade
Essa conex?o afetiva com o passado e a valoriza??o das rela??es pessoais no comércio refletem a importancia mais ampla que essas atividades têm no tecido social e econ?mico da cidade. Para o jornalista Celso Ribeiro, que possui um acervo de fotos históricas de Sorocaba, os sentimentos de nostalgia e curiosidade contribuem para que os comércios antigos continuem ativos e alcan?ando novos públicos.
"Quando eu publico foto de comércio antigo, de bar antigo, tem bastante curtida, comentário. Os mais velhos têm na memória e os mais jovens querem saber como era o mapa antigo da cidade. Neste sentido, o comércio é muito afetivo: 'Eu ia, era amigo do gerente, era amigo do dono, era amigo do gar?om'. As pessoas gostam de coisas antigas, gostam de manter as coisas antigas com algum toque de modernidade, sem perder a essência", analisa.
O escritor enxerga no comércio n?o apenas um espa?o de compra e venda, mas parte de uma organiza??o que serviu e serve como base para o desenvolvimento urbano de um local.
"Aonde tem indústria tem família. Aonde tem família precisa de base comercial e de servi?os, de padeiro a barbeiro. Ent?o, indústria, comércio e servi?o est?o sempre relacionados. Se a indústria n?o tiver o comércio, n?o vende. E, sem servi?o, n?o tem como sustentar essas famílias que trabalham e compram. Ent?o, essa tríade é essencial para o desenvolvimento da cidade. Os primeiros ocupantes da cidade seguiram a logística dos tropeiros, dos bandeirantes, e os corredores comerciais surgiram naturalmente. Era por onde o povo passava."
19 de 21 Na década de 1920, a atual Rua Coronel Nogueira Padilha, em Sorocaba (SP), ent?o conhecida como Rua dos Morros, era um importante ponto de encontro da comunidade. Já naquela época, a via reunia estabelecimentos comerciais — Foto: Sorocaba Antiga/Divulga??o
A importancia do comércio
Comércio gera emprego, renda, movimenta bairros e é oportunidade de entrada para quem sonha em se tornar um empreendedor.
Para Hygor Duarte, presidente da Associa??o Comercial de Sorocaba, institui??o inaugurada em 1922, o comércio foi e continua sendo um dos principais pilares da economia sorocabana.
"O setor comercial sempre foi protagonista no desenvolvimento de Sorocaba. Durante os momentos mais desafiadores, como a pandemia, mostrou resiliência, criatividade e capacidade de reinven??o. Hoje, com o avan?o da digitaliza??o e das novas formas de consumo, o comércio local continua se modernizando e contribuindo para uma cidade mais próspera e conectada."
20 de 21 Rua Boulevard Braguinha, conhecida rua de comércio popular, no Centro de Sorocaba (SP) — Foto: Eduardo Ribeiro Jr./g1
A facilidade de adapta??o às mudan?as do mercado é um dos fatores que contribuem para que o setor permane?a, mesmo diante de desafios.
"Inova constantemente e serve como porta de entrada para muitos profissionais que iniciam sua trajetória no mundo do trabalho. O fortalecimento do comércio reflete diretamente na qualidade de vida da popula??o e no dinamismo econ?mico da cidade", aponta.
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21 de 21 Cidade de Sorocaba (SP) — Foto: Prefeitura de Sorocaba/Divulga??o
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