N\u00e3o queremos sair da Sabesp, queremos ficar', diz secret\u00e1ria do governo de SP
Para Beacraft, generalistas criativos ter?o mais oportunidades Tecnologia bancária Valor Econ?mico.txt
Ian Beacraft: “A ampla gama de interesses n?o é mais distra??o. é um ativo” — Foto: Divulga??o Gra?as às tecnologias de inteligência artificial e automa??o,?omaisoportunidadesTecnologiabancáriaValorEcon?tipps für roulette capazes de executar tarefas com mais eficiência que o ser humano, o futuro do mercado de trabalho pertence a quem tem habilidades variadas. Essas pessoas s?o os “generalistas criativos”, de acordo com o futurista Ian Beacraft, consultor e fundador da agência de estratégia Signal and Cipher. Entre as marcas que sua empresa já aconselhou est?o Samsung, Coca-Cola, Google, Microsoft, Nike e Chase Bank. Para entender o potencial e as limita??es de uma nova tecnologia, avalia Beacraft, é preciso mergulhar nela. Por isso, parte de sua atividade consiste em experimentar constantemente as inven??es recentes. Ele se define como “futurista gonzo”, em referência ao jornalismo gonzo, que relata histórias em primeira pessoa. Nas redes sociais, interage com um rob? programado com inteligência, que apresenta sua própria imagem e voz. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({ mode: 'organic-thumbs-feed-01-stream', container: 'taboola-mid-article-saiba-mais', placement: 'Mid Article Saiba Mais', target_type: 'mix' }); Ao comentar tendências tecnológicas, como a inteligência artificial, o metaverso e as criptomoedas, Beacraft chama a aten??o para o “ciclo Gartner do hype”. O gráfico mostra a sucess?o de picos de entusiasmo e vales de desilus?o que cercam as novidades. Hoje, a IA se encontra no pico, mas um dia estará no vale. Outras tecnologias, hoje no vale, saíram do radar do público. Depois dessas etapas, porém, existe um “plat? de produtividade”, atingido por aqueles que de fato querem construir algo útil com as novas tecnologias. Leia a seguir os principais trechos da entrevista com o Valor. Valor: Em seu Twitter, o senhor interage com um rob? de IA que tem seu rosto e voz. A maioria das pessoas acharia assustador se ver espelhado em um rob?. O que isso representa para o senhor? Ian Beacraft: Eu me considero um futurista gonzo. O ponto n?o é relatar algo objetivamente, mas descobrir onde está a vanguarda da tecnologia e qual é intersec??o entre essa tecnologia e a sociedade. Para isso, resolvi me colocar no centro dessa intersec??o. As coisas se movem t?o rapidamente que a mera compreens?o intelectual n?o nos prepara para o que estamos prestes a encontrar. N?o dá para entender o que se passa sem interagir com as novidades, descobrir seus limites. Sempre há algo que surge do nada e n?o dá para prever. Mas os padr?es se tornam mais claros quando passamos tempo com as tecnologias. Como futurista, meu trabalho n?o é estar certo. é ajudar as pessoas a pensar sobre o futuro de maneiras diferentes, para que, quando encontrarem certos padr?es, possam ter familiaridade. Valor: Quais s?o as maiores preocupa??es das empresas e pessoas que o procuram? Beacraft: As pessoas têm medo de serem substituídas. N?o é à toa. Quando trabalho com consultorias e agências, minha equipe de dez pessoas faz o trabalho de um grupo enorme. Somos muito pequenos e ensinamos os outros a fazer isso. Ontem, em um brainstorm, fizemos o trabalho de cerca de 40 pessoas em quatro horas. Isso preocupa mesmo! Mas n?o é quest?o de eficiência. Nosso propósito é mostrar às pessoas como elas podem aumentar suas capacidades, n?o apenas automatizar e substituir trabalhadores. Podemos ir em várias dire??es, mas acredito que as empresas podem capitalizar as tecnologias de um jeito humano, que ajude as pessoas a se envolverem mais no trabalho, ao mesmo tempo em que capturam o lado positivo da tecnologia. Valor: As demiss?es do Vale do Silício est?o relacionadas a esses avan?os? Beacraft: O problema é que o que tem sido chamado de eficiência, e é a atitude mais fácil a tomar, é um eufemismo para dispensas. As empresas de tecnologia contrataram em excesso durante a pandemia, porque havia muita demanda. Depois, acharam que poderiam continuar nessa dire??o. E parte da estratégia de contrata??o era manter os talentos fora do mercado para prejudicar os concorrentes. Quando os negócios desaceleraram, as empresas n?o aguentaram esse custo. E os executivos passaram a ver a IA como alternativa aos profissionais. Afinal, a IA é o futuro, n?o? Mas n?o é t?o simples. N?o se pode acionar uma ferramenta e substituir 30% da for?a de trabalho. Só que o mercado vê uma redu??o de custo nos balan?os das empresas e as a??es sobem. Com isso, o executivo recebe um b?nus maior. O desafio n?o é a tecnologia, é a gest?o, com seu sistema de recompensas. Valor: O senhor diz que n?o s?o os empregos que ser?o perdidos, mas as descri??es das fun??es. Como é isso? Beacraft: Já n?o penso mais exatamente assim. Ainda acredito que a curto prazo, em muitos aspectos, em certos tipos de trabalho, só vamos perder as descri??es das fun??es, porque elas se tornar?o mais amplos. Teremos um conjunto maior de habilidades. Mas haverá, sim, efeitos fortes sobre o emprego em certos ramos. Por exemplo, atendimento ao cliente; esses empregos se foram. A IA é muito boa nesse trabalho. Mas na economia, em geral, o emprego terá um impacto positivo. Vai levar tempo, e com uma marcha muito irregular. Vamos descobrindo as aplica??es da tecnologia, como dirigi-la a novos mercados. E esses setores absorvem parte do que foi perdido no ciclo anterior. Foi assim que aconteceu nas várias etapas da revolu??o industrial. A tecnologia faz a mesma coisa repetidamente. Valor: Como alguém se prepara para ser um generalista criativo? Beacraft: O generalista criativo aplica sua imagina??o e suas habilidades ao trabalho que quer fazer. A criatividade vem em muitas formas. Contadores podem ser criativos, gerentes de projeto. No último século, o sistema educacional nos encorajou a nos especializarmos, porque a especializa??o aumenta a capacidade em setores específicos. Trazia estabilidade e oportunidades. Só que a IA pode fazer melhor que qualquer humano na maioria das atividades intelectuais. Como indivíduo, n?o tem como competir com ela. As pessoas que v?o prosperar no novo mercado ainda v?o ter uma especialidade, que vai ser como um pilar de sustenta??o, depois uma ou duas outras coisas em que s?o realmente boas e, em seguida, uma gama de interesses. A profundidade de conhecimento em uma área atua como ancora. E a ampla se??o transversal atua como áreas de oportunidade para produzir com proficiência e competência, apesar da falta de experiência técnica. Valor: O senhor é um generalista criativo? Beacraft: Passei a maior parte da vida pensando que ainda n?o sabia o que queria ser. Os interesses est?o em toda parte, a paix?o aparece a qualquer momento. Mas a ampla gama de interesses n?o é mais uma distra??o. é um ativo. As empresas que entenderem isso v?o ganhar. Mas n?o é fácil. O hábito dos executivos é ver a chance de cortar 30% de sua equipe. Valor: Ainda teremos vínculos com uma empresa em particular ou seremos todos freelancers? Beacraft: Ambos, creio. Os freelancers ter?o mais poder, dependendo de como usarem as ferramentas. As pessoas com inclina??o para serem generalistas criativos ter?o mais oportunidades de trabalho e as empresas ter?o interesse em aproveitar a for?a de trabalho sob demanda. Conhe?o uma startup que desenvolveu uma plataforma capaz de avaliar e aproveitar as capacidades de um indivíduo em seu trabalho, por meio do aprendizado de máquina. Uma empresa pode usar essa ferramenta para avaliar o que precisa e encontrar as pessoas equipadas para realizá-lo. é como olhar para o valor de uma habilidade específica. Vejo algo assim como o futuro desses tipos de projetos. Valor: O aumento da eficiência trará mesmo uma redu??o do tempo de trabalho? Beacraft: Esse é um futuro possível e eu adoraria ver: pessoas trabalhando menos horas e sendo mais felizes no trabalho, monetizando suas paix?es de um jeito que agrega valor. O novo estilo de vida do Vale do Silício é trabalhar quatro dias por semana. Essa é uma bela imagem e é viável. Mas também podemos acabar trabalhando mais. Conhe?o cientistas que usaram a IA para obter muito mais dados do que antes. Mas a análise dos resultados ainda é feita manualmente, em equipe. Ou seja, reduziram o trabalho no front-end, mas aumentaram no back-end. O trabalho nos próximos cem anos será bem diferente do que é hoje. Quando olharem para trás, as pessoas v?o estranhar que alguém ficasse 40 horas por semana atrás de uma mesa. Já passamos por algumas mudan?as de paradigma, como o trabalho remoto, o nomadismo digital. O futuro n?o se encaixa nos paradigmas do passado, o passado sendo hoje. Valor: O medo que vem com a automa??o é o dos deep fakes. O que pode ser feito? Beacraft: Primeiro, muito tem que ser feito na educa??o. A Ucrania e a Est?nia, que investem muito em alfabetiza??o digital, s?o bons exemplos. No início da guerra, houve muito deep fake e desinforma??o, mas foram identificados e rapidamente. As pessoas desconfiavam, procuravam as fontes. A cultura americana vai ter dificuldade com isso, porque é uma sociedade de gratifica??o instantanea. Outra parte da resposta é tecnológica. Empresas e consórcios est?o sendo construídos em torno disso. A Adobe prop?s solu??es, como uma marca d’água digital. Há muitas coisas que podemos fazer com a tecnologia para garantir que ela seja segura, que o conteúdo seja produzido de maneira reconhecível. Também vamos precisar de prote??es legislativas. Esse é um grande desafio. No próximo ciclo eleitoral, muita desinforma??o vai ser feita legalmente, porque n?o temos leis que protejam contra ela. Valor: Outra preocupa??o é o excesso de informa??o e o “Fomo”, medo de ficar por fora. A automa??o pode nos levar a perder contato com o que estamos fazendo? Beacraft: Sim. Mas n?o por causa da tecnologia. é por nossa causa. Hoje, muitos influenciadores tentam desesperadamente construir audiências, pular de assunto em assunto, para levar as pessoas ao medo de ficar de fora. E aí as pessoas se mantêm grudadas neles. Estamos fazendo isso uns com os outros. Nós somos o problema. O hype que é criado provoca o desejo constante de recuperar o atraso ou, ao contrário, uma resigna??o exagerada: “N?o consigo acompanhar nada”. Criam-se dois grupos, os utopistas da IA e os distopistas da IA, que n?o se comunicam. Mas nenhum dos lados tem a história completa e a disputa tira o foco das pessoas que est?o resolvendo os problemas reais. Valor: No ciclo do hype, algumas tecnologias est?o no pico das expectativas infladas, outras est?o no vale da desilus?o, outras no plat? da produtividade. Há poucos anos, parece que o mundo cripto estava no pico. Agora, parecem estar no vale. V?o chegar à ladeira? Beacraft: Est?o no vale, claramente. é como na bolha da internet, em 2001. Ali, pareceu que era uma moda passageira. Duas décadas depois, usamos aplicativos para tudo. Superestimamos o que pode acontecer em um ano, mas subestimamos mais ainda o que pode acontecer em uma década. Entre o pico e o vale, o público para de prestar aten??o. Quem só se interessa pelo hype sai do mercado. Fica só quem realmente quer construir algo com a tecnologia. Com o tempo, come?a o movimento rumo ao plat? de produtividade. Leva tempo, n?o é sexy e n?o chama aten??o. Vai demorar, mas o metaverso e o blockchain, v?o produzir grandes efeitos na sociedade. Valor: Com a IA, devemos estar no pico das expectativas. Vamos ter um vale da desilus?o em breve? Beacraft: Sim. Mas n?o será t?o drástico quanto foi para o metaverso e o cripto, porque é uma tecnologia fundamental, está embutida em tudo, como a eletricidade. Grande parte do mundo funciona com tecnologias da Microsoft ou da Apple. Esses algoritmos est?o disponíveis até mesmo para quem tem telefones e navegadores de baixo custo. Tornaram-se infraestrutura.