Mais do que drones sobrevoando a lavoura: como a chegada da internet mudou a vida de agricultores em 4 anos
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h51)Em 2024, 15% dos domicílios rurais brasileiros ainda n?o tinham acesso à internet, segundo o IBGE.Pa
Mais do que drones sobrevoando a lavoura: como a chegada da internet mudou a vida de agricultores em 4 anos
Em 2024,blackjack games online for free 15% dos domicílios rurais brasileiros ainda n?o tinham acesso à internet, segundo o IBGE.
Para o agricultor, a internet n?o é apenas para entretenimento ou trabalho, ela também é fundamental para a seguran?a, saúde e educa??o da popula??o, aponta Aziz Galv?o, professor na Universidade Federal de Vi?osa (UFV).
O uso de internet no campo é importante, inclusive, para a sustentabilidade. Aplicativos orientam o produtor sobre a dose certa de agrotóxicos, evitando desperdícios e reduzindo a polui??o.
Mesmo onde a internet chega, a qualidade ainda é um problema. Apenas 52% dos domicílios rurais possuem conex?o 4G e 5G.
Para mudar este cenário, o projeto Semear Digital está tentando levar conectividade a algumas cidades rurais do Brasil.
“Pertencimento”, “inclus?o social”, “revolucionário”: esses s?o alguns dos termos usados por moradores da cidade de Caconde, no interior de S?o Paulo, após terem acesso à internet — o que só aconteceu em 2021.
O g1 foi até o município para ver como a chegada da tecnologia transformou a rotina de quem vive e trabalha no campo.
?? Esta reportagem faz parte do quarto episódio da série "PF: Prato do Futuro", onde o g1 mostra solu??es para desafios da produ??o de alimentos no Brasil.
Para o agricultor, a internet n?o é apenas para entretenimento ou trabalho, ela também é fundamental para a seguran?a, a saúde e para o seu aprimoramento, aponta Aziz Galv?o, professor na Universidade Federal de Vi?osa (UFV).
O uso de internet no campo é importante, inclusive, para a sustentabilidade. Existem aplicativos que orientam o produtor sobre a dose certa de agrotóxicos, evitando desperdícios e reduzindo a polui??o.
A falta de conectividade n?o foi (nem é) exclusiva de Caconde. Em 2024, 15% dos domicílios rurais brasileiros ainda n?o tinham acesso à internet, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
??Internet no campo cresce, mas qualidade da conex?o é baixa
Mesmo onde a internet chega, a qualidade ainda é um problema. Apenas 52% dos domicílios rurais possuem conex?o 4G e 5G. Nas lavouras, a cobertura é ainda menor: só 34% têm esse tipo de conex?o, aponta o levantamento da Associa??o ConectarAGRO em parceria com a Universidade Federal de Vi?osa (UFV).
Para mudar este cenário, o projeto Semear Digital, encabe?ado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), busca levar conectividade a algumas cidades rurais do Brasil. Desde 2020, 10 cidades já foram beneficiadas por ele.
Como levar internet para o campo
Levar internet para comunidades rurais amplia a comunica??o delas com o mundo, afirma Luciana Romani, coordenadora de parcerias do Semear Digital.
Um exemplo disso é o aumento de vendas pela internet entre os produtores que passam a usar redes sociais. Para eles, há ainda outras novidades que, para quem é da zona urbana, s?o corriqueiras, como usar aplicativos de banco.
“O pessoal n?o consegue mensurar o quanto isso faz falta. Até uma previs?o do tempo: a gente n?o conseguia ver em que dia eu poderia fazer uma aduba??o”, afirma Ademar Pereira, que também é presidente do Sindicato Rural de Caconde.
Caconde, no interior de S?o Paulo, foi a cidade piloto do Semear Digital.
O projeto é desenvolvido pela Embrapa, em parceria o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunica??es (CPQD), a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de S?o Paulo (Esalq/USP), o Instituto Agron?mico (IAC), o Instituto de Economia Agrícola (IEA), o Instituto Nacional de Telecomunica??es (Inatel) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Para escolher qual município vai ser beneficiado, a equipe analisa mais de 34 indicadores, como o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o número de propriedades, o nível de conectividade, entre outros.
Cada cidade possui uma raz?o diferente para n?o ter internet, por exemplo, por ser área de floresta ou de relevo difícil.
No caso de Caconde, a cidade é rodeada de montanhas, com a altitude variando entre 800 e 1.300 metros.
Por isso, cada local exige uma solu??o diferente. Em Caconde, a internet chegou via rádio, com antenas repetidoras.
Mais da metade das quase 2.500 pequenas propriedades do município já tem internet.
No caso da ilha do Marajó, no Pará, foi necessário levar a conectividade usando satélites, por causa da floresta.
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Tem que ter tecnologia
Além de decidir qual será o meio ideal para levar internet, a Embrapa busca saber as necessidades do agro, para fazer sugest?es de tecnologias que ser?o mais uteis para a cidade.
No caso de Caconde, a decis?o foi apoiar o cultivo de café e as cria??es de tilápia e de gado leiteiro.
Para disseminar o uso de tecnologia, s?o escolhidas algumas propriedades para servirem de exemplo para os vizinhos.
Nesses locais, a Embrapa oferece treinamentos para mostrar como usar as inova??es e quais s?o os benefícios de aderir a elas.
“Sempre tem aqueles que s?o incrédulos, acham que isso n?o funciona. Mas, se você mostra, demonstra com números e ele come?a a sentir isso no convívio, ele acaba vindo também”, afirma a coordenadora do projeto.
Drones na lavoura
Uma das tecnologias levadas pela Embrapa a Caconde foi o drone de pulveriza??o. Ele aplica defensivos agrícolas (agrotóxicos ou biológicos) e fertilizantes.
Em Caconde, o drone foi essencial por causa do relevo. A cidade tem montanhas com cerca de 45 graus de inclina??o. Isso tornava o trabalho manual difícil, considerando também que os equipamentos s?o pesados. Além disso, o declive impede a entrada de maquinários.
Somado ao drone, o Semear Digital ajudou a instalar uma fábrica de defensivos biológicos no Sindicato Rural de Caconde. Isso permitiu aos produtores de café trocar os agrotóxicos por alternativas mais sustentáveis.
“A gente n?o tem mais a jornada exaustiva do trabalhador, n?o tem mais essa exposi??o química do trabalhador junto a esses produtos toxicológicos. Tem a quest?o da preserva??o ambiental, de n?o contaminar as águas”, diz Pereira, presidente do sindicato.
Porém, essa tecnologia é cara: cada kit com três baterias, uma esta??o de recarga e o drone custou R$ 135 mil para o sindicato. Em Caconde, os produtores se revezam no uso do equipamento.
Mas, segundo Pereira, valeu a pena. Com o drone, ficou mais fácil controlar pragas no tempo certo, o que melhorou a produ??o e a qualidade do café.
Os drones também podem ser usados de outras formas na agricultura e na pecuária.
Na Embrapa Agricultura Digital, em Campinas, pesquisadores desenvolvem um drone que usa camera e inteligência artificial para contar o rebanho.
O líder do estudo, Jayme Barbedo, explica que pecuaristas com propriedades grandes têm dificuldades em controlar o rebanho.
“Os animais s?o roubados, s?o perdidos, morrem e eles nem ficam sabendo”, exemplifica o pesquisador.
Essa contagem conseguiu ser melhorada com uma solu??o simples: a camera do drone fica em um angulo inclinado, ou seja, diferente de quando está apenas virada para baixo. Assim, o drone consegue ver uma área maior e contar mais animais de uma vez.
O estudo está na segunda e última fase de desenvolvimento. A ideia é que o drone também identifique o estado de saúde dos animais e suas medidas corporais. Isso ajudaria a definir o melhor momento para o abate, diz Barbedo.
Técnica na palma da m?o
O Semear Digital também apresenta aplicativos de precis?o desenvolvidos pela Embrapa para os agricultores e criadores de animais. Eles s?o gratuitos e funcionam em celulares Android.
Na cria??o de peixes, o aplicativo se chama “Aquicultura Certa”. Já para a pecuária leiteira, é o “Roda da Reprodu??o”.
Apesar de diferentes, os dois funcionam de forma parecida: os criadores inserem informa??es básicas sobre os animais e o sistema oferece orienta??es.
Por exemplo, o produtor informa quanto os animais comem, peso e dados mais específicos, como o pH da água, no caso dos peixes, e o período de lacta??o, para as vacas.
A partir dessas informa??es, o sistema informa se os parametros s?o os ideais e, caso n?o sejam, diz como eles devem proceder.
“A gente n?o tem um técnico aqui na piscicultura diariamente. Ent?o, o aplicativo nos auxilia demais. [Com a internet], no meio da água, eu consigo ter informa??es”, afirma Tiago Oliveira, criador de tilápias.
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Conectividade e seguran?a
A internet também é fundamental para a seguran?a no campo. Na piscicultura do Tiago, por exemplo, aconteciam roubos constantemente. As perdas chegavam a R$ 20 mil por gaiola com tilápias perdida.
Depois da chegada da internet, ele instalou um monitoramento por cameras, acompanhadas por uma central. Quando algo suspeito é identificado, a polícia é acionada.
Desde 2022, quando ele comprou o equipamento, os roubos n?o aconteceram mais.
A conectividade também é uma arma no combate aos incêndios no campo. “é uma verdadeira catástrofe quando você n?o tem a conectividade: você demora para saber onde tem o fogo, você n?o sabe o que você vai fazer”, diz Galv?o, da UFV.
Isso porque é por meio do celular que os grupos de combate s?o mobilizados e coordenam a a??o.
Mais tecnologia
A tecnologia tem se tornado cada vez mais presente no campo: em 2024, o número de startups que oferecem solu??es tecnológicas inovadoras para o setor, conhecidas como agtechs, cresceu mais de 75% na compara??o com 2019, aponta a pesquisa Radar Agtech Brasil 2024, elaborada pela Embrapa, Homo Ludens e SP Ventures.
O estudo divide essas empresas em três grupos:
Antes da fazenda: oferecem tecnologias para processos anteriores à produ??o, como compra de insumos e máquinas. Essa categoria responde por 18,6% das startups mapeadas.Dentro da fazenda: agtechs que trabalham com solu??es dentro da propriedade, como monitoramento do uso da água e controle de insumos. O grupo é o maior entre o setor, representando 41,5% do total. Depois da fazenda: categoria mais voltada para processos como logística, distribui??o e comercializa??o. é o segundo tópico mais visado pelas startups, sendo 39,9% das agtechs.
A expans?o acontece também com o Semear Digital. O próximo passo do projeto é levar a estratégia para a Argentina, o Chile, o Paraguai e o Uruguai, com a implementa??o de 1 Dat por país a partir de 2026.
A iniciativa é financiada pelo Programa Cooperativo para o Desenvolvimento da Tecnologia Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (Procrisur), formado por institutos de pesquisa dos 4 países e do Brasil e o Instituto Interamericano de Coopera??o para a Agricultura (IICA).
No Brasil, o projeto está em fase de discuss?o com órg?os brasileiros para chegar a mais estados, principalmente no Nordeste.
O Semear Digital é financiado pela Funda??o de Amparo à Pesquisa do Estado de S?o Paulo (Fapesp) desde 2023. A Fapesp forneceu R$ 26,7 milh?es à Embrapa, para serem usados até 2027.
Antes disso, a aplica??o do projeto em Caconde foi feita com recursos do Ministério da Agricultura.
Além dos projetos como o Semear Digital, o Governo Federal tem o programa Rural + Conectado, com o objetivo ampliar o acesso à internet em povoados e cidades de baixa densidade demográfica.
A última novidade do programa aconteceu em 2023, quando foi anunciada uma linha de crédito de R$ 1,2 bilh?o para amplia??o do acesso, aumento da velocidade e qualidade dos servi?os de internet. O foco era em 2.315 pontos no Norte e no Nordeste do país.
O g1 procurou o Ministério da Agricultura para saber os resultados do programa, mas n?o obteve resposta até a publica??o desta reportagem.
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1 de 1 Caconde passou a ter acesso a internet após participa??o no projeto Semear Digital — Foto: Fábio Tito / g1
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