Rei do lixo' em Portugal enriqueceu com coleta em Lisboa e construiu castelo
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 22h39)Lixo, essa palavra que acarreta todos os maus sentidos. Se o sentido for literal, repugna, diz-nos o
Rei do lixo' em Portugal enriqueceu com coleta em Lisboa e construiu castelo
Lixo,resultado da mega-sena de sábado os números essa palavra que acarreta todos os maus sentidos. Se o sentido for literal, repugna, diz-nos o dicionário. Se for figurado, é ralé. E nem como verbo significa sentimento bom.O lixo pode também ser controverso quando chamado à discuss?o sobre uma cidade: a gest?o da coleta em Lisboa sempre deu azo a polêmica. Mas há um homem para quem significou riqueza e a quem valeu o nome escrito na história: Manuel Martins Gomes Júnior, conhecido pela comunidade que o viu crescer como "o rei do lixo".Quem passa numa das retas da estrada Nacional 10, na freguesia de Coina, na cidade de Barreiro, vê-a ali, pousada sobre um terreno baldio, de sobreiros largados ao acaso: uma torre, com ar de castelo de outros tempos, altiva, vazia de gente e de janelas. Foi uma paisagem elogiada em tempos, mas, vendo agora, a Torre de Coina (ou Torre do Inferno, como também ficou conhecida) n?o faz adivinhar que foi palco de uma das histórias mais enigmáticas partilhadas entre Lisboa e a margem vizinha. E casa deste homem, Manuel Martins Gomes Júnior.
Torre de Coina, ou Torre do Inferno, localizada na cidade portuguesa de Barreiro - Miguel/Adobe Stock O aspecto faz adivinhar anos de degrada??o, e a presidente da Uni?o de Freguesias de Palhais e Coina, Naciolinda Silvestre, avan?a um número: este edifício encontra-se "ao abandono há cerca de 40 anos".Sobre a sua origem já cá andam poucos para contar. Os que "tinham bastante conhecimento do assunto e apre?o" já n?o podem explicar como se tornou esta torre o castelo de Manuel Júnior.Mas um estudo realizado pelo pesquisador Vitor Manuel Adri?o, da Universidade de Lisboa em História e Filosofia, imortaliza esta história, que terá tido início ali "nas primeiras décadas do século 20". E tudo terá come?ado com a compra de um moinho de água. Guerra na Ucrania O boletim para você entender o que acontece na guerra entre Rússia e Ucrania Carregando... Nascido em Santo Ant?nio da Charneca, em 1860, "de uma família humilde", Manuel Júnior teria crescido com a ambi??o de inverter a sua condi??o socioecon?mica. N?o bastava conquistar uma vida mais estável. Prometeu a si mesmo "tornar-se rico", conta o pesquisador."Como mar?ano" em Lisboa, ocupou o seu tempo e guardou todo o dinheiro para, mais tarde, investir. Chamaram-lhe visionário, porque decidiu com esse dinheiro comprar um moinho de água. Um moinho entretanto destruído por um incêndio de cuja responsabilidade foi acusado pelo povo da terra. Tudo porque o contrato com a seguradora lhe terá permitido, após a destrui??o, amealhar elevada indeniza??o.Qual a relevancia deste capítulo da sua vida? é que foi precisamente com esta quantia que ele adquiriu "uma pequena propriedade e se entregou à especula??o agrícola, emprestando dinheiro, sob pesados juros, aos proprietários vizinhos de Coina para cultivarem os seus terrenos", lê-se no documento do pesquisador Vitor Manuel Adri?o. A mesma propriedade onde, depois de uma "época em que as colheitas foram más", obrigando os agricultores a endividar-se, Manuel teria acabado por unir parcelas (dos devedores) e formado a sua quinta de 300 hectares. A quinta onde nasceria a Torre de Coina.Num ápice, saltou de uma vida modesta para a de um grande proprietário. Escolheu a suinicultura e se tornou um rico exportador de carnes. Do outro lado da margem, encontrou um segundo negócio e com potencial para o ajudar no primeiro: ele "atingiu o auge ao assegurar o controle da coleta dos lixos em Lisboa", ent?o composto apenas por matéria organica, que servia de alimento para os porcos que criava.O transporte foi garantido por meio das suas cinco fragatas que percorriam o Tejo de uma ponta para a outra. Cada uma batizada com um nome, num exercício de ironia: Mafarrico, Lúcifer, Belzebu, Dem?nio e Satanás. Na verdade, conta o pesquisador Vitor Manuel Adri?o, foi "uma provoca??o desaforada ao regime eclesiástico secular que a recente Revolu??o de 5 de Outubro depusera". Foi, aliás, assim que ficou com fama de antiteísta obstinado.Fama já ele a tinha —acabou chamado de "rei do lixo"—, mas faltava tirar um verdadeiro usufruto dela. Por isso, construiu o tal edifício que ainda hoje chama a aten??o na paisagem: à medida das suas posses e ambi??es, nasce a Torre de Coina, também conhecida como Torre do Inferno. Ali teria permanecido vários anos, até a data da sua morte, em 1943, com 83 anos. Morreu sob "circunstancias estranhas cujas causas nunca foram apuradas", diz o pesquisador.
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