Inclus?o socioprodutiva leva renda, dignidade e autonomia a quem mais precisa
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h16)1 de 4 Pessoas em situa??o de vulnerabilidade e reintegra??o social encontram recome?o na capaci
Inclus?o socioprodutiva leva renda, dignidade e autonomia a quem mais precisa
1 de 4 Pessoas em situa??o de vulnerabilidade e reintegra??o social encontram recome?o na capacita??o e no empreendedorismo – — Foto: Acervo pessoal de Maria Azevedo
Reduzir as desigualdades no Brasil é um desafio e um objetivo a ser conquistado dia após dia. Enfrentamos uma grande exclus?o social,quina 4231 resultado e essa situa??o se agravou ainda mais com a pandemia da covid-19. Segundo o Banco Mundial, cerca de 49 milh?es de brasileiros passaram a viver em situa??o de pobreza nesse período. Em 2023, dados da PNAD Contínua do IBGE mostraram que 8,6 milh?es estavam desempregados, 3,7 milh?es haviam desistido de procurar emprego e outros 12,3 milh?es estavam fora do mercado de trabalho.
Mas em meio a estatísticas t?o duras, histórias como a de Maria Azevedo de Brito, moradora do sert?o do Rio Grande do Norte, mostram que é possível transformar vulnerabilidade em potência — mesmo no município de Cruzeta, onde o índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM) é de apenas 0,654, segundo o IBGE. Ali, no sítio chamado Umari II, ela e o marido, José Orly, tiram do cultivo organico do algod?o, frutas e legumes o próprio sustento e ainda inspiram outros produtores rurais.
Maria atribui a virada de seu negócio a Roberto Cavalcante, um jovem universitário que fazia estágio na Empresa de Assistência Técnica e Extens?o Rural (Emater). “Ele foi um anjo na nossa vida”, relembra com carinho. O estudante havia recebido uma bolsa e estava acompanhando pequenos produtores da regi?o em 2015, quando enxergou o potencial das hortali?as organicas cultivadas por Maria e insistiu: “Vocês têm que levar esses produtos para as feiras. As pessoas precisam conhecer isso aqui.” Maria produzia principalmente para o consumo em casa, apesar de fornecer informalmente para pessoas próximas.
A partir da participa??o nas feiras, Maria teve o primeiro contato com Sergina Dantas, analista do Sebrae-RN, que se tornaria uma das principais incentivadoras do seu trabalho. De Roberto e Sergina aos compradores locais, esse conjunto de apoios forma a base da inclus?o socioprodutiva: iniciativas que promovem o acesso de pessoas em situa??o de vulnerabilidade ou ressocializa??o ao mercado de trabalho, seja com carteira assinada ou por meio do próprio negócio.
Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, essa proposta refor?a que gerar oportunidades concretas é essencial para combater a disparidade econ?mica. E o Sebrae apoia essa vis?o. “Todos devemos repactuar nosso compromisso com a transforma??o social por meio da inclus?o produtiva”, afirma Décio Lima, presidente da institui??o.
2 de 4 A produ??o organica de Maria e José é diversa. Alface, cebolinha, coentro, rúcula, tomate cereja, melancia, graviola, mel?o cheiroso e mais — Foto: Acervo pessoal de Maria Azevedo
Do algod?o à energia solar
Com esse apoio valioso, Maria passou a enxergar seu sítio com outros olhos. Ao longo da caminhada, ela e o marido participaram de diversas oficinas oferecidas pelo Sebrae, receberam consultoria técnica especializada e orienta??es sobre compra e venda dos produtos. “Sempre que eu posso, estou dentro”, comentou sobre as capacita??es. Também integraram o projeto AgroSert?o, focado no fortalecimento da agricultura familiar no semiárido. Além disso, Maria fez parte do programa Sebrae Delas e do movimento Mulheres do Agro, iniciativas que refor?aram ainda mais seu protagonismo no campo.
O grande astro da produ??o hoje é o algod?o, que inclusive é vendido para uma grande varejista de moda nacional. Além das hortali?as, Maria e José produzem leite, queijos, doces, licores e lambedores (espécie de xarope caseiro feito com plantas medicinais), aproveitando quase tudo do pequeno espa?o que tem. “A gente compra o a?úcar. Mas quase todo resto é tirado daqui”, afirma feliz.
A vida no campo, no entanto, n?o é feita só de colheita. Por trás do que se vê, há muito trabalho e supera??o. A experiência com o Sebrae também trouxe o reconhecimento. “Antes, as pessoas n?o sabiam do que a gente era capaz. Hoje sou convidada para eventos. Estudantes e até chefes de município vêm aqui conhecer nosso trabalho. Isso foi um pontapé muito grande, sou muito reconhecida”, celebra.
A dedica??o e o amor pelo que faz já rendeu uma surpresa inesquecível, também impulsionada pela Sergina do Sebrae. Em 2024, durante a tradicional Festa do Boi, no Rio Grande do Norte, Maria foi homenageada com uma imagem sua em diversos painéis do evento. “Quando eu cheguei lá e vi minha foto, eu pensei: ‘Meu Deus, me escolheram!’ Foi uma das maiores emo??es que já vivi. Também me chamaram até o palco e fiz um pronunciamento sobre o meu trabalho para todo mundo. Foi um dos momentos que mais me marcaram.”
Foi também a agricultura que a ajudou a se reerguer de momentos difíceis, como o fim de um casamento anterior e episódios de depress?o. Com for?a e coragem, ela seguiu em frente ao lado de José. Juntos, através desse reconhecimento, investiram em melhorias: instalaram energia solar, internet e até um sistema automatizado para ligar e desligar a bomba d’água. “Antes a gente precisava ir até o catavento. Hoje, a gente faz tudo de casa. é outro mundo.”
Aos 56 anos, Maria tem pouca habilidade na leitura e escrita, mas n?o deixa que isso a impe?a de aprender. Quer fazer um curso, comprar um computador e registrar suas receitas para que n?o se percam. “Quero dar continuidade à nossa cultura, ao que minhas bisavós me ensinaram pra ficar pra outras gera??es.”
E o futuro? Maria sonha em seguir cultivando e colhendo. “Meu maior propósito é melhorar nosso cantinho aqui e produzir cada vez mais. Hoje eu me sinto uma empreendedora. Antes eu me perguntava se um dia chegaria lá. Agora, quando alguém me vê na feira e pergunta se fui eu mesma que fiz tudo aquilo, eu digo com gosto: fui eu, sim.”
Onde uma tece, todas crescem
Palha do tucum?, retirada com cuidado da floresta. árvore típica da Amaz?nia. Tingimentos naturais. Tradi??o passada de m?e para filha. Uma rede de mulheres que, tran?ando juntas, têm mudado a própria história. é assim que a artes? Neida Maria Pereira Rego, de 54 anos, resume a trajetória dos Tran?ados dos Arapiuns. O que come?ou na infancia, hoje reúne centenas de artes?os em oito comunidades ribeirinhas e indígenas da regi?o do rio Arapiuns, em Santarém (PA).
“Comecei a ajudar minha m?e ainda crian?a, com uns 10 anos. Era vendido para um atravessador [intermediário que compra do produtor mais barato e lucra com a revenda], mas já era gostoso fazer”, conta ela. A virada veio em 2000, com a chegada de um projeto de turismo de base comunitária e o envolvimento do Ibama e do Sebrae. “Foi com a capacita??o que a gente aprendeu a caprichar no tingimento, melhorar o acabamento, valorizar o nosso trabalho”, lembra.
A associa??o atua em comunidades como Vista Alegre, Pedreira e Coroca. A produ??o ganhou destaque junto à cria??o de tartarugas na regi?o, atraindo turistas. O artesanato é 100% organico e n?o agride o meio ambiente. “Nunca vi um tucum?zeiro morrer por nossa causa. A gente tira a palha e só volta naquela árvore meses depois. Agora come?amos a plantar nos quintais”, explica.
Neida é formada pelo Empretec, metodologia do Sebrae voltada ao fortalecimento do comportamento empreendedor. “Para mim, foi como fazer um curso superior. Aprendi a gerir o negócio, sobre finan?as, comportamento das pessoas e entendi que nosso artesanato n?o é só um produto, mas carrega uma história”, reflete. “Digo para as meninas: n?o fiquem tristes quando dizem que está caro. é que ainda n?o entenderam o valor.”
3 de 4 A produ??o artesanal das paraenses reúne bolsas, pendentes, cestinhas, mandalas, descanso para panelas e até luminárias — Foto: Acervo pessoal de Neida Pereira
Neida, diretora da produ??o, também modernizou o negócio: internet nas comunidades, sistema com QR code e pagamento via Pix. “Cada artes? tem sua tabela de pre?o, e tudo é registrado. Quando some algum produto da estatística de venda, a gente cobre com a porcentagem da associa??o para ninguém sair no prejuízo.”
Com a visibilidade, o grupo também passou a realizar vendas nas redes sociais, com catálogo on-line. As pe?as já chegaram ao Jap?o, Fran?a, Inglaterra e Estados Unidos. “Come?ou com turistas. Algumas clientes compraram só para ver se chegava. Quando deu certo, come?aram a pedir em grande volume”, conta.
Agora, o foco é na juventude local. “Queremos que o jovem veja que tem emprego e futuro aqui mesmo”, diz Neida. O plano é renovar o catálogo com novas cores e investir em gest?o e hospitalidade. “Chamamos o Sebrae de novo para ajudar. A ideia era fazer em cinco anos, mas já come?ou. E estamos animadas.”
Ela venceu o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios em 2007, participou de rodadas de negócios, feiras, forma??es em Brasília e viu a associa??o ganhar três vezes o Top 100 do Artesanato Brasileiro. Em 2006, o grupo come?ou com 20 mulheres. Hoje, está com 214.
A renda gerada transformou o papel das mulheres nas comunidades. “Antes, muitas n?o tinham dinheiro e eram vistas só pelos maridos. Hoje, elas compram o que querem, v?o aonde querem. A associa??o também leva forma??o sobre os direitos da mulher. é empoderamento de verdade”, afirma.
Embora a realidade da regi?o do rio Arapiuns seja diferente dos centros urbanos, o espírito empreendedor é o mesmo que move milh?es de brasileiros em territórios populares. Segundo pesquisa do Data Favela (2023), quase um ter?o dos moradores de favelas já empreende, e 70% desejam manter seus negócios dentro da própria comunidade. Isso só mostra como a for?a do coletivo realmente transforma uni?o em renda, apoio em oportunidades e sonhos em negócios.
O trabalho como recome?o
Enquanto em comunidades como as de Maria e Neida a inclus?o produtiva floresce com a for?a do empreendedorismo por meio da terra e das tradi??es, em outros contextos ela está diretamente ligada ao mercado de trabalho. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em mar?o de 2025, 59% das vagas de emprego foram criadas pelas micro e pequenas empresas (MPE). Os setores que mais geraram postos de trabalho foram o transporte rodoviário de cargas, constru??o de edifícios e comércio varejista em hiper e supermercados.
Mas n?o acaba aí. Muitas pessoas que cumprem ou já cumpriram pena no sistema prisional também têm encontrado novas oportunidades. é o caso da APAC de Caratinga (MG), onde a ressocializa??o é feita com dignidade, educa??o e trabalho. Com apoio do Sebrae, essa experiência brasileira tem ganhado visibilidade no país e fora dele como um exemplo de justi?a mais humana e eficaz.
4 de 4 A inclus?o socioprodutiva transforma vidas porque acredita no que cada pessoa pode construir com apoio, dignidade e oportunidade — Foto: Divulga??o
Quer transformar sua realidade com apoio do Sebrae? Você pode come?ar por alguma destas capacita??es:
Extens?o em empreendedorismo social e negócios de impacto social
Curso on-line para quem quer unir renda e propósito, transformando boas ideias em solu??es reais.
Inclus?o socioprodutiva e empreendedorismo
E-book para quem está no Cadúnico e busca caminhos para empreender com apoio.
Inclus?o produtiva pelo Sebrae-SP
Programas e solu??es voltadas para pessoas em situa??o de vulnerabilidade econ?mica e social.
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