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Estados se movimentam para produzir hidrogênio verde Hidrogênio verde Valor Econ?mico.txt
Enquanto o mundo busca alternativas para reduzir as emiss?es de gases causadores do ênioverdeHidrogênioverdeValorEcon?jogo de caminh?o 113efeito estufa, o Brasil desponta como um dos potenciais líderes na produ??o de hidrogênio de baixo carbono, o hidrogênio verde. Apontado como o combustível do futuro, o gás pode ser insumo para descarboniza??o da siderurgia e da petroquímica, e ainda mover o transporte de cargas num futuro n?o t?o distante. Por meio de novas rotas de produ??o, sua obten??o tem pegada de carbono nula e seu uso n?o gera polui??o. O país tem potencial para produzir até 1,8 bilh?o de toneladas de hidrogênio por ano, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Um caderno lan?ado no fim de novembro pela FGV Energia, centro de estudos mantido pela Funda??o Getulio Vargas, indica que só 245,7 milh?es de toneladas dessa produ??o seriam economicamente viáveis hoje. A quantidade, contudo, já é quase o triplo da produ??o mundial de hidrogênio, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Em 2022, foram comercializadas 95 milh?es de toneladas do gás, sendo que menos de 1% pode ser considerada verde - algo que tende a mudar radicalmente nos próximos anos. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({ mode: 'organic-thumbs-feed-01-stream', container: 'taboola-mid-article-saiba-mais', placement: 'Mid Article Saiba Mais', target_type: 'mix' }); Leia maisInvestimento externo em produ??o sustentável soma US$ 30 biMercado nacional deve se avolumar a partir de 2025Institui??es de fomento devem liderar financiamento Atualmente, a maior parte do hidrogênio produzido no mundo vem da reforma do gás natural de origem fóssil, que contém metano. O processo separa o hidrogênio da molécula do gás, mas gera dióxido de carbono como resíduo, o que contribui para o aquecimento global. A eletrólise, por sua vez, é o processo mais difundido para descarbonizar essa produ??o. Por meio dela, o gás é obtido pela separa??o da molécula da água, liberando oxigênio. Essa rea??o, por outro lado, demanda uso intensivo de energia elétrica - e é aí que o Brasil pode se diferenciar, em fun??o de sua matriz elétrica limpa. O caderno da FGV aponta que fontes de energia solar, eólica e hidrelétrica podem ser usadas para suprir 48% das necessidades brasileiras de hidrogênio. Já existem plantas no país produzindo H2V por meio da eletrólise sustentável. A primeira a entrar em opera??o fica em Itumbiara (GO) e pertence a Furnas. A fábrica foi inaugurada em 2021 e já gerou 3 toneladas de gás. De acordo com o governo federal, mais de US$ 30 bilh?es (R$ 147 bilh?es) em investimentos est?o programados para produ??o de hidrogênio no país. Quase todos esses recursos ir?o para projetos para obten??o do gás a partir da eletrólise justamente pelo potencial do Brasil para gera??o de energia por meio do vento e do sol, principalmente no Nordeste. O gás produzido nesses projetos deve abastecer a indústria local ou ser convertido em produtos para exporta??o até pela proximidade da regi?o com a Europa, maior mercado consumidor. O Hub de Hidrogênio Verde do Complexo do Pecém (CE), criado em 2021, pretende enviar parte de sua produ??o para a Holanda, de onde ele deve ser distribuído a outros países. Também há projetos para gera??o de hidrogênio por meio de outras rotas sustentáveis e, portanto, rotuladas com tonalidades de verde. Cada um deles leva em considera??o diversidades ambientais e econ?micas regionais, e visa explorar diferentes insumos e diferentes mercados consumidores. Em S?o Paulo, maior produtor de etanol do país, há um projeto para produ??o de H2V usando o combustível. A iniciativa é uma parceria da Universidade de S?o Paulo (USP) com Shell, Raízen, Toyota e Senai e envolve investimentos de R$ 50 milh?es. O projeto testa tecnologias para reformar o vapor do álcool extraindo dele o hidrogênio e gerando gás carb?nico renovável, vindo da cana-de-a?úcar. “Como a cana também captura carbono quando está crescendo na lavoura, o balan?o final de carbono tende a ser negativo”, afirma Daniel Lopes, engenheiro mecanico e diretor comercial da Neuman & Esser Hytron, empresa que desenvolveu o reformador de etanol e que também integra o projeto paulista. Está em processo de instala??o na Cidade Universitária da USP um posto de hidrogênio produzido com etanol para abastecer veículos experimentais. Células combustíveis internas converteriam o gás em energia elétrica, que ao final moveria o veículo. Descarbonizar o transporte de cargas, segundo Lopes, é o maior objetivo desse projeto. Alguns especialistas, entretanto, afirmam que a substitui??o do diesel deve demorar em fun??o de desafios para a implanta??o de uma rede de abastecimento de H2V. Temos energia limpa, indústria que precisa do gás e posi??o geográfica favorável à exporta??o” — Ricardo Rüther Minas Gerais visa a produ??o de hidrogênio verde a partir de energia solar, hidrelétricas e usinas de biomassa para descarbonizar a indústria da minera??o. Já em Estados como Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, a ideia é produzir H2V com resíduos agrícolas, a chamada biomassa, e de granjas de suínos. A decomposi??o desses resíduos gera metano, gás que também pode ser reformado para gerar hidrogênio, mas sem emiss?es adicionais de carbono pois só é liberado o que naturalmente já seria emitido pela atividade. Nesses Estados, o objetivo é que o H2V seja usado na fabrica??o de fertilizantes que poderiam ser aplicados em lavouras locais. Em Toledo (PR), um projeto da Me Le Brasil Biogás visa produzir hidrogênio usando resíduos da suinocultura. A empresa luso-brasileira H2 Verde também estuda esse tipo de gera??o. Seu diretor, Frederico Freitas, que foi um dos autores do caderno de hidrogênio da FGV Energia, afirma que esse tipo de produ??o daria solu??o para um passivo ambiental das granjas. “é um projeto de economia circular”, diz. “O resíduo viraria hidrogênio e depois fertilizante para a planta??o da soja e milho que servem como alimentos aos animais.” Freitas e Lopes apontam que há estudos inclusive para produ??o de hidrogênio com esgoto urbano e lixo gerado em grandes cidades. Nesses casos, o custo da produ??o do gás ainda torna essas rotas inviáveis inclusive para pesquisas. Ricardo Rüther, coordenador do Laboratório Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que inaugurou neste ano um anexo só para o estudo do H2V, ressalta que as tecnologias para produ??o do gás est?o evoluindo rápido. Para ele, dentro de poucos anos, a fabrica??o do combustível se tornará barata - assim como a instala??o de um painel solar numa residência ficou. “Temos todas as condi??es para sermos grandes no mercado de hidrogênio: energia limpa vendida num mercado organizado, uma indústria que precisa do gás, além de uma posi??o geográfica favorável à exporta??o”, afirma. Para o pesquisador, projetos de hidrogênio combinados com gera??o de energia solar e eólica, inclusive em alto mar, e voltados ao abastecimento da indústria de cimento, siderúrgica, de fertilizantes e petroquímica, tendem a maturar mais rapidamente no Brasil. Segundo a Confedera??o Nacional da Indústria (CNI), refinarias de combustíveis já consomem 74% do hidrogênio produzido no país, seja ele verde ou n?o. Essas indústrias devem continuar demandando gás cada vez mais sustentável para tentar atingir suas metas de descarboniza??o, o que facilita a viabiliza??o de projetos de hidrogênio nas suas proximidades. Rüther n?o descarta, porém, que no futuro o hidrogênio verde seja gerado na Amaz?nia, por diferentes tecnologias, para servir de combustível para sistemas elétricos isolados da regi?o. Hoje, o Brasil gasta R$ 12 bilh?es por ano para manter esses sistemas, atualmente abastecidos principalmente com óleo diesel, que é poluente.