Por que turbulência em voos está ficando mais forte e frequente
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h20)A turbulência severa é definida como quando os movimentos para cima e para baixo de um avi?o que atr
Por que turbulência em voos está ficando mais forte e frequente
A turbulência severa é definida como quando os movimentos para cima e para baixo de um avi?o que atravessa uma zona de turbulência exercem mais de 1,ênciaemvoosestátradu??o blaze colbie caillat5 g de for?a sobre o seu corpo.
Estimativas mostram que há cerca de 5 mil incidentes de turbulência severa a cada ano, de um total de mais de 35 milh?es de voos que decolam atualmente em todo o mundo.
As mudan?as climáticas s?o um fator importante no aumento da turbulência convectiva e da turbulência de céu claro.
1 de 5 Turbulência — Foto: BBC/Getty Images
Andrew Davies estava a caminho da Nova Zelandia para trabalhar em uma exposi??o sobre a série de TV Doctor Who, da qual era gerente de projeto.
A primeira parte do voo, de Londres a Singapura, transcorreu sem problemas. Ent?o, de repente, o avi?o enfrentou uma forte turbulência.
"A única forma que consigo descrever é como se estivesse em uma montanha-russa", ele recorda. "Depois de ser empurrado com for?a contra o assento, caímos subitamente. Meu iPad bateu na minha cabe?a, o café derramou todo em mim. A cabine ficou devastada, com pessoas e destro?os por toda parte."
"As pessoas estavam chorando, e n?o conseguiam acreditar no que havia acontecido." Davies diz que foi "um dos sortudos".
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Outros passageiros sofreram cortes e fraturas. Geoff Kitchen, de 73 anos, morreu de ataque cardíaco.
A morte como consequência de turbulência é extremamente rara. N?o há números oficiais, mas estimam-se quatro mortes desde 1981. No caso dos feridos, no entanto, a história é outra.
2 de 5 A forte turbulência no voo da Singapore Airlines fez com que o avi?o caísse 54 metros em 4,6 segundos — Foto: BBC/ Reuters
Só nos EUA, foram registrados 207 casos de ferimentos graves — uma pessoa ficou internada no hospital por mais de 48 horas — desde 2009, segundo dados oficiais do Conselho Nacional de Seguran?a nos Transportes. (Destes, 166 eram tripulantes, e poderiam n?o estar sentados.)
Mas, à medida que as mudan?as climáticas alteram as condi??es atmosféricas, especialistas alertam que as viagens aéreas podem se tornar mais turbulentas: a previs?o é de que mudan?as de temperatura e nos padr?es de vento nas camadas mais altas da atmosfera aumentem a frequência e a intensidade de turbulências graves.
"Podemos esperar um aumento de duas a três vezes na quantidade de turbulências severas ao redor do mundo nas próximas décadas", diz o cientista atmosférico Paul Williams, professor da Universidade de Reading, no Reino Unido.
"Para cada 10 minutos de turbulência grave vivenciada agora, pode aumentar para 20 ou 30 minutos."
Ent?o, se a turbulência se tornar mais intensa, ela também pode se tornar mais perigosa — ou existem maneiras inteligentes pelas quais as companhias aéreas podem tornar seus avi?es mais "à prova de turbulência"?
A rota turbulenta do Atlantico Norte
A turbulência severa é definida como quando os movimentos para cima e para baixo de um avi?o que atravessa uma zona de turbulência exercem mais de 1,5 g de for?a sobre o seu corpo — o suficiente para levantá-lo do seu assento, se você n?o estiver usando cinto de seguran?a.
Estimativas mostram que há cerca de 5 mil incidentes de turbulência severa a cada ano, de um total de mais de 35 milh?es de voos que decolam atualmente em todo o mundo.
Das les?es graves sofridas por passageiros que voaram ao longo de 2023, quase 40% foram causadas por turbulência, de acordo com o relatório anual de seguran?a da Organiza??o Internacional da Avia??o Civil.
A rota entre o Reino Unido e os EUA, Canadá e Caribe está entre as áreas conhecidas por terem sido afetadas.
Nos últimos 40 anos, desde que os satélites come?aram a observar a atmosfera, houve um aumento de 55% na turbulência severa sobre o Atlantico Norte.
Mas a frequência da turbulência também deve aumentar em outras áreas, de acordo com um estudo recente — entre elas, partes do Leste Asiático, Norte da áfrica, Pacífico Norte, América do Norte e Oriente Médio.
O efeito dominó das mudan?as climáticas
Existem três causas principais de turbulência: convectiva (nuvens ou tempestades), orográfica (fluxo de ar ao redor de áreas montanhosas) e de céu claro (mudan?as na dire??o ou velocidade do vento).
Cada tipo pode causar turbulência severa. As turbulências convectivas e orográficas s?o frequentemente mais evitáveis — já a turbulência de céu claro, como o próprio nome sugere, n?o pode ser vista. às vezes, ela parece surgir do nada.
3 de 5 Evitar tempestades que causam turbulência pode congestionar o espa?o aéreo, já que mais avi?es s?o for?ados a mudar de rota, de acordo com especialistas — Foto: BBC/AFP
As mudan?as climáticas s?o um fator importante no aumento da turbulência convectiva e da turbulência de céu claro.
Embora a rela??o entre as mudan?as climáticas e as tempestades seja complexa, uma atmosfera mais quente pode reter mais umidade — e esse calor e umidade extras se combinam para formar tempestades mais intensas.
Relacionando isso à turbulência —, a turbulência convectiva é criada pelo processo físico de subida e descida do ar na atmosfera, especificamente dentro das nuvens. E você n?o vai encontrar correntes ascendentes e descendentes mais violentas do que nas cumulonimbus, ou nuvens de tempestade.
Essa foi a causa da forte turbulência na viagem de Andrew Davies em 2024.
Um relatório do Departamento de Investiga??o de Seguran?a nos Transportes de Singapura concluiu que o avi?o "provavelmente sobrevoava uma área de atividade convectiva em desenvolvimento" sobre o sul de Mianmar, levando a "19 segundos de turbulência extrema, incluindo uma queda de 54 metros em menos de cinco segundos".
Um estudo americano publicado na revista científica Science em 2014 mostrou que, para cada aumento de 1°C na temperatura global, os raios aumentam em 12%.
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O capit?o Nathan Davies, piloto de avi?o comercial, afirma: "Tenho notado mais células de tempestade grandes, com mais de 128 km de diametro, nos últimos anos, algo que seria de se esperar que fosse raro."
Mas ele acrescenta: "As grandes nuvens cumulonimbus s?o fáceis de identificar visualmente, a menos que estejam embutidas em outras nuvens, ent?o podemos contorná-las."
A turbulência de céu claro também pode aumentar em breve. Ela é causada por perturba??es no ar dentro e ao redor da corrente de jato (um vento rápido a cerca de 10 km de altitude na atmosfera, que é a mesma altitude em que os avi?es voam em cruzeiro).
A velocidade do vento na corrente de jato, que viaja de oeste para leste pelo Atlantico, pode variar de 257 km/h a 402 km/h.
Há ar mais frio ao norte e ar mais quente ao sul: essa diferen?a de temperatura e mudan?a nos ventos s?o úteis para as companhias aéreas usarem como vento de cauda para economizar tempo e combustível. Mas isso também cria o ar turbulento.
"As mudan?as climáticas est?o aquecendo o ar ao sul da corrente de jato mais do que o ar ao norte, de modo que a diferen?a de temperatura está se tornando mais forte", explica Williams. "O que, por sua vez, está gerando uma corrente de jato mais forte."
'Isso deveria preocupar a todos nós'
O aumento da turbulência severa — suficiente para levantar você do assento — pode potencialmente causar mais incidentes com ferimentos ou, possivelmente, morte nos casos mais graves. E alguns passageiros est?o preocupados.
Para Davies, a perspectiva de mais turbulência é preocupante. "Muito. N?o só para mim, mas também para meus filhos", ele explica.
"Fico feliz que n?o tenha havido nenhum incidente t?o grave quanto o meu, mas acho que isso deveria preocupar a todos nós."
Mais de um quinto dos adultos do Reino Unido dizem ter medo de andar de avi?o, de acordo com uma pesquisa recente do instituto YouGov, e o agravamento da turbulência pode tornar as viagens um pesadelo ainda maior para essas pessoas.
Como Wendy Barker, uma passageira ansiosa de Norfolk, me disse: "Para mim, mais turbulência significa mais chances de algo dar errado, e menos chances de sobrevivência."
No entanto, as asas das aeronaves s?o projetadas para voar em condi??es de turbulência.
Como diz Chris Keane, ex-piloto e agora instrutor de voo: "Você n?o vai acreditar o qu?o flexível é uma asa. Em um avi?o de passageiros 747, em testes 'destrutivos', as asas s?o dobradas para cima em cerca de 25 graus antes de quebrar, o que é realmente extremo, e algo que nunca vai acontecer, mesmo na turbulência mais severa."
Para as companhias aéreas, no entanto, há uma preocupa??o oculta: os custos econ?micos de mais turbulência.
O custo oculto da turbulência
A AVTECH, empresa de tecnologia que monitora as mudan?as climáticas e de temperatura — e trabalha com o Met Office, o servi?o meteorológico britanico, para ajudar a alertar os pilotos sobre turbulências —, sugere que os custos podem variar de 180 mil a 1,5 milh?o de libras esterlinas (de R$ 1,3 milh?o a R$ 11,2 milh?es) por companhia aérea anualmente.
Isso inclui os custos de verifica??o e manuten??o da aeronave após turbulências severas, custos de indeniza??o se um voo tiver que ser desviado ou atrasado, e custos associados a estar no local errado.
4 de 5 As mudan?as climáticas s?o um dos fatores que agravam a turbulência, aumentando tanto a turbulência relacionada a tempestades quanto a turbulência de céu claro — Foto: BBC/Getty Images
A Eurocontrol, uma organiza??o civil e militar que ajuda a avia??o europeia a compreender os riscos das mudan?as climáticas, afirma que desviar de tempestades que produzem turbulência pode ter um impacto mais amplo.
Por exemplo, se muitas aeronaves precisarem alterar suas rotas de voo, o espa?o aéreo pode ficar mais congestionado em determinadas áreas.
"[Isso] aumenta consideravelmente a carga de trabalho dos pilotos e controladores de tráfego aéreo", diz um porta-voz da Eurocontrol.
Ter que contornar tempestades também significa mais combustível e tempo.
Em 2019, por exemplo, a Eurocontrol afirma que o mau tempo "obrigou as companhias aéreas a voar um milh?o de quil?metros a mais, produzindo 19 mil toneladas extras de CO2".
Com a previs?o de aumento das condi??es climáticas extremas, eles esperam que os voos precisem desviar ainda mais do mau tempo, como tempestades e turbulências, até 2050.
"Aumentando ainda mais os custos para as companhias aéreas, passageiros e [aumentando] sua pegada de carbono."
Como companhias aéreas est?o se precavendo
A previs?o de turbulências melhorou nos últimos anos e, embora n?o seja perfeita, Williams sugere que podemos prever corretamente cerca de 75% das turbulências de céu claro.
"Há vinte anos, esse percentual era mais próximo de 60%, mas gra?as a pesquisas melhores, ele vem aumentando com o tempo", afirma.
As aeronaves possuem radares meteorológicos que detectam tempestades à frente.
Como explica o capit?o Davies, "antes de um voo, a maioria das companhias aéreas elabora um plano de voo que detalha as áreas de turbulência prováveis ao longo da rota, com base em modelagem computacional".
N?o é 100% preciso, mas "dá uma ideia muito boa, combinado com outros relatórios da aeronave e do controle de tráfego aéreo, uma vez que estamos em rota".
5 de 5 Uma startup austríaca, a Turbulence Solutions, afirma ter desenvolvido uma tecnologia de cancelamento de turbulência para aeronaves leves — Foto: EFE/REX/Shutterstock/BBC
A Southwest Airlines, nos EUA, decidiu recentemente encerrar o servi?o de bordo mais cedo, a 18.000 pés, em vez de a 10.000 pés, como era feito anteriormente.
Ao fazer com que a tripula??o e os passageiros se sentem com os cintos de seguran?a apertados, prontos para o pouso a esta altitude, a Southwest Airlines sugere que vai reduzir em 20% os ferimentos relacionados a turbulências.
Também no ano passado, a Korean Airlines decidiu parar de servir sopa de macarr?o aos passageiros da classe econ?mica, pois havia registrado uma duplica??o na turbulência desde 2019, o que aumentava o risco de os passageiros se queimarem.
De corujas à IA: medidas extremas
Alguns estudos levaram a prote??o contra turbulências ainda mais longe — e analisaram formas alternativas de construir asas.
Veterinários e engenheiros estudaram como a coruja-das-torres voa t?o suavemente em ventos fortes, e descobriram que as asas atuam como uma suspens?o e estabilizam a cabe?a e o tronco ao voar em ar turbulento.
O estudo publicado nos anais da Royal Society em 2020 concluiu que "um design de asa articulada, adequadamente ajustado, também poderia ser útil em aeronaves de pequeno porte... ajudando a rejeitar rajadas e turbulências".
Separadamente, uma startup na áustria chamada Turbulence Solutions afirma ter criado uma tecnologia de cancelamento de turbulência para aeronaves leves, na qual um sensor detecta o ar turbulento e envia um sinal para um flap na asa que neutraliza essa turbulência.
Isso pode reduzir a turbulência moderada em 80% em aeronaves leves, de acordo com o presidente-executivo da empresa.
Há também aqueles que defendem que a inteligência artificial pode ser uma solu??o. A Falcon é um tipo de tecnologia que está sendo pesquisada no Instituto de Tecnologia da Califórnia, e que aprende como o ar turbulento flui por meio de uma asa em tempo real. Ela também antecipa a turbulência, dando comandos a um flap na asa que ent?o se ajusta para neutralizá-la.
No entanto, Finlay Asher, engenheiro aeroespacial e membro da Safe Landing, uma comunidade de profissionais da avia??o que defende um futuro mais sustentável na avia??o, explica que esses tipos de tecnologia ainda est?o longe de se tornar realidade.
"é improvável que apare?am em grandes aeronaves comerciais nas próximas duas décadas."
Mas mesmo que a turbulência se torne mais frequente e mais severa, especialistas argumentam que isso n?o é motivo para preocupa??o.
"Geralmente, n?o passa de um inc?modo", diz o capit?o Davies.
Mas isso pode significar mais tempo sentado, com o cinto de seguran?a apertado.
Andrew Davies aprendeu isso da maneira mais difícil.
"Fico muito mais nervoso, e n?o tenho mais tanta vontade de voar como antes", admite. "Mas n?o vou deixar que isso me defina."
"No momento em que me sento, coloco o cinto de seguran?a e, se precisar me levantar, escolho o momento certo — depois volto rapidamente para o meu assento, e aperto o cinto novamente."
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