O cérebro só está completamente formado por volta dos 25 anos, explica pedagoga Maya Eigenmann
Tecnologia garante evolu??o da medicina, mas exp?e desigualdades no atendimento Hospitais Valor Econ?mico.txt
Retrato fiel do ??odamedicinamasexp?edesigualdadesnoatendimentoHospitaisValorEcon?t slot aluminium profilequadro brasileiro de desigualdades, a presta??o dos servi?os de saúde no país é feita por hospitais de excelência nos grandes centros, que est?o entre os melhores do Hemisfério Sul, ou em postos de atendimento com enormes carências de médicos e equipamentos no interior das regi?es menos desenvolvidas. Se n?o é uma situa??o nova, trata-se agora de uma realidade ainda mais desafiadora pelas tendências que vêm ganhando for?a nos últimos anos. Por um lado, novos medicamentos e diagnósticos cada vez mais precisos, apoiados por exames de imagem, est?o aumentando a expectativa de vida mundial. Por outro, esse envelhecimento da popula??o eleva a incidência de doen?as cr?nicas e o número de consultas e interna??es, superlotando os hospitais e inflando os pre?os dos planos de saúde. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({ mode: 'organic-thumbs-feed-01-stream', container: 'taboola-mid-article-saiba-mais', placement: 'Mid Article Saiba Mais', target_type: 'mix' }); Embora muito bem-vinda, a evolu??o tecnológica sempre foi um fator de encarecimento dos custos hospitalares, até por estimular a realiza??o de exames nem sempre necessários, nota o radiologista Giovanni Guido Cerri, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de S?o Paulo (USP). “Hoje, a tecnologia também está viabilizando procedimentos médicos a distancia, o que resulta em grande economia de tempo e dinheiro, além da dissemina??o da boa medicina. Quando o país tiver acesso total à internet móvel 5G será possível realizar cirurgias complexas com a participa??o de um médico especialista em S?o Paulo, orientando um colega no interior da Amaz?nia”, afirma Cerri, também presidente do InovaHC, o bra?o de inova??o do Hospital das Clínicas de S?o Paulo. A institui??o realiza por ano mais de 50 mil cirurgias e 230 mil atendimentos de urgência. Leia mais: Recupera??o em casa reduz custos e libera leitosCentros de excelência refor?am estruturas de pesquisa e inova??o Tecnologia facilita discuss?o de casos difíceis"Internet das coisas médicas" atrai os cibercriminosos A corrida tecnológica no setor de saúde está mesmo em ritmo acelerado, aponta estudo da Strategy&, consultoria estratégica da PwC, que acaba de ser divulgado. De acordo com o documento, até o fim desta década o atendimento digital será t?o corriqueiro quanto as compras online de hoje. Médicos conduzir?o ensaios clínicos com pacientes remotos, e a inteligência artificial permitirá tratamentos hiperpersonalizados. “O hospital do futuro será uma rede de ativos de entrega física e virtual conectada por um único sistema e recursos digitais, que permitirá o atendimento em comunidades, em casa ou em empresas, de acordo com a necessidade dos médicos e a preferência dos pacientes”, prevê Bruno Porto, sócio da consultoria. Enquanto o sistema 5G n?o chega a todos os rinc?es do país para viabilizar esse futuro, o país segue avan?ando na implanta??o da telemedicina - que requer uma tecnologia mais simples - desde que se viu obrigado a isso na pandemia de covid-19, encerrando um interminável debate sobre a validade das consultas remotas. Gra?as à telemedicina, um projeto do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), iniciado em 2018, conectou 200 ambulatórios da regi?o Norte a médicos de sete especialidades do Hospital Israelista Albert Einstein, de S?o Paulo, um dos mais avan?ados do Brasil. “Só no ano passado foram feitos 60 mil atendimentos”, informa o presidente do Einstein, Sidney Klajner. Em 2023, esse projeto vitorioso está sendo expandido para cem ambulatórios do Centro-Oeste. Pioneiro em várias iniciativas tecnológicas, o Einstein acaba de incorporar o bra?o robótico Hugo, a última palavra entre equipamentos que realizam incis?es e dissec??es cirúrgicas de forma mais precisa - e menos invasiva - do que s?o capazes m?os humanas. “Rob?s comandando cirurgias n?o s?o novidade no Brasil há 15 anos, mas esta é a primeira vez que um procedimento p?de ser transmitido em 3D num tel?o para toda a equipe”, diz Klajner. Comandado pelo urologista Ariê Carneiro, o Hugo removeu com sucesso a próstata de um paciente no dia 9 de maio. Na outra ponta do sistema de saúde brasileiro, porém, ainda há bem menos espa?o para a tecnologia e muito mais para o desafio cotidiano de encontrar meios de atender tanta gente que depende da assistência médica universal e gratuita garantida pela Constitui??o de 1988. Juntos, os 4,4 mil hospitais privados e os 2,6 mil filantrópicos do Brasil oferecem cerca de 458 mil leitos à popula??o - o que representa uma disponibilidade de 2,1 leitos por mil habitantes, índice bem inferior à propor??o de 3,2 por mil indicado pela Organiza??o Mundial da Saúde (OMS). Apesar de suas deficiências, o Sistema único de Saúde (SUS) brasileiro segue sendo uma referência de política assistencial para o mundo todo, até porque nenhum outro país com mais de 100 milh?es de habitantes encara o desafio de dar atendimento médico de gra?a a quem entrar na fila de seus ambulatórios e hospitais públicos ou credenciados. Com um compromisso t?o ambicioso, o SUS absorve a maior parte do or?amento federal destinado à Saúde - que este ano é de R$ 188,3 bilh?es, o maior de todos os ministérios -, o que n?o quer dizer que se trata de uma verba suficiente para tantas necessidades. Há anos que o SUS n?o consegue, por exemplo, remunerar devidamente os procedimentos feitos pelas Santas Casas e demais hospitais filantrópicos, que cumprem um papel fundamental no atendimento aos 75% de brasileiros que n?o possuem plano de medicina privado - em cerca de 900 municípios esses hospitais de caridade s?o a única op??o de atendimento médico. Segundo estudo do Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgado em novembro de 2022, pelo menos 84% dos procedimentos realizados pela rede filantrópica para o SUS n?o tiveram nenhum reajuste nos últimos dez anos. A Confedera??o das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) têm uma conta mais detalhada desse desequilíbrio: desde o início do Plano Real, em 1994, a tabela do SUS sofreu um reajuste médio de apenas 93,77%, enquanto o índice Nacional de Pre?os ao Consumidor (INPC) subiu 636,07%, o salário mínimo foi corrigido em 1.597,79% e o gás de cozinha aumentou 2.415,94%. “Os reembolsos do SUS cobrem apenas 60% dos nossos custos, o que nos obriga a recorrer a doa??es, empréstimos bancários e emendas de parlamentares para fechar o caixa. Pagamos cerca de R$ 100 milh?es de juros por mês por empréstimos bancários que somam mais de R$ 10 bilh?es. Recentemente, o governo federal repassou R$ 2 bilh?es às nossas entidades, o que aliviou um pouco a situa??o, mas está longe de resolver o nosso déficit”, reclama Mirocles Véras, presidente da CMB. Edson Rogatti, que presidiu a CMB entre 2014 e 2020 e hoje comanda a Federa??o das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de S?o Paulo (Fehosp), conta que o principal papel dos dirigentes de institui??es filantrópicas é justamente encontrar o caminho do dinheiro para mantê-las funcionando. “é preciso frequentar os sal?es de Brasília e se aproximar de deputados, senadores e servidores do governo, de todos os escal?es, para conseguir verbas e renegociar dívidas. Enquanto n?o tivermos um projeto de lei que garanta uma remunera??o justa para os nossos hospitais, de uma vez por todas, essa é a nossa miss?o”, afirma Rogatti. O dirigente da Fehosp conhece bem essa dinamica, porque foi convencendo congressistas a destinar parte de suas verbas para a Santa Casa de Palmital (SP), da qual era provedor, que chamou a aten??o de seus colegas e acabou convidado a assumir uma diretoria da federa??o, duas décadas atrás. “Os deputados percebiam o meu esfor?o e passavam a me dar mais aten??o. O pouco que eles reservavam para o hospital da minha cidade, de pouco mais de 20 mil habitantes, era o bastante”, conta.