Saiba como a água é fundamental na explora??o do lítio
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 22h29)Uma das riquezas mais cobi?adas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, brota do ch?o sem a ajuda
Saiba como a água é fundamental na explora??o do lítio
Uma das riquezas mais cobi?adas do águaéfundamentalnaexplora??odolíjogo do juventus sub-23Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, brota do ch?o sem a ajuda das máquinas das mineradoras. água, por lá, vale ouro. S?o meses sem cair do céu no semiárido brasileiro. E a água que corre pela terra tem que dar conta da popula??o e das empresas que exploram o subsolo atrás de lítio.
Estudos apontam a área do Jequitinhonha com o maior potencial de reservas do país. Em mais de 40 anos, de 1973 até 2020, foram 108 processos pedindo autoriza??o para pesquisar e explorar com exclusividade uma parcela do subsolo. De 2021 a 2023, foram abertos mais 450 processos.
1 de 3 De 2021 a 2023, foram abertos mais 450 processos minerários na regi?o. — Foto: TV Globo/Reprodu??o
Aline Weber, pesquisadora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, diz que a tendência é de aumento dos conflitos pelo uso do solo.
“O Vale do Jequitinhonha ali n?o é o vale da miséria. Ele é um vale marcado pela diversidade, pela agro biodiversidade em fun??o dos povos e comunidades tradicionais que ocupam historicamente essa regi?o há gera??es”, diz.
O rio que dá nome ao vale recebe as águas de outros rios com cursos d'água menores, que na época da seca chegam a sumir. Mas os pesquisadores que estudam essa área dizem que n?o desaparecem só por isso. é que a for?a das nascentes vem diminuindo ao longo dos anos e, com isso, o volume de água que chega ao Jequitinhonha é cada vez menor. Ao mesmo tempo, a minera??o é uma atividade que usa muita água retirada desse sistema natural. Uma equa??o que precisa de solu??o.
2 de 3 Regi?o do Vale do Jequitinhonha. — Foto: TV Globo/Reprodu??o
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Essa n?o é uma flor brasileira, mas o nome, rosa do deserto, já explica por que a planta se deu bem no clima do Vale do Jequitinhonha. E tem também a m?o boa do produtor de rosa do deserto e suculentas José Jurandir Alves Esteves, que aprendeu sozinho todos os truques para produzir as rosas que vende. Um desafio sempre foi a irriga??o.
“Eu tendo uma reserva de água, eu posso pensar em aumentar minha produ??o, porque eu vou estar seguro que eu tenho a água, pode irrigar o ano todo”, conta.
3 de 3 A rosa do deserto é cultivada na regi?o do Vale do Jequitinhonha. — Foto: TV Globo/Reprodu??o
A água que faz a produ??o do Jurandir florescer vem de uma barragem. Ela foi construída em um projeto da multinacional canadense que come?ou a minerar o lítio em 2023. A companhia tem uma outorga que permite a retirada de 45 mil litros de água por hora do Jequitinhonha.
“Essa água é uma água que prove de qualidade de esgoto a céu aberto, n?o é uma água plausível para uso nem sequer industrial. Ent?o, nós temos que tratar essa água na entrada com uma esta??o de tratamento de esgoto de entrada para fazer com que essa água seja plausível para uso nessa planta industrial. Ent?o, água de esgoto, tratada para uso industrial e, mesmo assim, 100% reutilizada”, explica Ana Cabral, presidente da Sigma.
A água n?o é um recurso distribuído por igual. Nas estradas, caminh?es-pipa seguem a caminho de comunidades quilombolas. é só desse jeito que a água chega até a casa da de Catilene Pereira Rodrigues. Mas ela só pode pedir abastecimento para a prefeitura a cada 60 dias e recebe 10 mil litros contados para atravessar com a família esses dois meses.
“Pode ser que acaba antes, e aí a gente tem que se virar com o que tem. água, n?o pode ficar sem água. Essa água só para beber e cozinhar... N?o pode lavar roupa. ”, diz a presidente da Associa??o Quilombola Córrego do Narciso do meio.
“Nosso território quilombola é um território sagrado”, afirma Catilene.
Catilene está falando da Chapada do Lago?o, uma área de prote??o ambiental que também é a caixa d'água de Ara?uaí. Lugar de nascentes e onde comunidades aprenderam a lidar com a falta de chuva.
O espa?o por exemplo é um reservatório para armazenar água da chuva. Depois vai para uma cisterna. Como a gente está no período de seca, está assim vazio. E fica desse jeito quatro, cinco meses do ano.
Há poucos meses, essa área esteve na mira de uma das mineradoras que queria estudar o potencial de lítio no subsolo. A pesquisa chegou a ser autorizada pelo conselho gestor da área de prote??o, mas voltou atrás da decis?o por recomenda??o do Ministério Público de Minas Gerais.
“é todo um território que precisa ser protegido e garantido os direitos, porque n?o est?o levando só lítio, est?o levando água. Nós estamos falando de uma regi?o de caixa d'água. Est?o levando terra. O que é disso que nós estamos falando, nós estamos falando de território. Est?o levando biodiversidade. Essa transi??o energética tinha que colocar o ser humano daqui no centro”, afirma Aline Gomes Ruas, da coordena??o estadual do Movimento de Atingidos por Barragens.
O diretor regional de uma ONG global que defende o fim da extra??o de combustíveis fósseis diz que a explora??o do lítio vai além da mudan?a da matriz energética.
“Essa transi??o, para ser justa e ser inclusiva, ela precisa envolver todos esses atores de uma maneira que a gente tenha uma explora??o com o menor impacto possível, e que priorize o desenvolvimento da regi?o, que priorize o desenvolvimento do país e que n?o seja apenas para exporta??o tudo o que vai ser extraído”, diz o ambientalista Ilan Zugman, diretor regional da 350 Org. América Latina.
“Os elementos químicos estratégicos é que v?o determinar o nosso futuro, e n?o só pela disponibilidade do elemento, mas pelas consequências da explora??o deles no ambiente e na sociedade”, explica Henrique Eisi Toma, professor titular do Departamento de Química da USP.
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