'Le?o 14 é o papa da Amaz?nia', define embaixador brasileiro que quer convidar pontífice para COP no Brasil
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13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 21h57)Embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Everton Vieira Vargas diz que avalia convidar o novo papa, Le
'Le?o 14 é o papa da Amaz?nia', define embaixador brasileiro que quer convidar pontífice para COP no Brasil
Embaixador do ?oéopapadaAmaz?niadefineembaixadorbrasileiroquequerconvidarpontíthe pinnacle at great hillsBrasil junto à Santa Sé, Everton Vieira Vargas diz que avalia convidar o novo papa, Le?o 14, para participar a COP30.
Vargas é embaixador do Brasil junto à Santa Sé desde 2023. "Vejamos se ele poderá aceitar", pondera.
Embaixador ressaltou a expectativa de que Le?o 14 represente uma continuidade das preocupa??es trazidas por seu antecessor, papa Francisco (1936-2025).
Vargas valorizou o caráter amaz?nico da trajetória do norte-americano Robert Francis Prevost, que viveu boa parte da vida no Peru, onde atuou como missionário nos anos 1990.
O embaixador brasileiro deve se reunir com o novo papa na próxima sexta-feira (16), em encontro previsto com os corpos diplomáticos que atuam na Santa Sé.
1 de 1 O Papa Le?o XIV aperta a m?o de uma pessoa, no dia de uma audiência com representantes da mídia no sal?o Paulo VI, no Vaticano, em 12 de maio de 2025. — Foto: REUTERS/Eloisa Lopez
No tabuleiro de xadrez da geopolítica mundial, transi??es de governo sempre s?o acompanhadas com aten??o pelos titulares das embaixadas. Experiente, o diplomata brasileiro Everton Vieira Vargas diz que avalia convidar o novo papa, Le?o 14, para participar da Conferência das Na??es Unidas sobre as Mudan?as Climáticas de 2025, que ocorrerá em Belém no mês de novembro.
Vargas é embaixador do Brasil junto à Santa Sé desde 2023. Em entrevista à BBC News Brasil, ele diz que está na mesa a ideia de formalizar o convite. "Vejamos se ele poderá aceitar", pondera.
"A presen?a dele seria importante, pois n?o só o papa Francisco al?ou a mudan?a do clima ao topo da agenda da Igreja, mas também porque o Peru [onde Le?o 14 atuou] é o maior país da Amaz?nia após o Brasil. A preserva??o da regi?o amaz?nica é muito importante nos esfor?os globais para mitigar a mudan?a do clima", frisa Vargas.
Em conversa de mais de uma hora com a reportagem na última segunda (12), o embaixador ressaltou a expectativa de que Le?o 14 represente uma continuidade das preocupa??es trazidas por seu antecessor, papa Francisco (1936-2025), e valorizou o caráter amaz?nico da trajetória do norte-americano Robert Francis Prevost.
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"Acho que, a partir da carreira dele, é mais um bispo sulamericano e amaz?nico. Este é um ponto importante. Ele atuou em outra realidade e acho que isso é extremamente importante que tenhamos em mente, sobretudo essa dimens?o amaz?nica dele que até agora eu praticamente n?o vi [ninguém trazendo ao debate]", comenta Vargas.
Embora seja nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Prevost viveu boa parte da vida no Peru. Ele atuou lá como missionário nos anos 1990 e, de 2014 a 2023 ele foi bispo da diocese de Chiclayo, na regi?o norte do país vizinho ao Brasil.
Um dos oito países amaz?nicos, o Peru detém a segunda maior área da floresta, atrás apenas do Brasil, com mais de 70 milh?es de hectares que ocupam quase 60% de seu território. "Chiclayo fica exatamente no comecinho da Amaz?nia peruana", frisa Vargas. O extremo leste da regi?o abrangida pela diocese é limítrofe à transi??o para a área considerada de selva.
"Claro que ele deve ter opini?es sobre a Amaz?nia e sobre quest?es como a mudan?a do clima, sobre a quest?o ambiental, etc. Acho que vamos ter muito diálogo para fazer com ele, se a agenda permitir", vislumbra o embaixador.
Na próxima sexta-feira (16), o embaixador brasileiro deve se reunir com o novo papa, em encontro previsto com os corpos diplomáticos que atuam na Santa Sé. Considerado o "primeiro cardeal da Amaz?nia", o cardeal arcebispo de Manaus, Leonardo Ulrich Steiner, também fez convite semelhante ao seu colega recém-eleito para comandar a Igreja Católica.
O vice-presidente Geraldo Alckmin deve representar o governo brasileiro na missa de inaugura??o do papado de Le?o 14, cerim?nia chamada de entroniza??o. Ele também pretende fazer o convite para que o papa fa?a uma visita oficial ao país, que tem o maior contingente de católicos do planeta e foi o endere?o da primeira viagem apostólica do papa Francisco, em 2013.
Trump
Sobre a transi??o entre os pontificados, Vargas avalia que o norte-americano Prevost já era por ele visto como "um homem que tem todas as qualidades e experiências esperadas de um papa nos dias de hoje".
"Traz uma experiência administrativa significativa, uma experiência pastoral […] e é um homem que estudou muito, já que os agostinianos [ordem religiosa à qual ele pertence] est?o entre os mais preparados da Igreja Católica", afirma o embaixador. "E como superior geral de sua ordem [cargo que ele ocupou por dois mandatos, de 2001 a 2013] ele viajou o mundo todo."
"Claro que ele é discreto. N?o é uma pessoa que andava circulando aqui no Vaticano, fazendo visita, visitando todo mundo", comenta. "Eu o conhecia apenas de vista."
Diante do fato de que muitos analistas esperam do papa uma posi??o incisiva a respeito de alguns temas da política de seu país natal, governado pelo republicano Donald Trump, o embaixador diz que "n?o seria prudente" e "n?o seria honesto" comentar no momento, "ficar elaborando aqui sobre um tema onde o meu conhecimento é muito superficial".
Mas ele recordou que, recentemente, o religioso "escreveu tuítes na internet criticando posi??es, coisas pontuais, […] em rela??o à quest?o das deporta??es" — na rede social X, antigo Twitter, o ent?o cardeal Prevost compartilhou algumas vezes conteúdos contrários à política migratória do governo Trump.
"N?o conhe?o qual é o pensamento dele especificamente em rela??o à política americana, de modo particular à política americana atual", acrescenta Vargas.
Igreja e Brasil
Segundo o embaixador, o peso global que o Brasil tem no ambito do catolicismo torna as rela??es diplomáticas com a Santa Sé mais estreitas. "E, nos últimos anos se intensificaram muito porque havia uma rela??o muito próxima entre o papa Francisco e o presidente Lula", recorda.
"Isso se intensificou com a condena??o, felizmente revertida, do presidente Lula. Na pris?o [onde ele ficou por 580 dias a partir de abril de 2018], o papa Francisco escreveu cartas de conforto ao presidente. E quando ele foi libertado, a primeira viagem internacional que fez foi ao Vaticano, e foi recebido pelo papa, tiveram uma conversa animada", relata o embaixador.
Vargas também lembrou que ao longo do terceiro mandato presidencial, Lula esteve com Francisco em 2023 e 2024. E, no ano passado, o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal italiano Pietro Parolin, visitou o Brasil duas vezes.
"Todos os assuntos s?o de interesse à Santa Sé", comenta. "N?o há assunto relevante na política internacional que n?o atraia a aten??o do Vaticano." Vargas destacou o discurso de apresenta??o de Le?o 14, ocorrido na última quinta, no qual ele pediu paz no mundo. O embaixador lembrou ainda que temas como direitos humanos, combate à fome e à pobreza, a quest?o da justi?a social e, mais recentemente, "a mudan?a do clima", também est?o sempre no radar da Igreja.
Questionado se a alta cúpula do Vaticano o procura para tratar de temas considerados "espinhosos" dentro da moral crist?, como debates atuais sobre flexibilizar a legisla??o do aborto no Brasil ou mesmo discuss?es acerca de direitos LGBTQIA+, ele tergiversa. "N?o, n?o… A Igreja tem o melhor servi?o de informa??es. N?o há país que tenha um servi?o de informa??es assim", diz. "Claro que é uma imagem um pouco caricata, mas você tem um padre em cada esquina. Esse cara sabe de tudo. N?o precisa da embaixada [para saber]: basta perguntar ao padre da paróquia. E ao lado do padre você tem uma conferência nacional de bispos [a CNBB], e você sabe que o Brasil é o país que tem o maior episcopado do mundo."
Vargas lembra que "todos os anos a CNBB" visita o Vaticano "para discutir temas de interesse da Igreja". "E lógico que essas visitas sempre incluem uma conversa com o Santo Padre", comenta.
"Eles podem pedir uma opini?o [para mim], o que nunca aconteceu nesses dois anos em que estou aqui. Nunca aconteceu de chegarem aqui, 'ah, embaixador, como está a quest?o do aborto, como está a quest?o das uni?es homoafetivas'", garante. "Sempre me procuraram por outros assuntos, sobre a quest?o do combate à pobreza, sobre a quest?o do clima, a quest?o indígena: s?o temas que interessam à Igreja."
Ele afirma que também existe um interesse genuíno por parte do governo brasileiro acerca dos posicionamentos da Igreja. "Porque o Vaticano é um observador permanente nas Na??es Unidas, está em praticamente todos os grandes organismos internacionais", explica. "Há, sim, interesse em conhecer a posi??o do Vaticano. O Vaticano tem o melhor servi?o de informa??es do mundo e resta saber como essas informa??es s?o processadas, já que s?o informa??es múltiplas e diversas, que vêm de diferentes locais, têm diferentes pontos de vista."
Ocupante do posto desde 2023, Everton Vargas tem 70 anos e é gaúcho de Santo ?ngelo. Antes, ele foi embaixador do Brasil em Berlim e em Buenos Aires. De 2016 a 2019 o embaixador atuou em Bruxelas como o representante brasileiro junto à Uni?o Europeia.
Histórico
As rela??es diplomáticas entre a Santa Sé e o Brasil s?o anteriores à própria cria??o do Vaticano — Estado instituído em 1929 pelo Tratado de Latr?o. Pouco após a independência (1822), o Império do Brasil enviou o religioso Francisco Corrêa Vidigal para Roma, a fim de que ele pleiteasse o reconhecimento da nova na??o junto à Igreja.
Na época, pelo regime do padroado, o funcionalismo católico do Brasil era ent?o subordinado à Coroa Portuguesa. Era de interesse de Pedro 1o (1797-1834) transferir esse controle para si.
Vidigal foi bem-sucedido e, a partir de 1826, os dois poderes passaram a manter rela??es diplomáticas oficiais. "Depois de Fran?a, Espanha e Portugal, o Brasil é o quarto país com mais tempo de rela??es ininterruptas com a Santa Sé", frisa o embaixador Vargas. "O primeiro dentre os de fora da Europa."
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