Lidamos com uma m\u00e3o de obra mal preparada e infeliz', diz economista
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 22h27)Zeina Latif n?o deseja passar imagem de ingratid?o. Diz ter sido feliz como gestora no mercado finan
Lidamos com uma m\u00e3o de obra mal preparada e infeliz', diz economista
Zeina Latif n?o deseja passar imagem de ingratid?o. Diz ter sido feliz como gestora no mercado financeiro,resultado mega sena 29/03/19 mas chegou o momento em que o curto ou curtíssimo prazo de carteira de investimentos n?o a satisfazia. Ela queria mais.Uma das poucas mulheres em cargos de chefia nas finan?as, ela deixou a XP, onde era economista-chefe, em 2020. Foi secretária de Desenvolvimento Econ?mico do estado de S?o Paulo por seis meses em 2022 até se tornar sócia-diretora da Gibraltar Consulting.
Zeina Latif antes de palestra no Semesp, em S?o Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress é onde tenta achar o consenso entre economia, demandas sociais e, principalmente, educa??o em um mundo que, ela mesmo concorda, é cada vez mais complicado. "Hoje lidamos com uma sociedade com uma m?o de obra mal preparada e infeliz. Muitas vezes, os jovens que v?o para a escola n?o veem o retorno daquele tempo investido, e isso afeta a produtividade, a m?o de obra e a cidadania", disse ela à Folha antes de palestra sobre o cenário econ?mico e o impacto na educa??o, na posse, em mar?o, de Lúcia Teixeira na presidência do Semesp, entidade que representa institui??es de ensino superior no Brasil.Para a doutora em economia pela USP (Universidade de S?o Paulo), a maior amea?a ao crescimento do Brasil está em uma cis?o que provoca um clima de desconfian?a generalizada. Algo que pode chegar ao "ponto de n?o retorno", como define. Especialmente em como pobres e ricos enxergam uns aos outros.Em 2022, a sra. publicou o livro "Nós do Brasil: Nossa Heran?a e Nossas Escolhas", que fala sobre quest?es históricas e como elas se relacionam no histórico de subdesenvolvimento nacional. O país mudou desde ent?o?Do que escrevi, reafirmo a convic??o de ver um país que aos poucos amadurece. Preocupa o ritmo lento. Nós temos situa??es muito preocupantes na parte da educa??o, dos indicadores sociais, no meio ambiente, da violência.A preocupa??o dos economistas é que vamos muito devagar nesses avan?os, e isso gera pontos de n?o retorno.Um ponto de amadurecimento é ter concorrência na política. A gente pode gostar ou n?o de um lado ou se decepcionar com um político ou outro, mas o fato é que temos hoje um país com vis?es da sociedade que se refletem na política.Mas n?o há também um clima de decep??o quanto ao crescimento da economia?A gente tem, desde os protestos de 2013, uma sociedade que se tornou mais exigente. Aquele fen?meno da nova classe média é um grupo que está frustrado. O sonho prometido n?o foi entregue.Nós tivemos uma recess?o gravíssima no país. Ainda n?o houve a volta para os patamares pré-recess?o. Por exemplo, nos bens de consumo, n?o retornamos ao nível pré-crise, sendo que a nova classe média vinha em uma rampa de crescimento.Ao mesmo tempo, esta é uma sociedade mais vibrante. Ficaria preocupada em ter um quadro econ?mico como esse em uma sociedade apática.é mais difícil encaixar uma política econ?mica em sociedade polarizada com anseios opostos?A maioria dos países ricos é democrática. O que temos é de refor?ar os canais de comunica??o. E aqui vou além da economia. Quanto mais a gente tiver um sistema que consegue traduzir esses anseios dos diferentes grupos na agenda pública, mais maduro está ao país.Hoje em dia n?o vejo políticos desconectados da sociedade. A grave recess?o de 2014 a 2016 foi fruto de uma desconex?o da classe política com os problemas econ?micos do país. Houve muitos erros de política econ?mica apesar dos alertas.A sra. percebe um descontentamento com os rumos dos últimos anos?é para ter descontentamento mesmo porque a gente está falando de um país que, se por um lado tem algum crescimento da economia, por outro cresce de forma muito desigual. Isso refor?a a necessidade de acelerar a reforma do Estado.A gente falha miseravelmente na quest?o da igualdade de oportunidades. Criamos uma cis?o na sociedade, e o aspecto que me preocupa mais é a sensa??o de pobre contra rico.Preocupa a desconfian?a das classes mais populares em rela??o à elite. Ninguém confia no governo, o pobre n?o confia no rico, que n?o confia nas institui??es. Isso é um problem?o, é uma falha do Estado na provis?o de servi?os públicos de qualidade de forma acessível.Por isso, a gente precisa acelerar as reformas para ter uma a??o estatal mais justa.Por isso que a sra. escreveu que o pecado original foi negligenciar a educa??o?Ah, foi. Historicamente a nossa elite n?o valorizou a educa??o. Isso desde a forma como o país nasceu como na??o e que teve uma escravid?o t?o longa.N?o havia interesse do proprietário rural porque n?o queria perder essa m?o de obra, o olhar racista de que n?o era preciso cuidar do negro depois de ele ser liberto.No dia seguinte [ao fim da escravid?o], ninguém lembrou que tinha uma sociedade a ser cuidada. Os Estados Unidos têm racismo? Têm racismo, mas o país cuidou da educa??o dos libertos.Uma coisa é universalizar a educa??o, outra é conseguir ensino de qualidade. Ensino de qualidade n?o é só p?r recurso. Você tem uma quest?o de gest?o, tem de enfrentar sindicatos, precisa ter uma sofistica??o institucional muito maior.A gente, na prática, n?o conseguiu ainda universalizar, né? Se essa é a melhor forma de ascens?o, se é a melhor forma de distribui??o de renda, a gente tem falhado muito.Hoje lidamos com uma sociedade com uma m?o de obra mal preparada e infeliz. Muitas vezes, os jovens que v?o para a escola n?o veem o retorno daquele tempo investido, e isso afeta a produtividade, a m?o de obra e a cidadania.Se a sociedade n?o teve acesso à educa??o de qualidade, cai em discursos populistas, n?o consegue ter uma vis?o crítica.Por isso que a sra. disse que, apesar de ser considerado um país emergente, o Brasil, na prática, n?o é?O Brasil é um país emergente. Mas, em rela??o ao grupo dos demais chamados emergentes, temos um desempenho muito pior. Somos emergentes no sentido da renda média. Mas naquela ideia de país emergente que exibe altas taxas de crescimento, da acumula??o de capital, n?o somos. N?o exibimos o desempenho esperado de um país emergente.
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