Obras da COP 30: moradores celebram novas áreas de lazer, mas enfrentam transtornos e mudan?as nos prazos
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 20h45)Obras da COP 30 em Belém geram otimismo e críticas: moradores relatam melhorias, mas também atrasos,
Obras da COP 30: moradores celebram novas áreas de lazer, mas enfrentam transtornos e mudan?as nos prazos
Obras da COP 30 em Belém geram otimismo e críticas: moradores relatam melhorias,áreasdelazermasenfrentamtranstornosemudan?papa jogos sanduiche mas também atrasos, transtornos e dificuldade de acesso.
Moradores veem nas obras do Parque da Cidade e o Parque Linear da Doca esperan?a de lazer e revitaliza??o, mas também apontam necessidade de melhorias em acessibilidade, horários e diálogo com a popula??o.
No mercado do Ver-o-Peso, em reforma, comerciantes reclamam de queda nas vendas.
A aposentada Maria Luiza Alves, 80 anos, tem um desafio cada vez que vai entrar em casa: passar por cima de uma tubula??o de concreto da macrodrenagem do igarapé Mata Fome, uma das 37 obras da COP 30, na Grande Belém.
A obra, da prefeitura de Belém, come?ou em 2024 com a promessa de reduzir alagamentos nos bairros Tapan?, Pratinha, S?o Clemente e Parque Verde, mas parou. A prefeitura disse que o novo contrato foi formalizado e que a empresa come?ará estudos para retomar a obra. Além disso, informou que a tubula??o será retirada pela empresa que fazia o servi?o anteriormente.
“Levantei 30 cm o piso de casa, mas n?o resolveu o problema. Botaram esses tubos aí. Agora qualquer chuvinha enche. [Para entrar em casa] dou um pulo, pulo para casa, quando chego”, diz a aposentada, moradora do Tapan?.
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????O g1 visitou o Mata Fome e locais de outras seis obras da COP 30, da prefeitura e governo do Pará, espalhadas por Belém para ouvir moradores.
Enquanto parte dos entrevistados celebra novos espa?os de lazer e alguns avan?os contra alagamentos nas regi?es cortadas por canais e igarapés, outros dizem temer que as obras n?o sejam concluídas e reclamam dos transtornos - como Maria Luiza - , e até de prejuízos financeiros, como os comerciantes do famoso mercado Ver-o-Peso.
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1 de 8 Obras da COP 30, em Belém: Parque Linear da Doca, Parque da Cidade, obra do BRT e macrodrenagem de canal na periferia — Foto: Marcus Passos/g1 Pará
?? Nesta reportagem você vai ler os relatos dos moradores sobre as obras de:
?? Infraestrutura: entre a esperan?a e a frustra??o ?? Saneamento: alívio, alagamentos e obras paradas?? Mobilidade: atrasos, acidentes e transito intenso
?? Infraestrutura: entre a esperan?a e a frustra??o
Parque Linear da Doca
O Parque Linear da avenida Visconde de Souza Franco (avenida chamada de Doca) é uma obra executada pelo governo do Pará e vai ser um dos principais espa?os de lazer na COP.
Entre os pontos positivos apontados por quem circula ou mora próximo do espa?o est?o: Revitaliza??o de uma área que estava negligenciada; crescimento da infraestrutura; melhoria das condi??es de tráfego e ilumina??o; e aumento da frequência e ocupa??o do espa?o.Já entre os aspectos negativos est?o: impactos na mobilidade; dificuldade para pedestres e falta de acessibilidade, barulho e sujeira; concentra??o em áreas elitizadas; falta de comunica??o com a popula??o, além de dúvidas sobre sua conclus?o e legado após a COP 30.
O motorista de aplicativo por motocicleta, Maicon Nascimento, de 32 anos, deseja que a obra do Parque da Doca n?o seja apenas uma “maquiagem” para a COP.
"Seria muito bom se realmente a gente visse que essa obra n?o fosse somente, digamos assim, entre aspas, 'para a COP 30', como eu falei para uma passageira ainda agora, porque atualmente está praticamente, para quem vê, uma maquiagem, né?", diz Maicon.
Railson Alves, 25 anos, trabalha em um escritório de arquitetura e urbanismo. Ele acredita que a revitaliza??o torne o lugar mais frequentado. 'Vejo como uma coisa boa [a obra], porque vai ter um tráfego melhor, uma ilumina??o melhor por aqui e, de certa forma, n?o vai estar mais aquela sensa??o de abandono'', afirma.
O estudante Davi Ribeiro, de 19 anos, mora no mesmo bairro de classe média alta onde a obra é construída, o Umarizal. Ele lembra que o Brasil sediou a Copa do Mundo, com pouco retorno, na vis?o dele. A competi??o n?o teve partidas em Belém.
''N?o deixou heran?a [Copa do Mundo], gerou elefantes brancos, gerou gastos do Estado para manuten??o dos estádios. Essas obras aqui acho que s?o mais para os gringos verem'', diz Davi.
A opini?o da vendedora de churros do Parque Porto Futuro, área de lazer anexa ao Parque da Doca, é diferente. Para a aut?noma que n?o quis se identificar, a obra pode ajudar. “Vai melhorar sim, com certeza, quando abrir todo o parque da Doca. Ainda mais [a gente] legalizado, os carrinhos todos padronizados, vai melhorar bastante”, afirma.
Parque da Cidade
O Parque da Cidade promete ser outra área de lazer pós-COP. é a obra mais cara e deve funcionar como principal ponto de encontro entre os chefes de Estado.
2 de 8 Marivaldo Silva, Odione Lima e outros amigos skatistas no Parque da Cidade, em Belém. — Foto: Marcus Passos/g1 Pará
O Parque da Cidade foi fechado para visita??o ao público e entregue pelo Governo do Pará ao governo federal e à ONU para instala??o dos pavilh?es da Blue Zone (área restrita a delega??es) e da Green Zone (área aberta ao público).
A funcionária pública Gleice Garcia, de 42 anos, vive no bairro Sacramenta, onde o Parque foi construído, e diz que os moradores s?o carentes de parques com essa estrutura.
“Tem uma parcela bem grande da popula??o que n?o tem acesso a esse tipo de estrutura, e eu achei bem legal. Benéfico principalmente aqui nesse bairro que é considerado periferia. A maioria das constru??es nesse estilo s?o mais para o centro”, diz Gleice sobre o Parque da Cidade.
Para o designer gráfico e skatista Marivaldo Silva, de 43 anos, o parque tem infraestrutura perfeita para a prática de skate street. O soldador Odione Lima, de 26 anos, comenta que ele, Marivaldo e outros amigos lutam há décadas para ter um espa?o como o atual Parque da Cidade.
Mas criticam a falta de instrutores e o transito de crian?as sem acompanhamento ou equipamento de seguran?a.
A moradora do bairro do Marex e integrante do grupo de corrida Mulheres que Correm, Adrizia Silva, 44 anos, diz que o parque é uma boa op??o para crian?as, adultos e jovens. Ela sugere, no entanto, que o local abra mais cedo. “Como Belém é um lugar muito quente, tem muito sol, fica um pouco ruim esse horário [de abertura] às 8 horas”, disse dias antes de o parque fechar ao público.
Reforma do Complexo do Ver-o-Peso
Além dos parques construídos sob a supervis?o do governo do Pará, o g1 visitou também a reforma do Complexo do Ver-o-Peso, que integra Mercado de Peixe, Mercado de Carne e Feira Principal e é executada pela Prefeitura de Belém.
Os comerciantes est?o frustrados e apreensivos com os prazos de entrega n?o cumpridos. O término do Mercado de Carne, por exemplo, mudou de junho para setembro. Já o Mercado de Peixe teve a data de conclus?o alterada duas vezes: de fevereiro para agosto, e depois, para setembro.
“Já ultrapassou o prazo que deram [...] Ninguém fala nada. Ninguém. Causa indigna??o, né? Porque os clientes têm que passar por tudo isso junto com a gente. Tem pessoas que nem entram aqui”, reclama a vendedora Jandira Brito, de 61 anos.
Os feirantes afirmam ainda que as vendas e o movimento caíram.
“Meu faturamento caiu entre 90% e 95%. Eu perdi 10 funcionários, estou com cinco processos de trabalho. Isso n?o é brincadeira”, afirma Marcelo do Carmo, dono de restaurante.
Em nota, a Prefeitura de Belém informou que os mercados de Carne e Peixe ser?o entregues em setembro, já a estrutura completa do Complexo do Ver-o-Peso tem previs?o de término até a COP.
3 de 8 Reforma do Complexo do Ver-O-Peso, em Belém. — Foto: Thaís Neves/g1 Pará
?? Saneamento: alívio, alagamentos e obras paradas
Macrodrenagem do Tucunduba
A macrodrenagem do Tucunduba, conduzida pelo Governo do Pará na área considerada a segunda maior bacia de Belém, tem como objetivo reduzir alagamentos. Até agosto de 2025, seis canais foram totalmente entregues: Timbó, Gentil Bittencourt, Cipriano Santos, Vileta e José Leal Martins.
O aut?nomo Ant?nio Furtado, de 52 anos, que mora em uma travessa onde fica o canal da Timbó, no bairro Marco, diz que n?o sofre mais com problemas de alagamento.
“De início deu um contratempo, mas a gente já sabia que ia ser essa coisa boa que é hoje. Ent?o, melhorou muito para nós agora. Agora tá sendo ótimo. Muito bom”, afirma.
Já Alessandra Moraes, 47 anos, diz que a casa dela na passagem José Leal Martins antes n?o enchia, e passou a alagar após a obra e eleva??o da rua. Segundo Alessandra, ela e o irm?o ainda têm de ajudar o pai, de 85 anos, que também sofre com as cheias: Ele “n?o tem mais for?a para secar [a casa]”, lamenta.
Macrodrenagem dos canais Mártir e Murutucu
A obra de macrodrenagem dos canais Mártir e Murutucu, no bairro do Curió-Utinga, é a esperan?a dos moradores para acabar com alagamentos.
“Nossa rua está destruída. Ela era toda bloqueada, limpinha, entendeu? Tínhamos uma pra?a, ela estava velhinha, mas era uma pra?a onde todo mundo se reunia. Foi destruída para passar os veículos todinho”, comenta.
Segundo o governo do Pará, a obra do canal do Mártir está com 70% de execu??o e dentro do cronograma dos servi?os, que envolvem a "retifica??o do canal, novas vias marginais, reconstru??o da pra?a existente e asfalto de ruas adjacentes".
Obra do canal Mata Fome
Ao contrário das duas obras de macrodrenagem executadas pelo governo estadual, a obra do canal Mata Fome, da Prefeitura de Belém, está parada. A ordem de servi?o foi assinada em julho de 2024 e, segundo os moradores, a obra foi executada por alguns meses, mas parou ainda em 2024.
A aposentada Narcisa Brito, que mora há mais de 30 anos no bairro do Tapan?, na periferia de Belém, acredita que a primeira etapa da obra, prometida para terminar antes da COP, n?o será entregue.
“Ela [a obra] come?ou, parou e disseram que iam dar continuidade, n?o deram continuidade. é só promessa, promessa, promessa, todo tempo”, diz.
4 de 8 Canal do igarapé Mata Fome em Belém corta vários bairros da cidade. — Foto: Marcus Passos/g1 Pará
5 de 8 Narcisa Brito e Ant?nio Furtado falam sobre obras nos canais Mata Fome e Tucunduba, dentro do ''pacote'' para COP 30, em Belém. — Foto: Reprodu??o/TV Liberal
A aposentada de 65 anos diz que, enquanto a obra n?o recome?a, os moradores sofrem diariamente com os alagamentos.
“Essa obra estraga os móveis dos moradores. Tem uns que querem até se mudar para ir embora. Já pensou deixar a casa né para ir embora por causa dessa situa??o. Eu digo assim, isso aqui n?o pode continuar”, destaca.
Em nota, a prefeitura afirmou que o projeto está aprovado, com recursos garantidos e está em fase de formaliza??o dos contratos para que as obras sejam iniciadas. A data, no entanto, n?o foi informada.
“A atual gest?o estava obedecendo uma determina??o do Tribunal de Contas do Município, uma vez que a licita??o da empresa do projeto foi cancelada na administra??o anterior”.
?? Mobilidade: atrasos, acidentes e transito intenso
Das obras de mobilidade construídas para a COP 30, o g1 visitou a constru??o do BRT Metropolitano. O projeto está em constru??o desde janeiro de 2019 e já descumpriu vários prazos de entrega, sendo o último em julho de 2025.
A vendedora de lanches Ray Mesquita, de 47 anos, trabalha há 11 anos às margens da via do BRT e mora no bairro Coqueiro, em Ananindeua, um dos três municípios da Grande Belém beneficiados pelo BRT. Segundo ela, a obra trará melhorias com substitui??o de passarelas precárias e novo cal?amento.
Porém, a vendedora aponta que a área ficou mais perigosa, especialmente à noite, devido à escurid?o e falta de sinaliza??o em trechos onde a obra ainda n?o terminou.
“Para o pedestre ficou bem complicado, porque às vezes, como n?o tem ainda passarela e é longe o sinal, aí o pessoal tem que atravessar aqui no meio. Muitos acidentes já presenciei”.
Para outros trabalhadores, como o motorista por aplicativo de motocicleta Paulo Serr?o, de 22 anos, a obra interfere diariamente no transito, tornando-o mais intenso, especialmente à tarde e pela manh?.
“Espero que acabe logo. Porque atrapalha muito a gente. Querendo ou n?o, atrapalha a gente essa obra aí. Porque mexe num lugar, destrói em outro, e complica a vida do motorista”, pede o motoboy.
6 de 8 Ray Mesquita vendo doces e salgados às margens da BR-316, em Belém. — Foto: Marcus Passos/g1 Pará
7 de 8 obras da cop30 moradores - Moradora do canal Mata Fome tem de "driblar" tubula??o em obra parada para chegar à porta de casa — Foto: Marcus Passos/g1
8 de 8 Obras de prepara??o para a COP30 — Foto: Arte/g1
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