Desde 2000, número de professores de creches que fizeram faculdade passa de 11% para 66% do total
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 20h32)1 de 17 Alunos de creche municipal em Indianópolis (SP) brincam no gira-gira. — Foto: Marcelo Br
Desde 2000, número de professores de creches que fizeram faculdade passa de 11% para 66% do total
1 de 17 Alunos de creche municipal em Indianópolis (SP) brincam no gira-gira. — Foto: Marcelo Brandt/G1
Em 17 anos,como ganhar bonus sportingbet a forma??o dos professores que trabalham nas creches brasileiras mudou radicalmente. O mais comum, em 2000, era encontrar docentes que tinham estudado até o ensino médio, sem fazer uma gradua??o – caso de 66,4% deles. Cerca de 9% n?o tinham nem terminado o ensino fundamental.
Em 2017, ano do último Censo Escolar, a situa??o se inverteu: 66,3% dos professores têm diploma de ensino superior. Um ter?o do total fez, inclusive, algum tipo de especializa??o.
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Segundo estudiosos consultados pelo G1, os dados do Censo, divulgados anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), comprovam uma mudan?a na forma como a creche é vista: n?o é um local onde bebês e crian?as de 0 a 3 anos recebem apenas cuidados básicos. é mais do que isso: está no sistema educacional e tem fun??es pedagógicas importantes.
2 de 17 Creches deixaram de ser vistas como locais com foco somente nos cuidados básicos. Na foto, bebês da CEI Indianópolis tomam café da manh?. — Foto: Marcelo Brandt/G1
Consequentemente, passa a exigir profissionais capacitados. “A creche promove a possibilidade de um desenvolvimento saudável. Precisa de um programa pedagógico e de boa forma??o de professores”, diz Beatriz Abuchaim, da Funda??o Maria Cecília Souto Vidigal. “Ali, a crian?a vai conhecer o mundo, aprender a se relacionar com pessoas da mesma idade que ela e desenvolver quest?es cognitivas, como a express?o verbal”, diz.
Cristina Nogueira, coordenadora do curso de pedagogia no Instituto Singularidades (SP), também refor?a a mudan?a de perspectiva em rela??o à creche. “Ela nasceu como uma institui??o de assistencialismo, para ajudar os pais. Depois, com estudos na sociologia, na pedagogia e na psicologia do desenvolvimento, a creche passou a ir além dos cuidados – e a aprendizagem e o bem-estar come?aram a ser valorizados nessa fase”, explica.
Apesar dos avan?os, há desafios: existem faculdades de pedagogia de curta dura??o e sem experiências práticas. Os profissionais formados ainda se deparam com salários baixos, salas de aula superlotadas e falta de infraestrutura em determinadas institui??es de ensino.
A seguir, especialistas analisam os avan?os e os obstáculos para os professores que atuam nessa etapa de ensino.
Até que período esses professores estudaram?
Analisando o Censo Escolar de 2017, é possível afirmar que o Brasil tinha, no ano passado, 273.639 professores atuando em creches, com as seguintes forma??es:
0,57% deles estudaram até o ensino fundamental 33% cursaram até o ensino médio66,3% fizeram uma gradua??o
Na parcela de 181.668 professores com diploma no ensino superior, 75.522 deles continuaram estudando depois de terminar a faculdade. A maioria fez algum curso de especializa??o (74.478 docentes, o equivalente a 27% do total de professores brasileiros).
Além disso, há aqueles que ingressaram em pós-gradua??es stricto sensu – 932 cursam ou já concluíram o mestrado (0,3% do total) e 112, o doutorado.
Em 2000, o Censo mostra que a quantidade de professores formados era muito inferior. De um total de 50.224 docentes de creches:
8,96% tinham o ensino fundamental incompleto, ou seja, abandonaram a escola antes do 9o ano (antiga 8a série);13,18% terminaram apenas o ensino fundamental;66,4%, ou seja, a maioria, estudaram até o ensino médio, sem gradua??o;11,43% conseguiram terminar o ensino superior.
3 de 17 Gráfico indica o grau de forma??o dos professores de creche. — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
“Nos anos 2000, houve um movimento de países desenvolvidos pressionarem os demais para promoverem a forma??o profissional de quem atua na primeira infancia. Antes, os chamados pajens (atendentes) tinham essa vis?o da parte física e biológica”, explica Maria Angela Barbato Carneiro, professora do curso de educa??o na PUC-SP.
"As crian?as ficavam no ber?o, n?o havia diálogo na hora do banho. Estudos foram refor?ando a necessidade de um profissional que estimulasse o desenvolvimento social, linguístico e afetivo. Por isso, foi crescendo a porcentagem de docentes formados", completa Maria Angela.
No Centro de Educa??o Infantil Indianópolis, creche da rede pública na zona sul de S?o Paulo, mais de 90% dos professores fizeram uma pós-gradua??o. Uma delas é Adriana Sanches, de 47 anos, que atua há 28 anos em escolas públicas e privadas. Ela se especializou em áreas como educa??o inclusiva, cidadania e psicopedagogia.
4 de 17 A professora Adriana Sanches fez especializa??es em educa??o especial e em psicopedagogia. — Foto: Marcelo Brandt/G1
“é importante sempre estudar porque a m?o de obra precisa se adequar às mudan?as da sociedade. Antes, as crian?as com deficiência ficavam em casa. Hoje, elas est?o nas creches e precisamos saber educá-las. Tenho um aluno cadeirante e, por isso, fui buscar uma especializa??o na área”, conta.
Outra profissional dessa mesma creche, Lucy Almeida, faz mestrado em educa??o e saúde na Universidade Federal de S?o Paulo (Unifesp). “A iniciativa para estudar costuma vir dos próprios professores, com apoio da gest?o da escola, para conseguir conciliar os horários. A educa??o infantil exige uma melhor forma??o. é a fase mais importante da educa??o básica”, diz.
5 de 17 Lucy Almeida faz mestrado e trabalha em uma creche municipal de S?o Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1
‘Trabalho em creche e fa?o doutorado’
A pedagoga Beatran Hinterholz, de 42 anos, é uma das 112 professoras de creches no Brasil que fez ou está cursando o doutorado. Ela trabalha na Escola Municipal de Educa??o Infantil (Emei) Vó Olga, na cidade de Mato Leit?o, a 135 km de Porto Alegre (RS). é o único estabelecimento de ensino com creche no município – que tem aproximadamente 4 mil habitantes.
Beatran tem duas turmas na creche: uma com bebês de 1 a 2 anos e outra com crian?as de 3 anos. Ela concilia o trabalho na institui??o com o doutorado em educa??o na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), onde estuda sobre a forma??o de professores.
“Comecei a trabalhar em creches em 1997, quando n?o tinha nenhuma forma??o na área. A educa??o infantil nem tinha essa denomina??o ainda – era parte da política de assistência social e n?o era responsabilidade do Ministério da Educa??o”, relembra.
“Eu era atendente e fui percebendo, aos poucos, que lidar com crian?as exigia preparo. Eu n?o sabia o que fazer, o que pensar sobre elas. Conseguia só focar no básico, como trocar fraldas e dar as refei??es. N?o sabia nada sobre o desenvolvimento de cada faixa etária.”
Ela, ent?o, decidiu cursar pedagogia. Em 2014, ingressou no mestrado na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc)– quando estudou sobre infancia e educa??o infantil - e já emendou com o doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que será concluído em 2020. “é difícil conciliar o estudo e o trabalho. Passo minhas férias, minhas noites e meus finais de semana estudando. Levo duas horas para chegar a Porto Alegre e assistir às aulas na universidade”, diz.
Beatran conta que a forma??o profissional muda a atua??o do professor na creche. Desde que passou a estudar, ela tem argumentos para explicar aos pais e à comunidade a importancia de brincar com argila e terra, por exemplo. Também consegue perceber como é essencial escutar as crian?as e contar histórias.
“Sendo a única creche da cidade, nossa for?a para defender a infancia é muito forte. A gente tenta pensar cada vez mais em forma??o continuada, para os professores n?o pararem de estudar”, conta Beatran. “Outro esfor?o é sempre trazer as famílias para perto da escola.”
Ela conta que n?o parará de trabalhar na creche após concluir o doutorado. “Preciso da teoria, que aprendo estudando, sempre aliada à prática do dia a dia com as minhas turmas. Uma pedagogia só acadêmica, longe da escola, n?o leva tanto em conta os desafios e as perspectivas do professor”, diz. “E n?o quero parar de ver o sorriso das crian?as, o encanto a cada descoberta.”
6 de 17 Professora conta histórias para bebês em uma creche municipal na zona sul de S?o Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1
O que a lei diz sobre a forma??o de professores da creche?
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educa??o Nacional (LDB) passou a estimular que todos os professores tivessem forma??o em curso superior. Mas, até hoje, o documento permite que, na educa??o infantil (formada por creche e pré-escola), ainda haja profissionais que tenham estudado até a extinta modalidade “normal” – um tipo de ensino médio no qual o aluno cursava um ano extra para poder atuar em sala de aula.
Mesmo com essa permiss?o, existe a tentativa de aumentar a porcentagem de professores graduados. Uma das metas do Plano Nacional de Educa??o (PNE) é garantir a todos os profissionais da educa??o básica, até 2024, a forma??o continuada.
“Houve um esfor?o a nível municipal e nacional para que professores que já estivessem atuando na sala de aula, mas sem forma??o superior, conseguissem estudar”, diz Beatriz, da Funda??o Maria Cecília Souto Vidigal.
A professora Maria Angela, da PUC-SP, explica que a situa??o varia conforme o estado. “Naqueles com poucas faculdades e escolas distantes, ainda existe essa realidade de profissionais sem forma??o”, explica. “Mas em S?o Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, por exemplo, a rede pública só contrata um professor efetivo que tenha feito ensino superior.”
O curso de pedagogia
Maria Angela Barbato Carneiro explica que, apesar de as políticas públicas estimularem a forma??o do profissional da creche, existem ainda faculdades de pedagogia de baixa qualidade, curta dura??o e sem experiências práticas.
E, mesmo entre as que s?o bem avaliadas, reformula??es precisam ser feitas, segundo Beatriz, da Funda??o Maria Cecília. “O currículo necessita ser discutido, porque é muito generalista. O estudante de pedagogia vai poder atuar na educa??o infantil, no ensino fundamental, como também se tornar gestor de escola ou professor de jovens e adultos”, diz. “Isso pulveriza a educa??o infantil – ela vira só um item entre todos esses. E, normalmente, é ensinada apenas em disciplinas teóricas. é fundamental que o aluno tenha atividades práticas desde o início do curso.”
Ela acredita que a formula??o da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – documento que estipula o que deve ser ensinado, no mínimo, em cada etapa de ensino – pode ajudar a guiar uma reformula??o na gradua??o de pedagogia.
7 de 17 Crian?as brincam no tanque de areia da CEI Indianópolis. — Foto: Marcelo Brandt/G1
Cristina complementa que ter parametros ajuda também na valoriza??o da creche. “Mostra que n?o é qualquer etapa. Deve estar embasada em teorias da pedagogia e da psicologia”, diz.
Além das modifica??es necessárias no curso de pedagogia, especialistas lembram também a importancia de valorizar a fun??o do profissional de educa??o, para que a carreira se torne mais atrativa.
“O salário é muito baixo – no início, pagam-se cerca de R$ 1.500,00. Faltam condi??es para desenvolver um bom trabalho, como uma quantidade excessiva de crian?as por docente e a necessidade de acumular empregos para conseguir se alimentar e se transportar”, diz a professora Maria Angela.
Em que tipo de creche os professores trabalham?
Segundo o Censo Escolar 2017, o Brasil tinha, no ano passado, 273.639 profissionais atuando em creches – sendo 64,6% em estabelecimentos públicos e 35,4%, em privados. é uma propor??o que acompanha o número de creches no Brasil: 40.302 (59,3%) s?o públicas e 27.600 (40,7%), privadas.
A maior parte dos profissionais que atuam em creches públicas s?o concursados e têm estabilidade – 75,8%. Depois, vêm os contratos temporários, mais comuns nos municípios (22,5%); os terceirizados (0,5%) e, por último, os empregos com CLT (1,9%).
8 de 17 Professores trabalharam, na maioria dos casos, em estabelecimentos públicos. — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
Abaixo, o infográfico mostra o número de locais com creche no Brasil:
9 de 17 Gráfico indica número de locais com creches urbanas e rurais no Brasil. — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
Mais crian?as est?o na creche
A meta do PNE é que, até 2024, metade das crian?as de 0 a 3 anos esteja matriculada na creche. Segundo a Pnad 2017, o índice atual é de 32,7%.
Apesar de o objetivo ainda estar longe de ser atingido, é possível notar um aumento grande no número de alunos dessa etapa de ensino nos últimos anos. De acordo com o Censo Escolar 2017, 3.406.796 crian?as estavam matriculadas em creches no ano passado. Em 2000, eram 916.864 alunos nessa etapa – ou seja, o total quase quadriplicou em 17 anos.
10 de 17 Propor??o de crian?as de 0 a 3 anos na creche aumentou significativamente, mas ainda n?o alcan?ou a meta do PNE. — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
Beatriz Abuchaim, da Funda??o Maria Cecília Souto Vidigal, destaca que n?o podemos só focar na quantidade de alunos matriculados. é importante também desenvolver políticas públicas e investir na qualidade do atendimento. “Em elei??es municipais, por exemplo, é comum discutir o número de vagas criadas. Seria ótimo que a rede se ampliasse, mas desde que haja bons recursos, que garantam o desenvolvimento adequado das crian?as”, explica a especialista.
"Uma boa creche deve ter infraestrutura adequada e materiais como livros e brinquedos. Os alunos n?o v?o só brincar ali. Precisam ser guiados por profissionais qualificados, que deem intencionalidade às brincadeiras”, completa Abuchaim.
11 de 17 O 'brincar' e a fantasia s?o essenciais para o desenvolvimento das crian?as. — Foto: Marcelo Brandt/G1
E o que é ser uma boa creche?
O brincar é essencial em uma boa creche. “Isso faz as crian?as descobrirem novidades interessantes. Por exemplo: est?o brincando no tanque de areia e encontram um tatu-bola. Encostam nele e percebem que ele fica redondo. Se você explicar oralmente, n?o vai trazer o mesmo impacto que elas descobrirem sozinhas, no meio de uma brincadeira”, explica Maria Angela. “Depois, o professor pode aproveitar e trabalhar o conceito.”
Cristina refor?a a importancia de um projeto pedagógico com elementos culturais, como cantigas de roda, conta??o de história e instrumentos musicais. De acordo com ela, até os momentos de cuidados básicos devem ter estímulo cognitivo. “Na hora de o adulto dar banho, pode fazer jogos de linguagem, conversar e ouvir a crian?a. Isso é essencial para o desenvolvimento dela.”
12 de 17 Crian?as sobem em árvores e brincam em tanques de areia durante o dia nas creches. — Foto: Marcelo Brandt/G1
Lucy Almeida, mestranda e professora da CEI Indianópolis, conta que tem como objetivo estimular a independência e a autonomia das crian?as – desde que com regras. “Também acredito que seja essencial a parceria com as famílias dos alunos. A m?e de um deles é contadora de histórias e veio passar um dia aqui. Outro pai é marceneiro e ajudou a construir um carrinho de madeira para os alunos bebês. Um casal de professores de educa??o física fez um dia do desafio aqui na creche”, relata.
Segundo relatório da Funda??o Maria Cecília Souto Vidigal, uma boa creche deve:
ter uma equipe que desenvolva atividades adequadas para cada faixa etária, sempre com cuidado, estímulo e afeto;estabelecer uma rela??o próxima com as famílias;ter funcionários que fiquem atentos a todos os sinais que as crian?as emitem;contar com profissionais que v?o além do curso superior e sigam a forma??o continuada, com atualiza??es constantes;ter a propor??o correta de professores de acordo com a quantidade de alunos – dos 0 aos 2 anos, de 6 a 8 crian?as para cada docente; aos 3 anos, 15 para cada um;estimular o brincar livre e o brincar com intencionalidade – sem a preocupa??o em antecipar a alfabetiza??o;ter infraestrutura com parquinho, espa?os ao ar livre, brinquedos na altura das m?os das crian?as, materiais criativos (arte, música, teatro), biblioteca.
13 de 17 Uma boa creche deve ser formada por profissionais capacitados e infraestrutura adequada. — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
Desigualdade
Um dado se manteve semelhante entre 2000 e 2017: a distribui??o desigual das creches por regi?es do país e por faixas de renda.
Segundo informa??es da Pnad Contínua 2017, a porcentagem de crian?as de 0 a 3 anos que frequentam a creche é menor na regi?o Norte e maior no Sul e no Sudeste:
14 de 17 Mapa mostra distribui??o de creches por regi?o brasileira. — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
Considerando a renda das famílias, um levantamento elaborado pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes), da Universidade de S?o Paulo (USP), aponta que a falta de vagas em creches é maior entre os mais pobres.
Como a matrícula nesta etapa de ensino n?o é obrigatória, algumas famílias optam por n?o levar a crian?a à institui??o de ensino até que ela fa?a 4 anos. Outras pesquisam creches, mas n?o conseguem vaga.
Na faixa de renda familiar de até dois salários mínimos por mês, 34% das crian?as de 0 a 3 anos est?o fora da creche por dificuldade de encontrar um estabelecimento com disponibilidade. Já entre as famílias mais ricas, com mais de cinco salários mínimos por mês, essa parcela é de 9%.
15 de 17 Gráfico mostra a disponibilidade de creches de acordo com a renda familiar mensal. — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
Beatriz, da Funda??o Maria Cecília Vidigal, refor?a que crian?as em situa??o vulnerável podem ter menos estímulos cognitivos. “Nesses casos, se v?o para uma creche de qualidade, elas têm ainda mais benefícios que uma crian?a de classe média, que provavelmente possui livros em casa e que cresce em uma família com nível de escolaridade mais alto”, diz.
“Nos preocupa perceber que o acesso à creche é menor entre os mais pobres. Significa que n?o está chegando às famílias que mais precisam.”
16 de 17 Alunas da CEI Indianópolis brincam entre os colch?es da 'hora da soneca'. — Foto: Marcelo Brandt/G1
Cristina, do Singularidades, complementa: “Além do ponto de vista pedagógico, é um problema social para as m?es trabalhadoras. Elas precisam de um local onde o filho se desenvolva com seguran?a e harmonia – mas n?o encontram vaga”, diz.
Na estrutura das institui??es, também há desigualdade. Um levantamento do Todos Pela Educa??o, a partir de microdados do Censo Escolar 2015, mostra que o parque infantil só está presente em 40,7% das creches da rede pública. A sala de leitura, outro elemento considerado importante pelos especialistas, só comp?e o espa?o de 14,2% delas. Veja outros itens:
17 de 17 Nas creches públicas, 40,7% possuem parquinho e 14,2%, sala de leitura. — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1
Em 2019, pela primeira vez, o Inep fará uma avalia??o nacional em creches e pré-escolas. Professores e diretores ter?o de responder a questionários sobre forma??o docente e infraestrutura dos estabelecimentos, por exemplo. As crian?as n?o ser?o avaliadas.
Adriana, professora em S?o Paulo, compartilha uma frustra??o. “Quando ouvimos alguém falando de educa??o e excluindo a creche, n?o gostamos disso. A forma??o de educadores nesta etapa n?o pode ser esquecida - ajuda a intervir melhor, a saber estimular o brincar livre e o brincar com inten??o. Nosso objetivo é que as crian?as ven?am o ‘já sei’” e sempre avancem”, diz.
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