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Vale é 1a empresa a publicar informa??es financeiras relacionadas à sustentabilidade sob novos padr?es da CVM ESG Valor Econ?mico.txt
A mineradora Vale é a primeira empresa listada na bolsa de valores brasileira a publicar um relatório com informa??es financeiras relacionadas à sustentabilidade já sob o novo padr?o exigido pela Comiss?o de Valores Mobiliários (CVM). As normas IFRS S1 e S2 s?o as primeiras normas de divulga??o de sustentabilidade do éaempresaapublicarinforma??esfinanceirasrelacionadasàsustentabilidadesobnovospadr?esdaCVMESGValorEcon?para ganhar na quina tem que acertar na ordemInternational Sustainability Standards Board (ISSB), lan?adas em junho de 2023. Elas estabelecem um padr?o global para a divulga??o de informa??es financeiras relacionadas à sustentabilidade, com foco em riscos e oportunidades de sustentabilidade, especialmente aqueles relacionados ao clima. Além da Vale, a Renner é outra companhia que se prop?s a já lan?ar o documento este ano, como forma de teste e prepara??o para quando for obrigatório. A publica??o em 2026 (com dados de 2025) ainda será voluntária, mas, no ano seguinte, 2027, todas as companhias abertas ter?o que fazer a divulga??o com dados de 2026. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({ mode: 'organic-thumbs-feed-01-stream', container: 'taboola-mid-article-saiba-mais', placement: 'Mid Article Saiba Mais', target_type: 'mix' }); Entre os riscos relacionados às mudan?as climáticas, a Vale trouxe no documento, por exemplo, a exposi??o a regulamenta??es relacionadas às emiss?es de gases de efeito estufa (GEE), tais como a precifica??o do carbono no mercado regulado no Brasil pelo Sistema Brasileiro de Comércio de Emiss?es de GEE, as normas exigidos pelo Canada Federal Output-Based Pricing System, o Esquema Nacional de Comércio de Carbono Chinês, o Sistema de Comércio de Emiss?es da Uni?o Europeia (“ETS”) e o Mecanismo de Ajuste de Fronteira de Carbono (“CBAM”), também europeu. “A depender do modelo de precifica??o de carbono estabelecido por jurisdi??es e o pre?o de carbono adotado, além de outras regulamenta??es relacionadas ao clima, o aumento do custo operacional pode impactar ou até inviabilizar economicamente ativos operacionais da Vale e impactar o valor do negócio de minério de ferro”, escreve no relatório. Além das emiss?es da própria opera??o, a Vale ainda tem, na cadeia de valor, a indústria siderúrgica, de difícil abatimento de emiss?es. A siderurgia contribui, individualmente, com aproximadamente 8% das emiss?es globais de GEE. Globalmente, a descarboniza??o dos setores de ferro e a?o pode demandar investimentos de aproximadamente US$1,4 trilh?o. Além do cenário desafiador, ainda há um agravante: as solu??es tecnológicas que podem ajudar a indústria de metais e minerais a se descarbonizar, apesar de desenvolvidas, s?o muito caras e inviabilizam a sua implementa??o. A prioriza??o das iniciativas voltadas à descarboniza??o, de acordo com a Vale, passa pela análise da sua viabilidade técnica e econ?mica, de maneira a n?o prejudicar também a saúde financeira da companhia. Outro risco apontado é o de n?o cumprir as metas climáticas até 2030. Neste caso, a principal consequência mapeada é a perda de reputa??o, com o aumento do escrutínio público. “O n?o cumprimento da meta voluntária de redu??o das emiss?es de Escopos 1 e 2 (market-based), em 2030, pode impactar a credibilidade da Companhia perante parte dos stakeholders, a perda de posi??o em ratings ESG, podendo comprometer o acesso a financiamentos e impactar a reputa??o da Vale”, explica. No ambito da meta voluntária de redu??o de Escopo 3, a companhia também aponta o risco do aumento do escrutínio e potencial impacto na percep??o de investidores e stakeholders sobre a estratégia climática da companhia. Em última instancia, podendo até resultar em a??es judiciais relacionadas a litígios climáticos. A avalia??o sobre os potenciais impactos decorrentes deste risco também considerou eventuais efeitos associados a rompimento de barragens. Porém, a companhia n?o detalhou nada a respeito deste tópico, apenas direciona para a página específica da companhia sobre o assunto, disponível em seu site (Informa??es sobre Seguran?a de Barragens da Vale) e para seu Relato Integrado 2024 (Relato Integrado). A empresa ainda pontua riscos de aumento do frete marítimo em fun??o da taxa??o de carbono imposta pela Organiza??o Marítima Internacional (IMO), e os impactos da intensifica??o de condi??es climáticas extremas em áreas operacionais, a cadeia produtiva e as comunidades. Do lado das oportunidades mapeadas está o aumento da procura por produtos e aglomerados de alta qualidade e maior eficiência (com a finalidade de reduzir emiss?es GEE). Neste contexto, defende um novo modelo de negócio para a indústria siderúrgica, de “Mega Hubs”, que integra diversos agentes da cadeia produtiva e o uso de fontes energéticas mais limpas e competitivas. Em 2024, a Vale firmou parcerias para a constru??o de Mega Hubs, com destaque para dois projetos estratégicos. O primeiro é o acordo com o Jinnan Iron & Steel Group para a instala??o de uma planta de concentra??o de minério de ferro em Sohar, Om?, que contará com um investimento inicial superior a R$ 3,7 bilh?es (US$ 600 milh?es). Desse montante, a Vale investirá cerca de R$ 1,4 bilh?o (US$ 227 milh?es) na conex?o da usina às suas instala??es de aglomera??o, enquanto o Jinnan Group será responsável por aproximadamente R$ 2,5 bilh?es (US$ 400 milh?es) na constru??o e opera??o da planta. O segundo destaque é a parceria com a Green Energy Park, iniciativa voltada à cria??o de uma plataforma aberta a colabora??es internacionais, que permitirá a empresas siderúrgicas globais adquirir e produzir HBI (Hot Briquetted Iron) no Brasil, promovendo a descarboniza??o da siderurgia. “Por serem produtos menos carbono intensivos, os briquetes podem capturar um maior valor de prêmio”, afirma a companhia. Briquete é formado por minério de ferro e uma solu??o tecnológica de aglomerados, que inclui em sua composi??o areia proveniente do tratamento de rejeitos de minera??o - portanto, é também uma solu??o de economia circular e redu??o de custos para a companhia. A Vale inaugurou em 2023 a primeira fábrica de briquetes do mundo em Tubar?o, nas proximidades de Vitória, no Espírito Santo. No relatório, contudo, a empresa n?o quis detalhar o potencial financeiro desta inova??o, uma vez que, diz, a solu??o ainda está no início da curva de maturidade e é incerta a “materializa??o de seus impactos financeiros em períodos futuros”. Mas traz uma referência. “Um aumento de US$ 1 dólar por tonelada no prêmio realizado para os produtos de ‘solu??es de minério de ferro’ teria representado um aumento de R$1.291 ou 1,6% em rela??o ao EBITDA ajustado do referido segmento para o exercício findo em 31 de dezembro de 2024, que totalizou R$ 81.644 (nota explicativa 5a das Demonstra??es Financeiras)”, traz. Nova padroniza??o As novas normas IFRS exigem que as empresas divulguem dados relevantes e confiáveis sobre seus riscos e oportunidades, incluindo métricas e metas. Por enquanto, foram consolidadas e aprovadas duas normas principais, o IFRS S1, que detalha os requisitos gerais para a coleta e divulga??o de “Informa??es Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade”, como está sendo chamado o relatório, tais como as regras e campos a serem contemplados no documento, framework que deve ser usado, entre outros detalhes do relatório em si. Já o IFRS S2 se concentra em detalhar como as informa??es pertinentes ao Clima, em especial, devem ser abordadas, tanto olhando para riscos quanto oportunidades de uma empresa com as mudan?as climáticas. “Com rela??o aos próximos, S3 e S4, há uma expectativa do IFRS e do ISSB para que venham temas como biodiversidade e temas voltados para pessoas”, comenta Fernanda Claudino, professora e conselheira de empresas e especialista em IFRS S1 e S2. Mas lembra que os temas sociais já s?o, pincelados, nos reportes já exigidos. Como a publica??o e exigência destes outros temas deve ainda demorar um pouco, a sugest?o de Fernanda é para as empresas se concentrarem em aprenderem e fazerem bem os dois primeiros padr?es, para atender à expectativa do mercado. “Com o início da divulga??o desses relatórios, as empresas podem olhar como referência e também para ter insights sobre o que é esperado, como o setor está fazendo e como melhorar com o atendimento dessas normas. Mas, principalmente, vejo como uma oportunidade de as companhias melhorarem seus procedimentos internos e até recalcular rotas”, diz. O objetivo do IFRS S1/S2 é incentivar a transparência das empresas em rela??o aos seus impactos na sustentabilidade, incluindo riscos e oportunidades. A cria??o deste padr?o global para a divulga??o de informa??es sobre sustentabilidade teve como principal objetivo atender à crescente demanda de investidores, que buscam informa??es padronizadas para servir de base de compara??o entre empresas, além de acesso a informa??es relevantes relacionadas a riscos climáticos e socioambientais, que crescem em importancia nas análises. Apesar de a norma só passar a ser obrigatória em 2027, para atendê-la, as empresas precisam se preparar ainda este ano para estarem aptas, desde 1o de janeiro de 2026, a coletar todas as informa??es necessárias. O processo demanda uma articula??o complexa para definir o papel de cada área na gera??o das informa??es que ser?o reportadas. “é um trabalho que requer a revis?o interna da governan?a, dos controles e, sobretudo, uma integra??o de muitas áreas para entender o papel de cada uma nesse processo”, afirma Fernanda Claudino. Um dos principais obstáculos está na transi??o entre a tradicional matriz de materialidade de impacto — já familiar às companhias — para a nova abordagem de materialidade financeira, que é o foco das normas. Isso implica entender quais informa??es podem afetar significativamente os investidores e credores, caso sejam omitidas, distorcidas ou obscurecidas. “Transformar a materialidade de impacto em materialidade financeira n?o é trivial. é preciso sensibilidade para entender se os riscos estimados, ligados a compromissos futuros, afetam o momento atual da empresa e exigem, talvez, uma mudan?a de estratégia”, explica Fernanda. Além dos aspectos técnicos e estratégicos, as empresas devem considerar os custos associados à implementa??o, que podem incluir revis?o de processos, capacita??o de funcionários e, em alguns casos, contrata??o de consultorias especializadas. A cria??o de comitês multidisciplinares tem sido uma prática comum para lidar com essa complexidade. “A área de contabilidade assina o dado reportado, mas é um trabalho conjunto que envolve riscos, sustentabilidade, clima e passa por instancias como o conselho de administra??o e o comitê de auditoria”, refor?a Fernanda. Um erro comum entre as companhias, segundo Sebastian Soares, presidente do Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon), é acreditar que, por já publicarem relatórios de Sustentabilidade, será mais fácil se adequar às novas exigências da CVM, o que n?o é verdade. “A profundidade de análise e dados necessária [para atender às normas IFRS S1 e S2] é outra. N?o é só uma vis?o de onde quer chegar na jornada de sustentabilidade, as normas exigem constru??o de cenários para avaliar riscos e oportunidades completamente diferentes, pois tem uma perspectiva financeira dos negócios da organiza??o”, diz o executivo, que tem experiência em firmas de auditoria justamente com tema de Sustentabilidade. A assegura??o externa, independente, também será cobrada. Segundo Soares, a esta altura do ano, as empresas já deveriam estar mais avan?adas na adapta??o de equipes e processos para atender às exigências. Do lado da Auditoria Independente, o Ibracon tem abordado o assunto da nova padroniza??o no ambito técnico, e de desenvolvimento profissional, em treinamentos e eventos. A conferência anual do Instituto, que acontecerá em 17 e 18 de junho, terá painéis específicos sobre sustentabilidade: “Tendências regulatórias ESG” e “Atualidades das Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS) e de Sustentabilidade”. Também está prevista uma fala do presidente da CVM, Jo?o Pedro Nascimento, sobre a agenda regulatória contábil e de auditoria para este ano da entidade. A Deloitte, em materiais divulgados recentemente sobre o assunto, para clientes e interessados, destaca que a expectativa é que as divulga??es de sustentabilidade sejam realizadas simultaneamente das demonstra??es financeiras, possibilitando uma maior conectividade e consistência entre as informa??es dos dois relatórios. E refor?a o coro de que n?o é simplesmente uma adapta??o dos atuais relatórios de sustentabilidade. “Esse conceito será familiar para os relatores de TCFD e divulga??es financeiras relacionadas ao clima (CFD). No entanto, para aqueles que publicam o relatório de sustentabilidade de forma independente e em um momento diferente do relatório anual de demonstra??es financeiras, notar?o que as conex?es e a concordancia entre as informa??es podem representar uma mudan?a significativa”, pontua. Na opini?o de Mauricio Colombari, sócio e líder de ESG na PwC Brasil, as normas para a elabora??o de relatórios de sustentabilidade do ISSB ser?o essenciais para que as empresas e a sociedade sejam mais bem informadas sobre o andamento e a possibilidade de um desenvolvimento sustentável. “Esta será uma ótima oportunidade para construir confian?a com os stakeholders e garantir que as práticas fiscais responsáveis est?o sendo adotadas”, diz. Pelo cronograma definido pela Comiss?o de Valores Mobiliários (CVM), empresas brasileiras precisam ter em vista o cumprimento do prazo estabelecido para a divulga??o das informa??es – a partir do exercício que termina em 31 de dezembro de 2026. “é um prazo ambicioso definido pela CVM. Ao mesmo tempo que há dificuldade por n?o haver parametros de referência em outros países, o Brasil se coloca na posi??o de se tornar essa referência”, avalia Colombari. A PwC conduziu, recentemente, uma pesquisa com empresas de capital aberto para entender como está a adapta??o das mesmas às novas regras. Uma parcela significativa das organiza??es - 46% - pretende publicar um novo relatório para atender às exigências e outra parte relevante - também 46% - quer adaptar o relatório atual de sustentabilidade para abranger as novas divulga??es do ISSB. De acordo com o sócio da PwC Brasil, n?o existe resposta certa quanto à quest?o de criar um novo relatório ou adaptar os que já existem para informa??es de sustentabilidade. A maioria das empresas usa o Global Reporting Initiative (GRI) em seus reportes de sustentabilidade. “As companhias podem escolher entre adaptar os relatórios vigentes, ou preparar um relatório específico para atender os requisitos do ISSB.”, afirma Mauricio Colombari. Quais s?o os principais desafios para a implementa??o das normas em sua empresa? Item Percentual de respostas Existência de pessoal capacitado para a implementa??o 37.8% Aloca??o de recursos financeiros para a implementa??o 32.4% Defini??o de uma goveran?a para a gest?o da temática 43.2% Integra??o entre as áreas da organiza??o que atuam nas diferentes frentes abordadas pelas normas 56.8% Reporte de informa??es sobre a estrutura de governan?a para os temas de sustentabilidade 13.5% Informa??es qualitativas sobre como os riscos e as oportunidades de sustentabilidade podem afetar as perspectivas da empresa 37.8% Informa??es quantitativas sobre como os riscos e as oportunidades de sustentabilidade podem afetar a posi??o patrimonial, gera??o de caixa e gera??o de resultados no curto, médio e longo prazos 56.8% A identifica??o dos riscos e das oportunidades de sustentabilidade 32.4% A coleta, compila??o e reporte dos indicadores de sustentabilidade 29.7% A prontid?o dos indicadores de sustentabilidade para serem submetidos a processos de assegura??o razoável 29.7% Informa??es sobre as metas e os compromissos públicos assumidos pela empresa 18.9% A conex?o das demonstra??es financeiras com as informa??es de sustentabilidade 51.4% A necessidade de publica??o das informa??es de sustentabilidade na mesma data que as demonstra??es financeiras 56.8% Fonte: PwC deslize para ver o conteúdo