Indústria projeta desacelera??o neste ano, e tarifa?o é 'pedra no caminho'
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h42)Puxada pelo desempenho mais fraco da indústria de transforma??o, a indústria brasileira deve crescer
Indústria projeta desacelera??o neste ano, e tarifa?o é 'pedra no caminho'
Puxada pelo desempenho mais fraco da indústria de transforma??o,ústriaprojetadesacelera??onesteanoetarifa?oéloteria federal extra??o 5377 a indústria brasileira deve crescer 1,7% em 2025, um ritmo menor que o do ano passado. A proje??o é da Confedera??o Nacional da Indústria (CNI).
A combina??o de juros elevados, avan?o das importa??es e a expectativa de queda nas exporta??es — impactadas pela sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros — tende a limitar a atividade do setor, segundo a CNI.
??A indústria de transforma??o é um setor que realiza a transforma??o de matéria-prima (insumos) em produtos finais, ou em um item intermediário (que pode ser novamente modificado em outra etapa da produ??o).
Segundo Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da CNI, a indústria brasileira, especialmente a de transforma??o, tem "andado de lado" nos últimos meses. A estagna??o ocorre apesar do aumento na demanda.
“O mercado interno está crescendo, principalmente pelo efeito do aumento de renda do mercado de trabalho, ainda bem aquecido, mas esse aumento de demanda nos últimos meses tem praticamente ou quase que totalmente sendo atendido pelas importa??es”, avalia o especialista.
1 de 3 CNI identifica que aumento na demanda do mercado interno vem sendo suprida por importa??es. — Foto: Agência de Notícias da Indústria via BBC
Secretário do Desenvolvimento Industrial, Inova??o, Comércio e Servi?os do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Servi?os (Mdic), Uallace Moreira ainda assim considera o crescimento industrial deste ano positivo.
"A indústria ainda tem uma continuidade de crescimento, embora você tenha tido esse cenário conjuntural de juros alto e, ao mesmo tempo, dos Estados Unidos desfavoráveis", reflete.
"Eu ainda acho que esse ano cresce (a indústria) num acumulado, vai crescer 1,8 [%], 1,5 [%], com um PIB (Produto Interno Bruto) aí crescendo 2,5 [%] mais ou menos apesar do tarifário e dos juros alto. Porque a taxa de juros alta, ela inviabiliza o setor de bens de consumos duráveis e, ao mesmo tempo, o setor de investimento, de máquinas e equipamentos", complementa.
Na análise de Telles, setores mais diretamente ligados ao crescimento da renda e menos sensíveis às varia??es na taxa de juros têm conseguido absorver melhor essa demanda. Um dos destaques é o setor de alimentos, que vem registrando desempenho positivo dentro do contexto industrial.
Pessimismo na indústria
O empresariado tem demonstrado um crescente pessimismo diante do cenário econ?mico atual, segundo a Sondagem da Indústria de Transforma??o, publica??o mensal do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia). O levantamento apontou que o índice de Confian?a da Indústria (ICI) registrou queda de 4,4 pontos em agosto — a maior retra??o desde o período da pandemia.
De acordo com Stéfano Pacini, economista da FGV IBRE, o pessimismo captado na pesquisa está fortemente ligado aos desafios de curto prazo enfrentados pelo setor industrial.
"O principal fator macroecon?mico que afeta a indústria hoje é, principalmente, a taxa de juros”, explica Pacini.
Segundo o economista, a atual política monetária restritiva tem um efeito direto na atividade econ?mica, pois encarece e restringe o acesso ao crédito — elemento essencial para o consumo de bens duráveis e para os investimentos produtivos.
“Do ponto de vista do empresário, uma taxa de juros elevada leva à cautela. Ele pensa duas vezes antes de investir, adquirir novos equipamentos ou expandir sua capacidade produtiva”, avalia.
Pacini destaca, ainda, que a manuten??o dos juros em patamar elevado, apesar de seus efeitos negativos no curto prazo, tem como objetivo controlar a infla??o e estabilizar a moeda.
“é uma medida necessária neste momento. A política monetária precisa ser mais rígida para evitar novas press?es inflacionárias, e isso passa por uma desacelera??o da atividade econ?mica”, completa.
Essa leitura é compartilhada por Rafael Cagnin, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
“A indústria vive um quadro de desacelera??o, motivado, em grande parte, por fatores internos. O setor é um importante produtor de bens duráveis — tanto para consumo quanto para investimento —, e depende fortemente do crédito para girar. O aumento da taxa de juros desde o último trimestre do ano passado vem retirando dinamismo do setor”, afirma Cagnin.
Tarifa?o
A alíquota de 50% à compra de produtos brasileiros aos Estados Unidos, em vigor desde o dia 6 de agosto, representa "mais uma pedra no caminho do setor", diz Cagnin.
Em julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa extra de 40%, que somada à alíquota já existente, elevou a taxa??o total para 50%.
2 de 3 Tarifas de Trump têm levado à escalada de guerra comercial global. — Foto: Getty Images via BBC
O governo de Trump justificou a medida por raz?es políticas, mas divulgou posteriormente uma lista de exce??es que incluiu, por exemplo, aeronaves – setor sensível para os EUA, cuja frota área utiliza em grande escala modelos da Embraer.
Em paralelo à tentativa de negocia??o para revers?o das tarifas, o governo federal anunciou algumas medidas, como a cria??o de uma linha de crédito de R$ 30 bilh?es para auxiliar empresas impactadas pelo tarifa?o.
3 de 3 Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifa?o de Trump. — Foto: Arte/g1
O Banco Nacional Desenvolvimento Econ?mico Social (BNDES) também anunciou uma linha adicional de crédito de R$ 10 bilh?es voltada para empresas brasileiras afetadas por tarifas menores que 50% aplicadas pelos Estados Unidos.
Segundo o secretário Uallace Moreira, do Mdic, o Plano Brasil Soberano buscou atender o máximo possível das demandas do setor privado. O pacote é resultado de 39 reuni?es conduzidas pelo vice-presidente e sua equipe com 389 entidades produtivas e empresários.
"A gente vai avaliar e verificar o qu?o ela é suficiente ou n?o", afirma Moreira. "Dentro dessa realidade, esse pacote, esse plano, pode se readaptar. A gente pode discutir, aprimorar", explica.
De modo geral, as medidas foram bem recebidas pelos setores, segundo relatos colhidos pelo g1. Ainda assim, a indústria enfrenta um desafio adicional: a adapta??o de sua produ??o ao perfil de consumo dos norte-americanos.
Cal?ados, por exemplo, s?o fabricados conforme o padr?o de numera??o e estilo dos EUA, o que dificulta a redire??o imediata das exporta??es para outros mercados. O mesmo ocorre com autope?as.
"No curto prazo, a??es como o Brasil Soberano ajudam as empresas mais expostas, mas no médio e longo prazo o importante é n?o sair da mesa de negocia??es com os americanos e ao mesmo tempo tentar diversificar destinos atendidos, nossa pauta de produtos e aumentar o número de empresas brasileiras que exportam", sugere Cagnin.
"Muito disso depende da agenda competitividade e da redu??o do Custo Brasil, algo que já deveríamos ter feito há muito tempo. Temos o acordo Mercosul-Uni?o Europeia, que seria interessante ver implementado, assim como outros acordos bilaterais que abrissem novos mercados", conclui.
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