Em reuni\u00f5es, tenho certeza de que minha voz tem que ser ouvida', diz brasileira CEO do Bumble
qeiofoo
13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h33)Aos 18 anos, Lidiane Jones deixou a zona leste de S?o Paulo para estudar ciências da computa??o em M
Em reuni\u00f5es, tenho certeza de que minha voz tem que ser ouvida', diz brasileira CEO do Bumble
Aos 18 anos,bichos atrasados na loteria federal Lidiane Jones deixou a zona leste de S?o Paulo para estudar ciências da computa??o em Michigan, nos Estados Unidos. Com um inglês fraco, segundo admite hoje, desgosto pelo frio e pela comida local, resistiu. Seu plano era voltar ao Brasil formada.Vinte seis anos depois, ela vive o resultado da mudan?a de ideia que teve com o tempo. Adiou o retorno ao país e, em 2024, assumirá pela segunda vez um cargo de CEO (diretora-executiva) em uma empresa de tecnologia com valor bilionário nos EUA.
Lidiane Jones, futura CEO do Bumble - Slack/Divulga??o Jones trocará, em 2 de janeiro, o Slack pelo Bumble, empresa de aplicativo de relacionamentos. Chega em um cenário que n?o é dos mais favoráveis para o setor. Assim como seus concorrentes, a companhia teve queda nas a??es —40% em 2023 e mais de 70% desde 2021— enquanto navega em um mercado visto por analistas como saturado. "Quem conhece a minha história sabe que isso n?o me assusta", afirma Jones à Folha. Folha Mercado Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para n?o assinantes. Carregando... A brasileira vai substituir a fundadora do Bumble, Wolfe Herd, 34. Rival do Tinder, a plataforma se diferencia por dar poder às usuárias. Só elas podem iniciar as conversas no app no momento seguinte ao "match".Jones diz que esse ambiente empoderador para as mulheres pesou na sua decis?o de aceitar o convite. Caso raro de uma CEO em empresas de tecnologia, ela conta que teve de lidar ao longo da carreira com preconceito e "mansplanning" —quando um homem explica para uma mulher coisas óbvias, inclusive assuntos que ela domina."Sempre tem [algum preconceito], mas o que eu aprendi com os anos é o seguinte: eu sempre vou ser ouvida", afirma. "Eu tive de pegar isso rápido, ter resistência e convic??o, falar com firmeza as coisas que s?o importantes."A sra. assumirá o Bumble no lugar da fundadora da empresa. Como vê esse desafio? Foi assim também no Slack, mas no Bumble tem uma diferen?a. O que Wolfe Herd [fundadora e atual CEO] fez até agora é muito inovador. Ela foi pioneira no movimento de dar poderes para as mulheres na rela??o.Criou o app em que s?o elas que puxam o assunto primeiro. O que fez foi um ato de igualdade, n?o só feminista. Isso me levou a aceitar o convite.Tem uma conex?o minha muito grande com a filosofia de empresa. Só vejo pontos positivos em assumir a posi??o que foi dela.Como é chegar em um momento em que o mercado de aplicativos de namoro tem sido mal avaliado por investidores? é desafiador, mas o Bumble teve bons números em 2023, com mais usuários. Em tecnologia, o que possibilita crescimento é a inova??o em produtos.Evoluímos para sermos um aplicativo que n?o é apenas para namoro. Uma grande parte do nosso público está lá para encontrar amigos e temos a op??o também de encontros profissionais. Nosso objetivo é conex?o.Mas o boom registrado nos anos anteriores no mercado de apps parece n?o se repetir ao mesmo tempo em que eventos presenciais ganham for?a. Isso n?o é um problema para a gente. Nosso objetivo final é que um encontro presencial aconte?a entre quem se conectou na plataforma. Esse é o nosso sucesso.Há indícios de satura??o no mercado, segundo relatório do Morgan Stanley. A??es do Bumble caíram mais de 40% em 2023 e mais de 70% desde o IPO [oferta de a??es], em 2021. Somos uma empresa de capital aberto e é normal que os investidores estejam preocupados com crescimento. é isso que vamos entregar. Quem conhece a minha história sabe que n?o vou ter medo ou perder meu sono com cenários desafiadores.Os aplicativos têm sido usados para golpes. Qual a responsabilidade da empresa nesses casos? Essa é uma quest?o muita cara para o Bumble. Estou chegando agora, mas sei que a empresa tem a seguran?a dos seus usuários como um dos seus valores. Desde a sua cria??o, o Bumble foi pioneiro em a??es para dar seguran?a, principalmente às mulheres.Nos EUA e na Europa, as legisla??es para criminalizar fraudes foram definidas por a??es nossas, que seguir?o como prioritárias.A sra. fez a sua carreira nos EUA, em empresas globais. Como foi seu início no Brasil? Eu cresci na zona leste de S?o Paulo, em uma família muito humilde. Meu pai e minha m?e emigraram da Bahia. Minha m?e limpava casas, e meu pai trabalhava em empresas pequenas.Quando você cresce em um ambiente assim, tem que ser mais flexível sempre para aprender e aproveitar oportunidades quando elas vêm. Eu estava no colegial [hoje ensino médio] e consegui um estágio em uma empresa que era afiliada da Ford.Conheci cargos e profiss?es que eu nem imaginava que existiam. Aquilo despertou uma curiosidade e uma vontade de crescer.Pessoas perguntavam por que eu n?o ia estudar fora do país. Eu era uma adolescente sem dinheiro, sem falar inglês, sem nada. N?o tinha nem pensado em fazer faculdade. Comecei a estudar inglês sozinha, ouvindo música, lendo e treinando no trabalho. Juntei um dinheiro e fui passar um mês na Califórnia.Desde ent?o, nunca mais voltou para morar no Brasil? Voltei, sim. Isso foi um período de estudos. Continuei na empresa em S?o Paulo e comecei a pesquisar sobre o que precisava fazer para estudar fora. Consegui uma bolsa, mas n?o passei no exame de inglês de primeira. Fiz outra vez e deu certo. Fui para Michigan fazer a gradua??o.Eu prestei vestibular em S?o Paulo também, mas o que me fez vir [para os EUA] foi viver um ambiente em que a tecnologia estava se desenvolvendo. Avaliei que no Brasil eu trabalharia em TI, na tecnologia de outros setores. Eu queria era estar onde a tecnologia é criada. Isso até mudou, hoje você tem inova??o no Brasil e em outros centros, o que é incrível. Mas n?o era assim naquela época.Eu vim e o início foi horrível. A comida era muito ruim em Michigan, um frio. Eu n?o sabia falar inglês necessário. Aprendi, criei resistência e me adaptei.Meu plano sempre foi voltar em algum momento. Na faculdade, fiz estágios em empresas que tinham opera??o no Brasil. Trabalhei na Pfizer e depois consegui entrar na Apple.Decidi postergar o retorno, foi passando e fiquei. N?o era minha inten??o estar aqui para sempre. Mas eu conheci o meu marido, aí minha m?e desistiu, viu que eu n?o ia mais voltar [risos].A sra. é um caso raro por ser brasileira e mulher que ocupa cargo de chefia em empresa de tecnologia. Como foi crescer nesse mercado, teve de lidar com preconceito? Se eu falasse que na minha carreira inteira eu n?o passei por nada disso, você provavelmente n?o acreditaria em mim. Sempre tem [algum preconceito], mas o que eu aprendi com os anos é o seguinte: eu sempre vou ser ouvida. Eu n?o sou uma pessoa que fala muito alto, que grita, que perde a compostura. Sou mais analítica, mas independentemente de quem esteja na reuni?o, no grupo onde eu estiver, a minha voz vai ser ouvida Lidiane Jones nova CEO do Bumble Acho que é importante n?o perder essa perspectiva. Eu tive de aprender isso rápido, ter resistência e convic??o, falar com firmeza as coisas que s?o importantes.Vejo que para a mulher, em um ambiente em que está em minoria, acontece de ela come?ar a se julgar na própria cabe?a se sabe ou n?o sabe alguma coisa que domina. Eu aprendi que é mais fácil falar do que ficar escutando todo mundo falar alguma coisa que n?o sabe. Ou?o, mas me censuro menos. Isso tem ajudado muito.Quando tem qualquer tipo de "mansplaining" em reuni?es, eu tenho certeza de que a minha voz tem que ser ouvida. Todas Discuss?es, notícias e reflex?es pensadas para mulheres Carregando... A sra. está no cargo de CEO do Slack, empresa de servi?os de mensagens, neste ano. Assim como outras empresas de tecnologia, fez demiss?es. Acredita que os cortes seguir?o no setor? O mercado inteiro de tecnologia tem sofrido um ano difícil. Tivemos isso no Slack no início do ano e depois n?o houve mais. N?o trabalhava com previs?o, no curto prazo, de cortes adicionais.Tem o impacto da inteligência artificial, muitas fun??es deixar?o de existir, sim?Eu acho que a oportunidade com a inteligência artificial generativa n?o vai ser de cortes de emprego, mas de crescimento de vagas. A minha vis?o é muito otimista.Ela vai facilitar o trabalho dos funcionários, vai ajudá-los a terem mais tempo para as coisas que as pessoas realmente querem fazer, né? Que é ter mais criatividade, poder utilizar o tempo com estratégia, em conex?es com os clientes, com os colegas de trabalho.Se você olhar os avan?os anteriores de tecnologia, da internet, do rob?, por exemplo, o que a gente viu foi mais investimento para acelerar a inova??o e novas fun??es sendo criadas.
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