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No lugar de garra, polegar com unha pode ter ajudado na evolu??o da maioria dos roedores Biodiversidade Um só Planeta.txt
Um novo estudo,??odamaioriadosroedoresBiodiversidadeUmsójogos de tiro de canhao medieval realizado por pesquisadores da USP e do Field Museum of Natural History, nos Estados Unidos, traz informa??es inéditas sobre a história e a adapta??o de roedores. As descobertas sugerem que a presen?a de uma unha no polegar (D1) desses animais permitiu a sua sobrevivência em todos os continentes ao redor do globo, com exce??o da Antártida. Um artigo com todos os detalhes da pesquisa foi capa da última edi??o da revista Science. Os cientistas examinaram centenas de roedores em cole??es do Field Museum e analisaram em quais deles os polegares apareciam. Além disso, foi criada uma árvore genealógica – representa??o gráfica com semelhan?as e rela??o evolutiva entre as espécies – dos roedores que manuseiam comida com as m?os e daqueles que usam apenas a boca para se alimentar. Continuar lendo Rafaela Missagia, professora do Instituto de Biociências (IB) da USP, pesquisadora associada ao Field Museum of Natural History e primeira autora do trabalho, aponta que a presen?a do polegar foi observada na maior parte das espécies estudadas. Os roedores representam, atualmente, cerca de 40% de todas as espécies de mamíferos conhecidas. “A primeira análise dos pesquisadores concluiu que, entre os gêneros analisados – que correspondem a aproximadamente 90% das espécies descritas-, quase 80% possuem as unhas dos polegares, isso é uma coisa que n?o se sabia antes”, afirmou a pesquisadora em entrevista ao Jornal da USP. Esta é uma particularidade desses animais, destaca Anderson Feijó, curador de mamíferos do Field Museum of Natural History de Chicago, que divide a primeira autoria do trabalho. Segundo ele, já se sabe que os primatas contam com unhas em todos os dedos e os coelhos com garras, mas a condi??o dos roedores é particular. “Isso foi um grande achado, porque mostra que essa característica é única de roedores”, completa. As descobertas sugerem que o polegar foi uma adapta??o que deu aos roedores a capacidade de quebrar sementes e nozes. A dupla funcionalidade das patas dos roedores (uma unha no polegar e garras nos outros dedos) faz com que algumas espécies adquiram maiores habilidades no manuseio de alimentos e se adaptem a diferentes modos de vida. Assine aqui a nossa newsletter Enviando solicita??o de inscri??o...Por favor, aguarde. Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade. Cadastrar meu email Influências A pesquisa dividiu as espécies entre aqueles que possuíam únguis, estrutura queratinizada que pode ser dividida entre garra ou unha, e as que n?o possuíam únguis. A categoriza??o visual se baseou no formato da estrutura que eles têm na ponta do polegar ou na ausência dele. A unha é caracterizada por uma estrutura achatada e larga, enquanto a garra é afiada e curvada. Os alimentos consumidos por esses animais, como sementes, insetos, plantas e frutas s?o manipulados com os dedos. Isso se aplica, sobretudo, para as sementes, que s?o recurso fundamental para a diversifica??o dos roedores. Por apresentarem difícil acesso, o consumo destes alimentos é restrito entre os mamíferos, porém comuns na alimenta??o dos roedores gra?as ao desenvolvimento dos incisivos e da musculatura mastigatória destes animais. Segundo a pesquisa, a presen?a de unhas dos polegares também é um fator importante que possibilita o acesso a esses recursos. O modo de consumo dos alimentos é dividido entre oromanual, quando o animal leva o alimento até a boca usando as patas, e oral, quando o alimento é consumido sem o uso das patas. O estudo identificou que grupos que perderam completamente a únguis ou o polegar est?o associados à alimenta??o oral. Este modo de consumo pode variar entre espécies que se alimentam de pastagem e grama, como as capivaras, e espécies de esquilos das Filipinas que se alimentam da casca de árvores apenas com os dentes. Rafaela destaca que a maioria das espécies com garras s?o animais com adapta??es para cavar e viver debaixo do solo, chamados de fossoriais. “Estes fatores aparecem várias vezes de forma independente, tanto a quest?o de terem garras, os que cavam, quanto n?o terem unhas, os que comem de forma oral, o que mostra que essa rela??o estrutura-fun??o é bem forte”, disse Rafaela Missagia. Estas funcionalidades descritas pelo artigo s?o um achado novo e mostram a importancia dessa característica única dos roedores. Segundo a docente, pesquisas que estudam unhas, em geral, focam nos primatas. Mas aqui, o artigo mostra que esta n?o é uma particularidade deles. “Os roedores também possuem unhas e seus polegares s?o capazes de realizarem uma manipula??o eficiente e bem-feita de alimento”, completa. Os pesquisadores esperam que o trabalho possa impulsionar outras pesquisas sobre os roedores. Investiga??o A pesquisa surgiu em 2023, enquanto Gordon Shepherd, pesquisador sênior do trabalho e professor da Northwestern University, em Chicago, estudava a neurobiologia da alimenta??o em ratos no laboratório. Na época, o pesquisador estudava a importancia do uso das patas na alimenta??o para aquela espécie. Ele concluiu que, gra?as às patas, o animal conseguia acessar os recursos de forma mais eficiente. A partir disso, o pesquisador ficou curioso em rela??o a uma característica pouco abordada pela literatura: a regularidade da presen?a de unhas em espécies de roedores. Segundo Rafaela, existem algumas descri??es de espécies de roedores que discutem sobre os polegares e as unhas, chamando os polegares de vestigiais, rudimentares, e n?o funcionais. A docente aponta que a pesquisa prova o contrário: a relevancia da rela??o funcional é intrínseca. Rafaela e Feijó ficaram responsáveis pelo contexto metodológico de checagem da rela??o entre a presen?a de unha e o tipo de alimenta??o, e ao modo de vida. Já Shepherd desenvolveu um inventário das espécies que possuíam únguis – unhas e garras – e as que n?o possuíam. Segundo Feijó, os pesquisadores conseguiram evidências a partir de registros fósseis, pela morfologia dos ossos que sustentam as unhas, indicando que roedores, há 50 milh?es de anos, possivelmente possuíam unhas. Os métodos filogenéticos comparativos permitiram estimar os estados ancestrais a partir da análise que combinou banco de dados com dados de espécies atuais e a árvore filogenética. Os pesquisadores destacam o papel de cole??es para a pesquisa e outros trabalhos científicos. O curador explica que o estudo utilizou, além do acervo do Field Museum of Natural History e outras cole??es norte-americanas, espécimes do acervo do Museu de Zoologia (MZ) da USP para embasar seu conteúdo. “Museus s?o fontes infinitas de descobertas. Quando esses animais, que usamos no estudo, foram coletados, imaginamos que ninguém pensou que alguém faria um estudo sobre as unhas de roedores. Isso só mostra como as cole??es científicas s?o importantes como fonte de descobertas científicas”, disse Anderson Feijó. Siga o Um só Planeta: