Desculpa, senhor': c\u00e2mera capta frase interrompida por tiros da PM; Promotoria arquiva o caso
rnkacyh
13 Sep 2025(atualizado 13/09/2025 às 12h53)Uma camera corporal, presa ao uniforme de um policial militar, captou o momento em que a frase "Desc
Desculpa, senhor': c\u00e2mera capta frase interrompida por tiros da PM; Promotoria arquiva o caso
Uma camera corporal, presa ao uniforme de um policial militar, captou o momento em que a frase "Desculpa, senhor" foi interrompida por dois tiros de fuzil na manh? de 14 de fevereiro de 2024, em Santos, no litoral paulista.Os disparos acertaram Emerson Rogério Telascrea, 33, que se tornou o 29o morto pela PM na Baixada Santista durante a Opera??o Ver?o, a a??o oficial mais violenta da corpora??o desde o Massacre do Carandiru, em 1992.Na grava??o, enquanto se ouve o pedido de desculpas e os dois tiros, a imagem está bloqueada. Emerson já estava ferido, pois tinha acabado de ser atingido por um disparo à distancia, também de fuzil. A vers?o contada no boletim de ocorrência é de que ele apontava uma pistola em dire??o a policiais na primeira, na segunda e na terceira vez em que foi alvejado. Há 36 arquivos de vídeo do caso, gravados pelas cameras corporais, mas nenhum que mostre Emerson armado. Além disso, n?o há nenhuma imagem da pistola calibre .765 que, segundo os policiais, estaria com ele.
Camera corporal mostra momento em que um soldado da PM coloca luva, logo antes mexer no corpo e supostamente encontrar a arma de um homem morto pela PM na Opera??o Ver?o, em Santos, no litoral paulista - Reprodu??o Promotores do Ministério Público estadual arquivaram o caso em fevereiro deste ano, por entender que n?o havia provas contra a vers?o dos policiais e que "o uso de fuzis de alta potência foi a resposta necessária diante da gravidade da agress?o". O arquivo foi o destino da grande maioria dos inquéritos da Opera??o Ver?o, que deixou um saldo oficial de 56 mortes.A ocorrência que resultou na morte de Emerson come?ou, segundo os depoimentos dos policiais, após equipes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da PM) serem recebidos com tiros ao se aproximarem de uma favela no bairro Saboó, em Santos. N?o há registro desse momento nas grava??es.Os vídeos come?am a ser gravados a partir das 8h —quando, segundo o depoimento do comandante, eles já estavam na favela havia algumas horas. As imagens mostram quatro policiais militares no primeiro andar de uma casa em constru??o.às 8h06, um soldado está olhando pela janela e afirma que viu três suspeitos passarem próximo ao imóvel onde os PMs est?o escondidos. "Os três olhando para cá", afirma. Pouco depois, diz: "acho que está armado". O sargento Andrews da Silva, que chefia a equipe, assume o lugar do subordinado na janela pouco depois e meia hora se passa, com os quatro PMs mantendo praticamente a mesma posi??o.às 8h40, o sargento move algumas tábuas de madeira que estavam apoiadas na janela e se coloca em posi??o de tiro. Poucos segundos depois, ele dispara o primeiro tiro de fuzil e grita imediatamente para os companheiros descerem. Sargento da Rota mira com o fuzil, cerca de 15 minutos antes de disparar o primeiro tiro que acertou Emerson Rogério Talascrea em Santos, durante a Opera??o Ver?o, em fevereiro de 2024 - Reprodu??o O sargento Bruno de Arruda e o soldado Danilo Anastácio descem as escadas e saem do imóvel com as lentes das cameras corporais bloqueadas. Em 30 segundos, Emerson tinha sido baleado outras duas vezes pelo sargento Arruda. Segundo o relato dos policiais, Emerson teria apontado uma arma em dire??o a outra equipe da PM que se aproximava numa viatura, e isso teria motivado o primeiro tiro, à distancia.As imagens gravadas logo após os disparos n?o mostram nenhum outro policial nos arredores além dos quatro que participaram diretamente da a??o. Outra equipe chega ao local cerca de dois minutos após o primeiro tiro, e após Arruda pedir apoio via rádio.O sargento Bruno disse em depoimento que, após o primeiro tiro, quando se aproximou de Emerson, "percebeu que ele ainda segurava uma arma e tentava se levantar" e, por isso, fez o segundo disparo. "Em seguida, observou que o indivíduo ainda apresentava movimentos e, receando uma nova tentativa de rea??o, realizou outro disparo. Somente ent?o cessaram os movimentos do suspeito."Isso n?o está nas grava??es, pois o sargento e o soldado só destapam as lentes das cameras após o terceiro tiro. é quando Arruda ordena que o soldado Anastácio "desarme" o suspeito. O soldado ent?o veste uma luva de plástico na m?o direita e se agacha, mas faz isso de maneira que o corpo de Emerson n?o aparece na imagem. Cameras corporais da PM foram bloqueadas durante ocorrência com morte, inclusive durante disparo de fuzil e quando soldado se aproxima do corpo e supostamente encontra arma; barrar a lente do equipamento é contra regras da corpora??o - Reprodu??o/Reprodu??o Em nenhum momento os policiais dizem para que o suspeito largue a arma, uma diretriz expressa do manual de treinamento da PM. O que se ouve quando eles se aproximam de Emerson é apenas a frase "Desculpa, senhor", e depois a ordem para o desarme.Nas grava??es das cameras corporais dos dois policiais, há um lapso de mais de um minuto em que n?o há grava??o de som, justamente no momento em que o soldado se agacha próximo ao corpo e faz o suposto desarme. Quando os equipamentos já est?o captando áudio novamente, o soldado diz em alto e bom som: "já desarmei". Minutos depois, as grava??es mostram que os PMs encontram drogas em sacos plásticos ao redor local onde Emerson foi baleado, em cima de uma mesa de concreto e escondida no meio de uma pilha de entulho.Um laudo do IML (Instituto Médico Legal) mostrou que a m?o direita estava próxima à cintura quando um tiro de fuzil abriu um buraco de sete centímetros, deixando a pele dilacerada e uma fratura exposta, no seu antebra?o. A irm? de Emerson, que conversou com a Folha, afirma que ele era destro. E um dos policiais, que viu ele ser morto, foi filmado dizendo que Emerson estaria com a arma na m?o direita.Ou seja, se o tiro que dilacerou seu bra?o direito foi o primeiro a ser disparado, ele dificilmente conseguiria empunhar a arma novamente. Se foi o segundo ou o terceiro, Emerson já estava caído e com bra?o direito embaixo do corpo, encostado no ch?o.
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