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Envelhecimento da popula??o desafia saúde suplementar Gest?o da saúde Valor Econ?mico.txt
Paulo Rebello: “é fundamental cuidar integralmente do ??odesafiasaúdesuplementarGest?odasaúdeValorEcon?camping neve sul cassino mapsbeneficiário, prevenindo agravos e doen?as” — Foto: Silvia Zamboni/Valor O censo 2022 do IBGE confirmou dados que desafiam o setor de saúde suplementar: os brasileiros est?o envelhecendo. O número de habitantes com 60 anos ou mais chegou a 32,1 milh?es - 15,6% da popula??o - subindo 56% em rela??o a 2010. Dados da Agência Nacional de Saúde (ANS) indicam que, nos últimos cinco anos, houve um aumento de 1 milh?o de beneficiários dessa faixa etária nos planos de saúde, fechando 2023 com 7,57 milh?es de pessoas. Com a longevidade, crescem a incidência de doen?as cr?nicas, interna??es e tratamentos mais longos, entre outras demandas que elevam as despesas assistenciais. Levantamento de 2021 do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS) indica que o número de usuários de planos com 60 anos ou mais deve aumentar 47% até 2031. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({ mode: 'organic-thumbs-feed-01-stream', container: 'taboola-mid-article-saiba-mais', placement: 'Mid Article Saiba Mais', target_type: 'mix' }); “E os cuidados com idosos consumir?o 45% do total das despesas assistenciais ante os atuais 35%”, observa a diretora-executiva da Federa??o Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Vera Valente. Outro estudo, da Uni?o Nacional das Institui??es de Autogest?o em Saúde mostra que, em 2020, a despesa assistencial anual per capita na faixa etária acima de 59 anos foi mais que o dobro da faixa imediatamente anterior, de 54 a 58 anos. A ANS, que regula o setor, está engajada na mudan?a do modelo assistencial, tornando-o mais direcionado a medidas preventivas e menos focado no tratamento. “Embora tratar a doen?a seja imprescindível, é fundamental cuidar integralmente do beneficiário, prevenindo agravos e doen?as”, diz o diretor presidente da agência, Paulo Rebello. Leia mais: Diagnósticos e tratamentos avan?am com healthtechsOperadoras investem em rede própria e buscam vis?o sistêmicaEmpresas tentam reduzir custo de convênioIntegra??o de dados deve vir em 2028 O envelhecimento populacional, lembra ele, impacta a sustentabilidade financeira do setor e exige reavaliar o modelo vigente. Por isso, a ANS desenvolve programas de incentivo à promo??o da saúde e preven??o de doen?as. Para o superintendente médico da Associa??o Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Cássio Ide Alves, a aten??o primária, a medicina preventiva e a gest?o de pacientes cr?nicos s?o a??es fundamentais, já em curso no setor. Além disso, ele lembra a responsabilidade dos gestores em identificar quais tecnologias “realmente atendem a necessidades dos beneficiários”. Há quem veja, nesse contexto demográfico, um nicho de negócio, como a operadora MedSênior, cuja carteira tem idade média de 69 anos. No ano passado, seu crescimento foi de mais de 50%, atingindo 141 mil beneficiários. Até dezembro pretende chegar a 420 mil usuários e, em 2030, 1 milh?o. “Focamos em medicina preventiva e aten??o diferenciada”, diz o vice-presidente executivo da Medsênior, Mauly Coelho Filho. A estratégia visa aliviar o custo a partir do acompanhamento personalizado do paciente. Presente em Vitória, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Rio e S?o Paulo, a MedSênior estuda avan?ar para outras regi?es. Sua rede de prestadores de servi?o tem 37 unidades próprias e 97 hospitais credenciados. Outro exemplo de como lidar com o envelhecimento vem da Bradesco Saúde, que está orientando seu modelo para a aten??o primária e programas de cuidado. Além de ajudarem no esfor?o de controlar custos, essas iniciativas servem para fidelizar e atrair clientes empresariais, segmento de atua??o da operadora. “Os programas de promo??o da saúde, bem como as iniciativas de aten??o primária, s?o percebidos pelas empresas como diferenciais dos nossos planos”, diz o presidente da Bradesco Saúde, Manoel Peres. Um levantamento de 2022, realizado com os idosos do Meu Doutor Geriatria, uma das linhas do programa Meu Doutor, da operadora, e feito em parceria com o HCor, mostrou que a ida a pronto socorros caiu 55% no primeiro ano de participa??o dos pacientes, em rela??o aos 12 meses anteriores. “O envelhecimento da popula??o é um fator perturbador para a saúde suplementar”, aponta o professor da USP e pesquisador da Unicamp/Fapesp, Jorge Félix. Pelo lado das operadoras, diz, há as limita??es do modelo mutualista e aumento dos custos da saúde, incluindo “altas abusivas por parte dos hospitais”. Já na ponta do cliente, Félix observa que a mensalidade dos planos vem se caracterizando como uma dívida eterna no or?amento de idosos e de famílias com idosos. “Muitos come?am a abrir m?o do plano devido a reajustes acima da infla??o. O setor vive um desequilíbrio cr?nico com o fen?meno da longevidade, o que faz piorar a presta??o do servi?o.” Em 2023, o reajuste dos planos individuais dado pela ANS foi de 9,6% contra uma infla??o de 4,62%. Para os planos coletivos, que têm aumento negociado entre operadoras e clientes, o percentual superou a casa dos 20%. O economista e doutor em saúde coletiva Carlos Ocké, ressalta que o modelo de negócio das operadoras normalmente imp?e uma sele??o de risco que acaba expulsando idosos e doentes cr?nicos por meio do aumento abusivo de pre?os. Segundo ele, a regula??o deveria ser mais racional. O setor, comenta Ocké, recebeu subsídios indiretos do Estado que somaram cerca de R$ 25 bilh?es em 2021, de acordo com dados da Receita, considerando valores que deixam de entrar nos cofres públicos por conta das dedu??es no Imposto de Renda para clientes de planos (tanto famílias quanto empregadores). Esses subsídios, a seu ver, s?o ineficientes e retiram do Sistema único de Saúde (SUS) verbas fundamentais. “No entanto, uma vez que eles existem, deveria ser exigido da saúde suplementar uma contrapartida, como mensalidades menores, especialmente para os idosos”, destaca. “Seria oportuno também reduzir a ineficiência administrativa no interior da cadeia produtiva dos servi?os médico-hospitalares”, acrescenta. Para a consultora Ana Carolina Navarrete, que integra o Conselho Nacional de Saúde, as operadoras ainda veem o envelhecimento como fator de risco para os negócios, “a ser amortizado, digamos assim, por meio de práticas abusivas, como cancelamentos de contratos sem motivo, e reajustes por faixa etária impraticáveis”, diz.